RONALDINHO
Futebol - Brasil

O menino dos dentes de ouro

Se explodir na Olimpíada, valor do passe de Ronaldo 'novo' pode chegar aos US$ 30 milhões

France Presse

Ronaldinho é esperança da seleção e da Nike

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DO PAINEL FC

Se Michael Johnson é a grande aposta da Nike nos Jogos de Sydney, no futebol as fichas da empresa estão colocadas em Ronaldinho. O ‘‘novo’’, do Grêmio, não o ‘‘velho’’, da Inter de Milão, ainda sem condições de jogo após sua última cirurgia no joelho.

A empresa de material esportivo que patrocina a seleção brasileira acha que a Austrália será um marco na carreira do atleta.

No ano passado, mesmo sem participar dos dois amistosos da seleção contra os australianos, Ronaldo, o ‘‘velho’’, virou febre em Sydney. Fez o futebol ocupar as principais páginas esportivas dos jornais locais, algo raro num país dominado pelo rúgbi.

Devido à semelhança entre Ronaldo e Ronaldinho, o atacante gaúcho deve chamar a atenção da imprensa e da torcida local quando a Olimpíada começar.

Sem o primeiro dos Ronaldo, o do Grêmio já tinha sido a atração, inclusive por causa do carisma e dos dentões, nos amistosos de novembro de 1999.

E agora, enfrentando atletas com menos de 23 anos cada time de futebol masculino só pode levar três jogadores ‘‘veteranos’’, os Jogos Olímpicos são considerados o momento ideal para Ronaldinho explodir.
O jogador, que chegou à seleção brasileira principal em junho do ano passado, quando tinha 19 anos de idade, diz estar consciente da responsabilidade e preparado para a escalada.

‘‘Este tempo que eu passei no time principal ajudou’’, explicou o jogador. ‘‘Conheço bem o que quer o professor (Wanderley Luxemburgo) e vamos (refere-se também a Alex, ex-Palmeiras e atualmente do Parma) servir como referência para quem só está no time olímpico.’’

Mas, mais do que ser um referencial para os menos experientes, Ronaldinho está sendo preparado pela comissão técnica para brilhar na Olimpíada.

Desde a Copa América, quando chamou a atenção por ter feito um lindo gol nos poucos minutos que jogou contra a Venezuela, em sua estréia com a camisa da seleção, tem sido testado pouco a pouco.

Até agora, no entanto, não só não estourou como caiu de produção desde que começou a ser convocado por Luxemburgo.

O técnico, inclusive, foi acusado de prejudicar o jogador, colocando-o na reserva contra o Equador, pelas eliminatórias da Copa, porque o atleta estaria acima do peso, informação contestada pelos gremistas.

No ano passado, notabilizou-se com excelentes atuações no Campeonato Gaúcho e uma jogada sensacional que desmoralizou o volante Dunga, na final da competição, vencida pelo Grêmio.

No intervalo da decisão, chegou a ganhar aumento de salário. Mas no segundo semestre, já selecionável, não se saiu bem no Brasileiro, torneio no qual o Grêmio fez fraca campanha.

Suas esperanças de recuperação, após finalmente ter voltado a jogar bem pelo Brasil contra a Argentina, nas eliminatórias sul-americanas, estão nos Jogos australianos.

Se obtiver o ouro em Sydney conquista inédita para o futebol brasileiro, Ronaldinho pode ter o preço de seu passe na casa dos US$ 30 milhões, avalia a direção do clube gaúcho.

‘‘Especulações (sobre possível transferência ao exterior) não são de agora, mas prefiro deixar este assunto para o ano que vem (quando termina seu contrato com o Grêmio). Quem cuida do dinheiro é minha mãe, minha irmã e meu irmão. Eu só jogo.’’

OS HERÓIS OLÍMPICOS
Cidade do México Anticomunista, a ginasta tcheca Vera Cáslavská se escondeu da Primavera de Praga na montanhas, dois meses antes dos Jogos. Ganhou "autorização" do governo para competir e levou para casa qatro ouros	Assiciated Press
	Munique-1972 Além do massacre de israelenses na Olimpíada alemã, o mundo se assombrou com o mito Markk Spitz . O nadador americano venceu as sete provas que disputou, todas com recordes mundiais.

Leia mais: Com a cara e o coração