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Ansiedade de pais atrapalha crianças

Vestibular cerca ensino médio

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Cobrança renova ensino público


 


Vestibular cerca
ensino médio


Preparação para provas começa cedo, mas formação precisa ser geral

Rogerio Albuquerque/Folha Imagem
Alunos da 4ª série do ensino fundamental do colégio Porto Seguro durante aula de música

DA REPORTAGEM LOCAL

As mais recentes reformas do ensino fundamental e médio no Brasil trouxeram um desafio às escolas: adequar seus currículos e metodologias às novas demandas da sociedade. Ao mesmo tempo em que tentam fazer isso, elas sofrem também a pressão dos pais, que muitas vezes

Editoria de Arte

vêem essas fases da educação apenas como uma preparação para o ensino superior.

“Há até quem, ao matricular o filho na pré-escola, pergunte que tipo de preparação a escola faz para o vestibular”, afirma Sônia Bittencourt, diretora do colégio Porto Seguro.

A formação prioritariamente voltada para o vestibular é um dos aspectos mais combatidos pelo MEC na reforma do ensino médio. No entanto, essa ainda é uma pressão dos pais.

Com ou sem essa ênfase, o pai não pode deixar de avaliar que tipo de atividade extracurricular a escola faz. Se a orientação para os colégios é não formar o aluno apenas para o vestibular, o pai deve avaliar se, no seu entender, as atividades realizadas fora das aulas das disciplinas tradicionais estão contribuindo para a formação do aluno.

No colégio Pentágono, por exemplo, uma das atividades extracurriculares desenvolvidas são as aulas de direitos do consumidor e a elaboração de um código de ética.

“Fizemos uma campanha no colégio e estamos discutindo com todos os alunos o nosso código de ética. Isso ajuda os jovens a entender melhor o processo de elaboração das leis e faz com que eles se sintam parte atuante desse processo”, diz Eduardo Carvalho, diretor de marketing do Pentágono.

Para a educadora Regina de Assis, ex-membro do Conselho Nacional de Educação, o pai precisa avaliar também de que maneira a escola reconhece as identidades dos seus alunos.

“São Paulo é um microcosmo do Brasil. A escola que sabe trabalhar com a questão das diferenças entre meninas, meninos, negros, nordestinos, judeus, árabes e outros povos é uma escola mais completa”, declara.

Outro item a ser avaliado no ensino fundamental e médio é a presença de laboratórios bem equipados e um bom equipamento tecnológico à disposição do aluno.

“Sugiro que o pai procure saber que tipo de trabalho a escola desenvolve com computadores. Se o que a escola pede ao aluno pode ser feito numa máquina de escrever, significa que a instituição não está explorando o potencial daquela ferramenta”, afirma Fredric Litto, coordenador do Núcleo de Comunicação Aplicada à Educação da Escola do Futuro da USP.

Outra dica de Litto para avaliar se a escola explora o potencial de meios como a Internet é pedir para ver que tipo de orientação é dada ao estudante na hora de pesquisar na rede.

“Muitas escolas soltam o aluno na Internet sem nenhum tipo de orientação. Em um ambiente onde há todo tipo de informação disponível, o papel do professor é ensinar o aluno a buscar a informação mais confiável”, afirma Litto.

Para o coordenador da Escola do Futuro da USP, o pai precisa ter em mente ao avaliar a escola do filho que, com as novas tecnologias, o professor não pode se limitar a dar uma aula expositiva.

“O novo papel do professor é orientar no aprendizado. Um bom sinal de que o potencial do aluno está sendo bem explorado é quando o pai percebe que seu filho traz tarefas para casa e aprende a pesquisar as informações de que necessita, em vez de tentar decorar o conteúdo da matéria em livros”, diz Litto.

Outra dica para os pais ao avaliar a escola onde seu filho estuda ou a em que pretende matriculá-lo é verificar se há trabalhos em grupo.

“Hoje em dia, qualquer empresa faz dinâmica de grupo para ver se o aluno sabe trabalhar em equipe. Se a criança volta sempre para casa e estuda sozinha para as provas, é um sinal de que a escola está mais preocupada em prepará-la para um exame do que para a vida”, afirma Sônia Bittencourt, do colégio Porto Seguro. (Antônio Gois)

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