Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
19/01/2002 - 19h45

Suíça é candidata a novo paraíso da Fórmula 1

Publicidade

FÁBIO SEIXAS
da Folha de S.Paulo

Um país que proíbe o automobilismo há 45 anos é o novo paraíso dos pilotos da F-1 e ameaça em pouco tempo desbancar Mônaco, a tradicional meca da categoria.

Há um ano, dos 22 participantes do campeonato, apenas três moravam na Suíça. Dois deles, Kimi Raikkonen e Nick Heidfeld, por "obrigação´´ -eles formavam a dupla da Sauber, que tem sua fábrica nas redondezas de Zurique.

O outro era Michael Schumacher, que nunca explicou muito bem os motivos de sua decisão.

Depois que um jornal italiano desvendou o mistério, porém, outros pilotos, como David Coulthard e Jacques Villeneuve, mudaram para a Suíça. Até o final da temporada, mais apartamentos devem ficar vagos em Mônaco.

O motivo para essa migração é o mesmo que leva esportistas e magnatas do mundo todo a viver no principado: obter o máximo possível de vantagens fiscais.

Mas, no caso da Suíça, a jogada só funciona com pilotos. E tem origem em 1955, na mais trágica edição das 24 Horas de Le Mans.

Naquele ano, um acidente entre um Mercedes-Benz e um Austin Healey matou 87 pessoas. Outros 108 torcedores ficaram feridos.

Como consequência, países como França, Alemanha e Suíça proibiram a prática do automobilismo. Pressionados pela indústria, os dois primeiros voltaram atrás. Já os suíços proíbem até hoje as corridas em autódromos.

Por causa do veto, a profissão "piloto de automóvel´´ não é reconhecida na Suíça. Assim, para efeito legal, Schumacher e seus colegas são vistos como desempregados. Resultado: não pagam um centavo de imposto sobre seus rendimentos. Só desembolsam uma taxa pela ocupação da terra, espécie de IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), negociável com cada Cantão.

"O Schumacher não é taxado sobre o que ele ganha. Ele é taxado sobre os bens que possui na Suíça ou a partir de cálculos sobre o que ele paga de aluguel, por exemplo´´, explicou a assessora cultural da Embaixada da Suíça em Brasília, Marília Serra.

Mesmo "desempregado´´, porém, o esportista mais bem pago do mundo não teria direito a seguro-desemprego, como foi cogitado pela imprensa italiana. "Como ele não paga imposto sobre sua profissão, visto que ela nem é reconhecida na Suíça, ele não teria direito a nenhum tipo de seguro-desemprego no país.´´

Por dois motivos a situação é bem melhor do que a de Mônaco.
Primeiro, porque o valor dessa taxa territorial é menor do que o do imposto de renda monegasco.

Segundo, porque os pilotos não precisam ficar dando provas de que moram em suas casas.

Para evitar fraudes, Mônaco exige que seus residentes passem pelo menos 183 dias por ano no principado. Esse controle é feito pelo consumo de água, de energia elétrica e até mesmo pela observação do movimento nos prédios.

Há casos de pilotos que chegam a pagar pessoas para diariamente abrir as torneiras de suas casas ou para dar voltas de moto pelo principado usando seus capacetes.

Por enquanto, a preferência dos pilotos é pela região do lago de Genebra, no oeste da Suíça.

Villeneuve, Coulthard e Mika Salo moram em Villars sur Ollon, estação de esqui a 1.300 m de altitude e apenas 2.700 habitantes.

Já o "pioneiro´´ Schumacher escolheu a vila de Vufflens le Chateau e já está de mudança marcada para Guggenbuehel, nos Alpes, mas enfrenta resistência dos futuros vizinhos.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página