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PROBLEMA Nº 1
Segundo
o Datafolha, 43% do eleitorado acha que o combate à violência
deve ser a principal prioridade da próxima administração municipal
Medo faz paulistano mudar os hábitos
Editoria
de Arte/Folha Imagem |
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ALESSANDRO
DA SILVA
DA
REPORTAGEM LOCAL
A maioria
dos eleitores de São Paulo evita certas ruas, locais ou pessoas
da vizinhança depois de escurecer por medo da violência.
São cerca de 4,5 milhões de habitantes _ou 63% dessa população_
sob as regras de uma cartilha de autodefesa própria, alheia às
ações da polícia e do governo.
Juntam-se a esses outros 9% (642 mil) que nunca se aventuram a sair à
noite por vários motivos, inclusive por segurança.
A cidade parece menos apavorante após o escurecer para apenas 28%
dos eleitores, que passeiam sem aparente preocupação.
Os resultados apontados pelo Datafolha não poderiam ser diferentes.
Nos últimos quatro anos, o número de casos de roubos na
cidade, incluindo o de veículos, cresceu 123,49% e o de homicídios,
15,71%, segundo dados da Secretaria da Segurança Pública.
Quase um quarto dos entrevistados revelou que foi assaltado ou roubado
nos últimos 12 meses. Na média, esse grupo se defrontou
duas vezes com essa situação. As maiores taxas dessa ocorrência
foram na Sé e na Vila Prudente.
A pesquisa mostra que 26% dos eleitores tiveram um amigo ou parente assassinado
nos últimos 12 meses. A declaração é mais
frequente entre os jovens e entre moradores de áreas periféricas.
Se a pessoa foi vítima e assiste outra sendo vitimada,
a exposição é maior. Há ainda uma terceira
variável, se ela ouviu falar sobre o que ocorreu com amigos ou
parentes. Cada uma dessas situações vai alimentando a outra,
contribuindo para agravar a sensação de insegurança,
afirma a psicóloga social Nancy Cardia, coordenadora de pesquisa
do Núcleo de Estudos da Violência da USP.
O reflexo imediato da sensação de insegurança é
a mudança de hábitos, como ocorreu com o aposentado Pedro
Paulo Bereoff, 53, morador da região do Campo Grande, zona sul
da cidade (segunda maior taxa de reclamação em relação
ao problema).
Bereoff evita sair de casa à noite, não guarda o carro na
garagem se houver gente estranha na rua e não fica dentro do carro
parado, mesmo que por poucos minutos, nem na frente do açougue
onde faz compras há mais de uma década. É
difícil sair de casa à noite, só se for caso de doença.
É bobagem estar se arriscando por aí.
O aposentado teve a casa invadida por ladrões em março do
ano passado. Eram 9h, dia de semana e a família havia acabado de
sair para trabalhar. Encostaram um caminhão, desses
grandes, e levaram tudo o que queriam.
Bereoff, três anos antes, ainda perdeu um carro. Ele estava parado
em frente a um hospital na Vila Mariana, para onde levara a neta doente,
quando assaltantes armados levaram o carro.
A Folha encontrou outras cinco histórias de crimes contra
moradores da mesma rua onde mora Bereoff, em um raio inferior a 200 metros,
com a ajuda dele.
Uma dessas histórias envolve o vendedor Marcelo Habermann, 30.
Ele descia com seu carro pela rua onde mora, reduziu a marcha para passar
por uma lombada e acabou assaltado _bem na frente da casa de Bereoff.
Os dois ladrões colocaram um revólver de cada lado do veículo
e fugiram.
Habermann tem dois irmãos, um deles já assaltado no portão
de casa, há um ano e meio. O mais novo, Siderley, 26, presenciou
um tiroteio na esquina de casa 15 dias atrás. Cresci
brincando nessa rua, mas agora ninguém fica fora de casa à
noite, afirma Siderley.
Para 43% dos entrevistados pelo Datafolha, a segurança deve ser
o primeiro problema a ser combatido pelo próximo prefeito.
Ao prefeito, que não cabe responder pela polícia, compete
atacar outros fatores propícios ao aumento da criminalidade. A
presença de pedintes nos semáforos, falta de iluminação
e sujeira, entre outras coisas, contribui para aumentar a sensação
de insegurança da população, diz o sociólogo
Túlio Kahn, coordenador de pesquisas do Ilanud (Instituto Latino-Americano
das Nações Unidas para a Prevenção do Delito
e o Tratamento do Delinquente).
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