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07/07/2006 - 10h39

Fifa pressiona Brasil a assumir gastos com a Copa de 2014

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FÁBIO VICTOR
RICARDO PERRONE
da Folha de S.Paulo, em Berlim

O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, não cansa de afirmar que seu projeto para a possível Copa de 2014 no Brasil é baseado em investimentos da iniciativa privada. Os colegas do dirigente na alta cartolagem mundial, no entanto, começam a pressionar os poderes públicos do país para que se comprometam com o evento.

Segundo o rodízio continental determinado pela Fifa, a edição de 2014 será na América do Sul --foi na Ásia em 2002, é na Europa agora e será na África em 2010. E a Conmebol (Confederação Sul-Americana) já deu o seu apoio à postulação única do Brasil. As candidaturas serão apresentadas até dezembro deste ano, e a escolha acontecerá em 2008.

Ontem, em Berlim, num congresso do comitê da Fifa responsável pela organização do Mundial alemão, alguns dos principais atores da definição sobre 2014 ouvidos pela Folha jogaram no colo dos governos a responsabilidade por garantir a realização da Copa brasileira.

A começar por João Havelange, presidente de honra da Fifa e ex-sogro de Ricardo Teixeira. "Querendo ou não, o Brasil vai ser a sede da Copa de 2014. Isso já está decidido", disse ele. Questionado se o país terá condições para construir novos estádios, Havelange, visivelmente irritado, replicou: "Isso é ao governo brasileiro que o senhor deve perguntar, ao presidente, aos governadores, aos prefeitos".

É o mesmo discurso utilizado pelos cartolas sul-americanos, que passaram a adotar um tom entre a cobrança e a provocação. Esses dirigentes têm importância fundamental porque, além do próprio país candidato (caso este não cumpra as exigências da Fifa), são eles, em tese, os únicos que poderiam melar a realização do Mundial, caso retirassem o apoio à candidatura brasileira.

"Achamos que o Brasil já deveria estar fazendo coisas. Chegou a hora de começar a trabalhar, ou pelo menos de dar sinais de que as coisas podem sair do papel, e isso depende de vontade política. O que falta não é apoio do mundo esportivo, o que falta é vontade política", afirmou o secretário-geral da Conmebol, o argentino Eduardo Deluca.

Um dos mais influentes cartolas do mundo, o também argentino Julio Grondona, presidente da federação de seu país e vice da Fifa, respondeu com uma pergunta à questão sobre como a comunidade internacional vê a preparação do Brasil para a Copa: "Você já perguntou isso ao Lula? Porque isso é um problema de Estado".

Dirigentes europeus seguiram a toada. "O Brasil tem o melhor futebol do mundo e poderia, claro, organizar de novo uma Copa, mas um evento desta magnitude depende antes de tudo de apoio do governo", declarou o diretor de relações internacionais da federação italiana, Sergio di Cesare.

Em contraste com o discurso sobre o plano de uma "Copa privada", Teixeira articula nos bastidores com políticos de todos os espectros partidários.

Mas ainda não se sentou com o governo federal para discutir a fundo o tema.

"O presidente Lula já disse, publicamente e pessoalmente a Ricardo Teixeira, que apóia a Copa-2014 no Brasil. Acreditamos que, apesar de as arenas serem o local dos jogos, há outros itens, como transporte, segurança e infra-estrutura de turismo, que não são vinculados à CBF", disse o ministro do Esporte, Orlando Silva Jr.

O ministro contou ter marcado uma reunião com Teixeira sobre o assunto para depois do Mundial alemão e admitiu que é incerto um eventual investimento do governo brasileiro em estádios. "Isso depende de nossa conversa com a CBF", concluiu Silva Jr.

Entre tantas lacunas de infra-estrutura no país, a questão do palco das partidas é crucial, já que, segundo as especificações da Fifa, não há hoje um único estádio no Brasil capaz de receber um jogo de Copa do Mundo -algo que já foi ressaltado pelo presidente da entidade, Joseph Blatter.

Na Copa da Alemanha, foi gasto 1,5 bilhão (R$ 4,15 bilhões) só com estádios, cerca de 20% do total investido na realização do torneio. Deste 1,5 bilhão, cerca de 600 milhões vieram do Estado.
No Jogos Pan-Americanos do próximo ano, no Rio de Janeiro, os poderes públicos vão absorver quase 100% das despesas, atualmente calculadas em R$ 2,5 bilhões.

Só o governo federal entrará com R$ 1,29 bilhão, o que representa mais de 50% do orçamento total -no início do projeto, a parte da União se resumia a 17%. A Prefeitura do Rio e o governo estadual são os outros investidores estatais.

Com agências internacionais

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