Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
18/10/2003 - 09h36

EUA descobrem doping que pode esvaziar Olimpíada de Atenas

Publicidade

ADALBERTO LEISTER FILHO
PAULO COBOS

da Folha de S.Paulo

Os EUA anunciaram a descoberta de um escândalo de doping que pode enfraquecer consideravelmente sua equipe de atletismo nos Jogos de Atenas-2004.

Ainda não foram divulgados os nomes dos envolvidos, mas já se sabe que o número de atletas pegos é grande e que pode ficar maior, atingindo outros esportes.

O caso é importante ainda por trazer à luz um novo tipo de doping, que até então estava passando imune aos exames.

A Usada (a agência antidoping norte-americana) anunciou que flagrou um grande número de competidores do último campeonato nacional de atletismo, em junho, usando uma substância até então desconhecida --o THG, um esteróide anabólico.

Segundo a entidade, os envolvidos, em caso de comprovação de doping na amostra B, serão suspensos por dois anos, período que engloba a próxima Olimpíada.

A Usada não divulgou o número exato de atletas (a imprensa norte-americana fala em até 40 envolvidos) nem o nome dos acusados, mas, pelos detalhes públicos do caso, as punições podem resvalar em alguns dos nomes mais famosos do atletismo.

Segundo a agência, a Balco, empresa sediada na Califórnia e propriedade de Victor Conte, uma espécie de guru do corpo atlético nos EUA, é a responsável pela produção da nova droga.

Na sua lista de clientes, a Balco tem nomes como Marion Jones, primeira mulher a ganhar cinco medalhas em uma Olimpíada no atletismo, e Tim Montgomery, recordista mundial dos 100 m.

Kelli White, que foi pega no antidoping e deve perder os ouros nos 100 m e 200 m que conquistou no Mundial de Paris, neste ano, também é cliente de Conte.

Astros de outras modalidades, como Barry Bonds, do beisebol, também usam produtos da Balco.

"Estamos certos de que a droga vem de Conte", diz Terry Madden, o chefão da Usada, que, no entanto, aponta outros culpados.

"É uma conspiração envolvendo químicos, técnicos e atletas, que usam esteróides de estrutura modificada esperando que, com isso, não sejam pegos", diz ele, que considera esse um dos maiores casos de doping do esporte dos EUA em todos os tempos.

Em e-mail enviado para um jornal dos EUA, o dono da Balco refutou a acusação. "Na minha opinião, isso é só um caso de ciúme de treinadores e atletas", escreveu o empresário, apontando para um detalhe inusitado do caso.

A Usada só descobriu o novo esteróide por meio de um denúncia anônima de um treinador, que mandou ao órgão uma seringa com uma amostra da droga. O denunciante também apontou a Balco como produtora da droga.

De posse da seringa, a agência a enviou para um laboratório de Los Angeles, que desenvolveu a técnica para detectar o THG.

Apesar de até agora a droga só ter sido encontrada no atletismo, a Usada acredita que praticantes de outras modalidades também devem fazer uso dela, assim como atletas não-americanos.

Potência

Se perder estrelas para os Jogos de Atenas, os EUA ficarão fragilizados no esporte que é um dos carros-chefes da maior potência olímpica do planeta. O atletismo já ganhou quase 300 medalhas de ouro, ou um terço de todas as premiações desse tipo do país na história olímpica até o momento.

Nos Jogos de Sydney, em 2000, não fossem os dez ouros na modalidade, a mais tradicional da Olimpíada, os EUA ficariam atrás da Rússia no quadro de medalhas.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página