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16/06/2001 - 09h20

No campo, Scolari batia; fora, era rei do baralho

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FÁBIO SEIXAS
da Folha de S.Paulo

Apelidado de Felipão logo na primeira experiência como técnico, Luiz Felipe Scolari carregou outras alcunhas em seus 15 anos como jogador profissional, mas manteve sua reputação imutável.

Entrevistados pela Folha, ex-colegas do atual treinador da seleção usam sempre os mesmos adjetivos para definir seu estilo em campo. Apelidos à parte, segundo eles Scolari era um "líder" nato em campo, um zagueiro "sério", mas "limitado" tecnicamente.

Antes de ser Felipão, Scolari era chamado de Gringo em clubes gaúchos como Aimoré, Guarany e Juventude, em referência à sua família, que morava na região da fronteira com o Uruguai.

Entre os mais chegados, porém, seu apelido era "Cabeça de Nenê".

"Ele vai ficar puto comigo, mas é verdade... A gente chamava o Luiz Felipe assim porque ele andava balançando a cabeça de um lado para o outro", declarou, rindo, Valmir Louruz, considerado no Rio Grande do Sul o "mentor" do novo técnico da seleção.

Ex-zagueiro, com passagens por Inter-RS e Palmeiras, ele formou dupla de área com Scolari nos anos 70, no Caxias. Depois, como técnico, levou o ex-parceiro para o Juventude e para o CSA.

"O Luiz Felipe sempre foi um operário da bola. Um jogador simples, comum, nada vistoso", explicou. "Mas era o tipo de jogador bom para qualquer técnico, por causa da liderança dele."

Louruz disse que esse estilo de jogo causou dificuldades para Scolari quando ele chegou ao CSA. "Ele foi muito criticado. Na época, iam muitos jogadores cariocas para lá, com um estilo mais leve", disse. "E, de repente, chegou um zagueiro grotesco daquele, grandão, meio sem jeito..."

A estréia de Scolari pelo clube alagoano é lembrada até hoje.

"Foi no Dia das Mães, num campo cheio de lama, em Viçosa [a 60 km de Maceió]. O CSA empatou com o São Domingos em 0 a 0, e o Luiz Felipe deu muita pancada", contou Antônio Costa Cabral, radialista da Difusora de Alagoas, que trabalhou naquela partida. "A sorte dele é que os juízes da época davam poucos cartões."

A descrição da passagem de Scolari por seu último clube não foge muito da que é feita por Reni de Oliveira, 53, o Gão. Colega do técnico da seleção em seu primeiro time, o Aimoré, ele ressaltou seu espírito de liderança.

"Quando o Gringo subiu para o time principal, entrou num grupo muito experiente. Mesmo assim, ele gritava bastante e comandava o time nos jogos", relatou Gão, que ainda jogou seis meses com Scolari no Guarany, de Garibaldi, passagem ignorada no currículo do técnico distribuído pela CBF.

"Nós dois fomos emprestados para o Guarany, que queria montar um time forte para subir para a primeira divisão. Mas, como não conseguimos, acabamos sendo devolvidos para o Aimoré."

Gão ainda contou uma curiosidade sobre Scolari: naquela época, o então zagueiro era o "rei do pontinho", jogo de cartas semelhante ao pif-paf. "Ele ganhava muito dinheiro nas apostas."

Hoje, apesar de não proibir a entrada de baralho nos quartos das concentrações, Scolari costuma dizer que não gosta de jogar.

Depois que saiu definitivamente do Aimoré, em 1973, Gringo começou uma peregrinação por outros clubes do interior do Rio Grande do Sul. Passou pelo Caxias, pelo Novo Hamburgo e pelo Juventude antes de ir para o CSA.

Como técnico, voltou pelo mesmo caminho. Do CSA, foi para o Juventude. De lá, para o Brasil, de Pelotas. Após passagens pelo futebol árabe, continuou no Sul até chegar, em 1997, ao Palmeiras, sua maior vitrine antes da seleção.

Se Gringo pouco mudou nesses 34 anos de futebol, o mesmo não se pode dizer do seu esporte. O Aimoré, por exemplo, não tem um time profissional há quatro anos. "Mas, daqui a uns dois anos, a gente consegue voltar", prometeu Carlos Alberto Bedin, presidente do clube.

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