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SANTANA

155 pessoas foram pesquisadas na área; para agência de recursos humanos, problema é a ausência de qualificação profissional

"Falta de emprego também gera violência"

Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem
Alexandre Costa, filósofo e desempregado há mais de sete meses, procura emprego em agência

GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

O curso de filosofia e o domínio do espanhol não foram suficientes para livrar Alexandre Costa, 26, do desemprego. Com mais de 30 currículos espalhados pela cidade, Costa não consegue trabalho há mais de sete meses.

Morador de Santana (região norte de São Paulo), o filósofo desempregado não é exigente. O último emprego foi como auxiliar de escritório.

“Sempre dizem que uma pessoa qualificada consegue se colocar no mercado. Mas eu sou e não consigo emprego”, afirmou Costa, que também trabalhou como promotor de vendas e auxiliar de administração.

O item desemprego/combate ao desemprego foi escolhido como um dos principais problemas da área de Santana _que inclui Santana, Limão e Casa Verde_ por 6% dos 155 entrevistados pelo Datafolha na região.

“É isso mesmo. Tenho amigos e parentes que têm qualificação e que também estão enfrentando esse problema”, afirmou o ex-seminarista, formado em filosofia pela PUC de Curitiba, no Paraná.

Esquecidos pelo governo e centrais sindicais _que promovem cadastro de vagas e cursos profissionalizantes em outras áreas da cidade_, os moradores da área de Santana contam com poucas agências de emprego particulares.

Costa viu a propaganda de uma agência em um poste e preencheu mais uma ficha. “É difícil chamarem. Mas tenho de acreditar que vai dar certo”, afirmou Costa, que vive com os pais.

Para ele, não vale a pena ir trabalhar em áreas muito distantes. “O gasto com a condução e o tempo perdido até lá não compensam.”

Costa afirma que a ansiedade causada pelo desemprego é bem maior do que o medo da criminalidade. “Sem emprego, a gente fica sem espaço, sem atitude. Na violência, pelos menos a gente tem para quem pedir socorro.”

Desânimo



A perda do emprego mudou a vida da auxiliar técnica em contabilidade Silley Honorato, 25, moradora de Santana.

Ela havia passado no vestibular de uma faculdade particular de ciências contábeis e se preparava para o começo das aulas quando soube que não tinha mais como pagar as mensalidades.

A família se ofereceu para ajudar, mas Silley desistiu. “Não achei justo. Comecei então a procurar emprego”, disse.

A busca, sem sucesso, já dura dois anos. No começo, Silley saía à procura de emprego pelo menos quatro vezes por semana. Desanimada, ela diminuiu o ritmo para três vezes por mês.

“Não tem como não desanimar depois de tanto tempo. Parece que pegam seu currículo e fazem de rascunho ou jogam no lixo”, afirmou Silley.

Cintia Nunes, selecionadora da Prompt Recursos Humanos, uma das agências de emprego de Santana, afirmou que a procura por vagas não está aumentando.

O que ocorre, segundo Cintia, é uma dificuldade maior para a colocação do candidato no mercado por falta de qualificação.

“As empresas estão exigindo cada vez mais. Há vagas, mas elas recusam os candidatos”, disse Cintia. A agência atende cerca de 80 pessoas por dia. Nos últimos 15 dias, a empresa conseguiu emprego para 60 pessoas.

Desempregado há um ano, o operador de torno automático Cláudio Américo Pereira, 33, é um exemplo da dificuldade de se manter em um mercado cada vez mais exigente.

Na única seleção para emprego que conseguiu fazer no último ano, Pereira saiu-se bem no teste do torno, mas não conseguiu fazer o desenho de uma peça pedido pelo selecionador da empresa.

“Tenho dois filhos para criar. A falta de emprego também gera violência”, afirmou Pereira.


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