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CAMPO LIMPO

Região, que abriga 13% da população da capital, registra altos índices de violência; de acordo com tenente, crimes ocorrem por motivos fúteis

“Isto aqui é o inferno”, diz moradora

Adriana Elias/Folha Imagem
Marcas de tiros e sangue em retrovisor de lotação, cujo motorista foi morto na última segunda-feira na região de Campo Limpo
DA REPORTAGEM LOCAL

“Isto aqui é o inferno, moço.” A frase, direta e sem rodeios, é a resposta de Rosena Tobias dos Santos, 42, para a pergunta até certo ponto ingênua do repórter sobre os principais problemas do local. O bairro em questão é o Campo Limpo, uma cidade à parte dentro de São Paulo, com 1,4 milhão de pessoas, o que equivale a 13,6% da população total da capital.

Rosena tem motivos para reclamar. Desempregada há mais de um ano e moradora de uma das regiões mais violentas da cidade, ela sobrevive graças à boa vontade do genro. “Não fosse ele, estaria passando fome”, reconhece.

Ela mal concluiu o ensino fundamental e, com a idade, emprego se tornou tão raro quanto os reais que ganha fazendo bicos para se manter viva.

De acordo com a pesquisa Datafolha, 26% dos moradores de Campo Limpo elegeram o desemprego como o segundo principal problema da cidade.

Uma outra preocupação, porém, lidera as dores de cabeça de quem mora em Campo Limpo: a falta de segurança. A pesquisa Datafolha demonstra que 35% da população do bairro reclama da violência e falta de policiamento.

“A polícia só vem aqui quando tem um morto no chão ”, afirma Antonia Maria dos Santos, 47, amiga de Rosena, ela também desempregada há um ano.

Na segunda-feira, por volta de 15h30, a violência voltou ao bairro, dessa vez na movimentada avenida Carlos Lacerda. O perueiro Elton Antonio Vieira Dias levou um tiro na cabeça e morreu dentro da lotação. Na hora do crime, havia passageiros no veículo, mas o autor dos disparos não se importou com isso. A cena fez juntar gente para testemunhar mais um crime que será motivo de conversas nos bares, nas escolas e nas casas.

O tenente Miranda, que atendeu a ocorrência, disse que a violência é comum no bairro. “Aqui se mata por motivos fúteis”, afirmou. A hipótese que estava sendo investigada para a morte de Elton era a cobrança de uma dívida. O possível credor não quis esperar mais e resolveu apresentar sua fatura em forma de bala.

Na semana anterior, lembra o tenente Miranda, um policial foi baleado durante um assalto a um supermercado na mesma avenida. “Não sei onde isso vai parar”, diz. O tenente está convencido, porém, de que nem toda violência no bairro é resultado da falta de segurança. “Esse crime, por exemplo, ao que tudo indica foi um acerto de contas.”

Sem emprego e convivendo diariamente com a falta de segurança, os moradores da região de Campo Limpo também têm outras dificuldades para enfrentar no dia-a-dia. De acordo com a pesquisa Datafolha, além desses problemas a população do bairro sofre com a falta de asfaltamento. O levantamento demonstrou que 13% dos habitantes de Campo Limpo consideram que a falta de calçamento, asfaltamento ou a existência de buracos é o principal problema do bairro.

Na rua Rafael Portante, por exemplo, os moradores dizem que já estão cansados de reclamar à prefeitura. O eletricista Ademar Dias Cardoso, 50, afirmou que vários candidatos já prometeram asfaltar a rua e canalizar o córrego que passa ao lado, mas, até agora, a situação não melhorou. “Se fosse preciso pagar, nós até aceitaríamos”, disse.

Grajaú

No Grajaú, também na zona sul, as preocupações dos moradores são as mesmas. A pesquisa Datafolha concluiu que 66% das pessoas evitam ruas ou pessoas na vizinhança depois de escurecer.

Uma moradora que preferiu não se identificar disse que na rua 26 de Abril, onde mora, as lojas de móveis têm medo de fazer entrega. “De vez em quando um caminhão é assaltado à luz do dia.”

A moradora vive numa rua que não tem asfalto nem esgoto canalizado. Na quinta-feira passada, quando a Folha esteve no local, ela acabara de chegar do enterro de uma amiga, morta no dia anterior com três tiros. A vítima chamava-se Marciana, tinha 17 anos, era solteira, e caiu ali próximo, no meio da lama.

De acordo com a pesquisa Datafolha, 28% dos moradores da região conhecem alguém que foi assassinado nos últimos 12 meses e 21% foram assaltados no mesmo período. (CHICO DE GOIS)

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