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03/07/2006 - 08h48

Parreira admite que seleção estava "rachada" na Alemanha

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EDUARDO ARRUDA
FÁBIO VICTOR
PAULO COBOS
RICARDO PERRONE
SÉRGIO RANGEL
da Folha de S.Paulo, em Frankfurt

Um dia após a eliminação do Brasil para a França, pelas quartas-de-final da Copa do Mundo da Alemanha, o técnico Carlos Alberto Parreira admitiu haver um racha na seleção.

Foi a declaração mais clara de Parreira até agora confirmando as rixas entre atletas velhos de casa e novatos, que cindiram o elenco derrotado. Em entrevista coletiva antes de deixar o hotel em Frankfurt, o treinador concordou que não conseguiu unir o time no momento mais importante destes seus quatro anos como comandante.

"Nosso trabalho desde o início foi fazer com que esses talentos jogassem em equipe. Conseguimos isso em determinados momentos, mas não conseguimos com a mesma intensidade na Copa", declarou.

Na Alemanha, ele se viu às voltas com a insatisfação de jogadores como Kaká, Juninho, Rogério e Ricardinho, que queriam mudanças no time. Ronaldo, Adriano, Cafu e Roberto Carlos eram os principais alvos.

A pressão dos jogadores com menos tempo de seleção deixou o técnico no meio de uma queda-de-braço, pois os atletas mais antigos, liderados por Cafu e Roberto Carlos, eram contra alterações e falavam diretamente com Parreira.

Ontem, o treinador mostrou que pisava mesmo em ovos. "Mexer nos medalhões sempre é mais difícil. Mas, conforme a necessidade surgiu, mudamos. Fizemos isso com o Ronaldo. Ele acabou se recuperando e mostrou o seu talento."

Tal recuperação é questionada pelos mais novos. Eles reclamam que bastou jogar bem contra o frágil Japão para que Ronaldo fosse considerado reabilitado pelo chefe.

Um dos maiores sinais da crise foi dado por Rogério. Contra a Austrália, à beira do gramado, Parreira gritava para seu time atacar, já que a defesa rival era lenta. Em tom jocoso, o goleiro disse no banco que o treinador se esquecera da lentidão de seu próprio ataque. Ronaldo e Adriano estavam em campo.

Rogério e Ricardinho se queixavam do técnico a amigos. Atacavam a demora dele para mexer no time, a falta de diálogo com os atletas e a proteção aos mais experientes.

Parreira nega o tratamento diferenciado, mas ontem defendeu Cafu e viu certo nervosismo em seu substituto. "Cicinho entrou contra a França, porque pensávamos que poderia melhorar a equipe, mas deu na mesma. O impacto de entrar numa partida de Copa, nessas condições, é muito grande."

Na avaliação de Parreira, a forma como a seleção se despediu da Alemanha ontem, com cada jogador indo para um canto, também foi um sinal da falta de união. Ele lembrou o primeiro título do Brasil, em 1958, na Suécia, que teve a participação em campo de Zagallo, hoje seu coordenador. Para o técnico, aquela era uma seleção sem divisão.

"O time saía unido do Brasil, todo mundo uniformizado, fazíamos uma visita ao presidente. Tinha jogo de despedida, voltávamos unidos. Havia um simbolismo, um romantismo. Isso mudou, como mudou o mundo. Agora, a convergência é outra. Os jogadores moram na Europa. É tudo diferente."

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