|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
IMERSÃO EM INGLÊS
Prova prática diária é entender e ser entendido em situações corriqueiras
Resista à tentação de trocar a sala de aula pelo "pub"
ARMANDO PEREIRA FILHO
EM DUBLIN (IRLANDA)
Dois motivos me fizeram estudar inglês em Dublin, capital
da Irlanda, e não em Londres:
os irlandeses são falantes, e as
escolas não têm brasileiros.
Na prática, só o primeiro mostrou-se verdadeiro. Na minha
classe, chegamos a ser maioria,
com três brasileiros. Tudo bem,
depende de você. Não falei em
português com ninguém, fiz amizades e saí com outras pessoas.
É preciso disciplina para estudar pelo menos oito horas por dia,
como eu fiz. Sempre há a voz da
tentação chamando: pode ser um
copo de cerveja Guinness, meia
dúzia de ostras ou a animada música irlandesa no "pub".
Fiz algo que não recomendo.
Trouxe material para estudar: minha dissertação de mestrado. Isso
me roubou muito tempo do estudo da língua. É melhor concentrar-se apenas em um objetivo.
Quando tive tempo para a vida
social, tentei juntar diversão e
aprendizado. É legal ir aos "pubs"
de turistas, mas os bares de bairros são melhores, têm mais irlandeses. Conversei com moradores
da cidade, e eles sempre se mostraram curiosos em saber como é
a vida no Brasil, o que garantiu alguma prosa e um bom treino.
Teste das ruas
Esse é essencialmente o diferencial de um curso no exterior: a aula não termina na classe. A verdade está lá fora. É o teste das ruas.
Você consegue entender e ser
entendido? Não deixe de fazer essa prova prática todo dia, no jornaleiro, no supermercado, no cinema. Exponha-se à vida na sua
nova língua. Do contrário, é a
mesma coisa que fazer um curso
no Brasil, só que muito mais caro.
Fiquei dois meses na cidade.
Não é suficiente para dar aquele
salto, mas é possível melhorar.
Não é algo que se sinta de uma hora para outra. Às vezes, até parece
que piorou, porque você ouve
muita gente falando errado
ou conversando em outra língua
(há muitos italianos na escola
Emerald, e eles falam o tempo todo em sua própria língua).
A escola tem muitos estudantes
em cada classe nesta época do ano
(primavera/verão): chegamos a
14. Os professores se esforçam,
mas não é possível acompanhar
as conversas das atividades em
classe e corrigir os erros de todos.
Dei sorte e fiquei na casa da família Doyle, amigável, falante e
sempre presente e prestativa. O
passatempo preferido de um
monte de estudantes, incluindo
quase todos os brasileiros, é comparar tudo o que eles vêem com
sua terra de origem. "No meu país
é maior, é melhor, é mais colorido, é mais quente." Se você não
sabe apreciar as diferenças da vida, é melhor nem sair de casa.
Não tem mágica, não espere
fluência fácil, diminua suas expectativas para não ficar frustrado. E tem de continuar ouvindo e
falando a segunda língua quando
voltar ao Brasil, senão todo o seu
avanço será perdido em muito
pouco tempo.
Texto Anterior: Alta do dólar não diminuiu procura por cursos no exterior Próximo Texto: Viva como se ainda estivesse no Brasil Índice
|