São Paulo, domingo, 10 de junho de 2001


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IMERSÃO EM INGLÊS

Prova prática diária é entender e ser entendido em situações corriqueiras

Resista à tentação de trocar a sala de aula pelo "pub"

ARMANDO PEREIRA FILHO
EM DUBLIN (IRLANDA)

Dois motivos me fizeram estudar inglês em Dublin, capital da Irlanda, e não em Londres: os irlandeses são falantes, e as escolas não têm brasileiros.
Na prática, só o primeiro mostrou-se verdadeiro. Na minha classe, chegamos a ser maioria, com três brasileiros. Tudo bem, depende de você. Não falei em português com ninguém, fiz amizades e saí com outras pessoas.
É preciso disciplina para estudar pelo menos oito horas por dia, como eu fiz. Sempre há a voz da tentação chamando: pode ser um copo de cerveja Guinness, meia dúzia de ostras ou a animada música irlandesa no "pub".
Fiz algo que não recomendo. Trouxe material para estudar: minha dissertação de mestrado. Isso me roubou muito tempo do estudo da língua. É melhor concentrar-se apenas em um objetivo.
Quando tive tempo para a vida social, tentei juntar diversão e aprendizado. É legal ir aos "pubs" de turistas, mas os bares de bairros são melhores, têm mais irlandeses. Conversei com moradores da cidade, e eles sempre se mostraram curiosos em saber como é a vida no Brasil, o que garantiu alguma prosa e um bom treino.

Teste das ruas
Esse é essencialmente o diferencial de um curso no exterior: a aula não termina na classe. A verdade está lá fora. É o teste das ruas.
Você consegue entender e ser entendido? Não deixe de fazer essa prova prática todo dia, no jornaleiro, no supermercado, no cinema. Exponha-se à vida na sua nova língua. Do contrário, é a mesma coisa que fazer um curso no Brasil, só que muito mais caro.
Fiquei dois meses na cidade. Não é suficiente para dar aquele salto, mas é possível melhorar. Não é algo que se sinta de uma hora para outra. Às vezes, até parece que piorou, porque você ouve muita gente falando errado ou conversando em outra língua (há muitos italianos na escola Emerald, e eles falam o tempo todo em sua própria língua).
A escola tem muitos estudantes em cada classe nesta época do ano (primavera/verão): chegamos a 14. Os professores se esforçam, mas não é possível acompanhar as conversas das atividades em classe e corrigir os erros de todos.
Dei sorte e fiquei na casa da família Doyle, amigável, falante e sempre presente e prestativa. O passatempo preferido de um monte de estudantes, incluindo quase todos os brasileiros, é comparar tudo o que eles vêem com sua terra de origem. "No meu país é maior, é melhor, é mais colorido, é mais quente." Se você não sabe apreciar as diferenças da vida, é melhor nem sair de casa.
Não tem mágica, não espere fluência fácil, diminua suas expectativas para não ficar frustrado. E tem de continuar ouvindo e falando a segunda língua quando voltar ao Brasil, senão todo o seu avanço será perdido em muito pouco tempo.



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