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Da Grécia a Sydney

Cronologia
 
Partida entre Escócia e Inglaterra inaugura o conceito de rivalidade entre nações, o que já gerou confraternizações e pancadarias

O esporte como guerra
DA REPORTAGEM LOCAL

Dá para imaginar um jogo de futebol entre Brasil e Argentina sem o clima de rivalidade? Uma partida de beisebol entre EUA e Cuba sem inflamadas preleções nacionalistas nos vestiários?

Ao contrário de outros conceitos, de surgimento obscuro, a rivalidade no esporte tem data e local de nascimento: 30 de novembro de 1872, em Glasgow, Escócia.

Nesse dia, pela primeira vez na história do planeta, atletas se enfrentaram defendendo seus países em um evento de certa relevância. Foi um amistoso entre a seleção local e a da Inglaterra, o primeiro jogo de futebol envolvendo equipes de dois países.

A partida foi marcada a pedido de Charles Alcock, então secretário da Football Association, a federação inglesa. Um ano antes, 1871, o mesmo dirigente havia sido o responsável pelo primeiro campeonato nacional da história do esporte, envolvendo 15 clubes.
Há vestígios, antes do amistoso, de outros dois encontros envolvendo atletas de nacionalidades diferentes. Em 1844, em Londres, um meeting de natação teria reunido atletas ingleses e índios norte-americanos. E, em 1867, em Paris, atletas europeus teriam se enfrentado em provas de atletismo.

A escassez de dados e resultados, porém, é um indício da falta de relevância dessas competições.

Histórico, o amistoso entre Escócia e Inglaterra é tratado como um marco do esporte mundial. Livros, enciclopédias e sites da Internet oferecem enxurradas de informações sobre a partida, que terminou em um chato 0 a 0.

Orgulhosa de ter inaugurado a rivalidade entre nações no esporte, a Inglaterra chegou a usar o fato em sua fracassada candidatura a sede da Copa do Mundo de 2006. Acabou derrotada pela Alemanha, ironicamente uma de suas grandes rivais no esporte.

De 1871 para cá, a idéia de combate entre nações em campos de futebol, piscinas ou quadras tornou-se óbvia. Muitas vezes, tudo acabou em confraternização. Em outras, o desfecho foi pancadaria.

Algumas cenas entraram para a história. Poucos lembram, por exemplo, de uma tal Taça do Atlântico, disputada em 1976, envolvendo seleções sul-americanas. Mas o quebra-pau generalizado entre brasileiros e uruguaios, no Maracanã, na fase final da competição, virou antologia.

Mais recentemente, em 1998, os organizadores da Copa da França temiam pelo jogo entre Irã e EUA _país que os iranianos chamam de “Grande Satã”. Reflexo ou não de todos os cuidados com que a partida foi cercada, os jogadores capricharam para amenizar a rivalidade e chegaram ao extremo: um time ofereceu flores ao outro.

Em Sydney, espere doses extras de garra se cubanas e brasileiras se cruzarem no vôlei ou se Rússia e Lituânia jogarem no torneio masculino de basquete. Você verá o esporte, mais uma vez, em seu traje de guerra.


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