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ITAIM PAULISTA

Área, que inclui Jardim Helena, São Miguel, Vila Jacuí e Vila Curuçá, é a que mais se preocupa com o desemprego

Um terço dos entrevistados
conhece alguém assassinado

Dado Galdieri/Folha Imagem
Emerson da Silva (à frente) e Anderson de Castro, que tiveram amigo assassinado em escola

DA REPORTAGEM LOCAL

iEm 27 de julho deste ano, Ronaldo Ramalho da Silva, 18, levou cinco tiros no pátio da escola onde estudava, no Jardim Robru, bairro localizado na região do Itaim Paulista, zona leste da cidade de São Paulo.

Socorrido pela polícia _há uma delegacia localizada a menos de cem metros da escola_, Ronaldo morreu no Hospital Geral de Guaianazes.

Anderson Reginaldo de Castro, 20, conhecido como Paraguai, estuda na mesma escola que Ronaldo frequentou. Eles cursavam juntos o telecurso durante a noite e eram amigos.

Castro confirma a história que toda a escola _alunos, professores e funcionários_ repete: Ronaldo morreu assassinado por um outro aluno porque não teria pago uma dívida de R¹ 25 de compra de drogas.

Mortes como a de Ronaldo não são fatos excepcionais na região do Itaim Paulista. Elas ocorrem com frequência, e muitas delas estão ligadas ao tráfico.

De acordo com a pesquisa do Datafolha, 34% dos habitantes das proximidades do Itaim Paulista afirmaram que alguém da família ou um amigo foi assassinado nos últimos doze meses.

“Isso que aconteceu com o Ronaldo ocorre diariamente por aqui. Se começar a falar vou ficar contando história a noite inteira.Tem muita gente que compra droga, não paga e morre por causa de R$ 20. Existem também pessoas que brigam por nada em baile _brigas que acabam em morte”, diz Castro.

Milene da Silva, sua colega de classe, confirma que há insegurança na região e culpa a falta de policiamento. “Se você ligar para a polícia, ela vem, mas só quatro horas depois, porque ninguém quer meter a mão em cumbuca. A polícia nem sequer tem equipamento”, afirma Milene. “Na época em que tinha operação pente-fino aqui, isso não acontecia”, completa a estudante.

A falta de policiamento na região da qual se queixou Milene coincide com outro dado que foi apontado pela pesquisa do Datafolha: somente 33% das pessoas entrevistadas disseram que a polícia passa pela rua pelo menos uma vez por dia.

Rosa Castellucce, 43, professora de Milene e Castro, afirma que a violência e o desemprego são problemas que andam juntos na região do Itaim Paulista.

“Aqui falta tudo. Além de segurança e emprego, faltam espaço para lazer e quadra para praticar esporte, coisas que poderiam tirar os jovens da criminalidade”, afirma Rosa.

Segundo a professora, a população local é composta da seguinte forma: “50% são trabalhadores, 20% são honestos, mas estão desempregados e os outros 30% são bandidos mesmo.”

Desemprego

A análise da professora Rosa é um tanto apaixonada e imprecisa, mas ela vai ao encontro de um número significativo apurado pelo Datafolha.

De todas as regiões incluídas na pesquisa, a área do Itaim Paulista é a que tem o maior número de entrevistados (10%) que apontam o desemprego como o principal problema do bairro.

A questão ganha contornos mais expressivos quando colocada na perspectiva futura. Questionados sobre qual deve ser a prioridade para a próxima administração municipal, 48% dos moradores da região disseram que o combate ao desemprego deve ser a principal meta.

De novo, Anderson de Castro é um exemplo do que se passa com os jovens da região. “Já fui office boy, mas hoje estou desempregado. Faço uns bicos”, diz.

Para garantir uma ocupação, Castro dança break. Ele se apresenta na escola duas vezes por semana e também em um espaço cultural localizado na Vila Curuçá, um dos bairros que integra a região do Itaim Paulista.

Nas tardes de sábado, pode ser visto dançando no centro da cidade, na rua 24 de Março.

“Hoje nem estudando você tem certeza de que vai arrumar um emprego. Quero terminar o telecurso e fazer um curso técnico, mas não sei no que vou trabalhar”, afirma.

Na mesma situação está outro colega de classe de Castro, Ronaldo Vítor Batista, 27.

Desempregado há dois anos, Batista já trabalhou como jardineiro e na construção civil.

“Procuro qualquer coisa, mas não está fácil. Gosto de fazer jardins, mas não dá para escolher no que trabalhar, vou fazer o que aparecer”, diz.

Mesmo disposto a encarar qualquer trabalho, Batista nem sempre tem condições de ir atrás de um emprego. “Estou procurando, mas às vezes não posso sair porque não tenho nem o dinheiro para a condução”, afirma.

Morador do Itaim Paulista, José Marcos Soares, 28, é outro jovem que não consegue emprego há mais de dois anos.

“Já fui motorista de caminhão, mas não consigo arrumar um emprego fixo. É muito difícil. Tem muita burocracia. Pedem experiência, que você tenha mais de 30 anos, que tenha pelo menos dois anos de registro em carteira...”, explica Soares.

Para sobreviver, ele trabalha como segurança. “Tenho vários amigos que, como eu, conseguem fazer bico como segurança. Isso porque, aqui no bairro, patrulhamento é raro”, afirma.
(GUILHERME WERNECK)


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