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31/07/2004 - 09h00

CBF muda sorteio do apito e privilegia seus favoritos

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PAULO COBOS
SÉRGIO RANGEL
da Folha de S.Paulo

Futebol pode ser uma "caixinha de surpresa", mas a surrada máxima não vale mais no sorteio dos árbitros para o Brasileiro-04.

A prática instituída pelo Estatuto do Torcedor no ano passado com o objetivo de coibir armações, é feita hoje pela Comissão Nacional de Arbitragem da CBF de uma forma que protege a elite do apito e os preferidos da entidade e impede surpresas na escala.

No seu início, um grande número de juízes era selecionado para o sorteio. Seus nomes iam sendo distribuídos pelos jogos da rodada. Assim, um trio poderia ser escolhido para qualquer um dos 12 confrontos de cada jornada da primeira divisão do Nacional.

Agora a coisa é bem diferente. Para cada partida só existem dois nomes disponíveis (eram três no final do ano passado). E, para os figurões, existem duas "bolinhas" no sorteio que hoje está muito longe de atrair a atenção pública como no ano passado.

Em praticamente todas as rodadas a Comissão de Arbitragem indica um juiz da Fifa ou um homem de confiança de Armando Marques, o chefe do órgão, para ter seu nome sorteado para dois jogos, o que aumenta em muito a possibilidade de trabalhar e faturar --um árbitro Fifa ganha R$ 2,5 mil brutos por partida.

Foi o que aconteceu, por exemplo, com Márcio Rezende de Freitas na rodada que começa neste sábado. Ele foi sorteado para trabalhar em Atlético-PR x Grêmio, mas se tivesse passado por esse jogo ainda teria a chance de apitar Internacional x São Paulo, jogo para qual o seu nome também foi indicado.

A dupla indicação é restrita aos árbitros mais famosos.

Além de Freitas, já foram agraciados com isso o paranaense Héber Roberto Lopes, o gaúcho Carlos Eugênio Simon e o paulista Paulo César de Oliveira.

Coisa muito pior acontece na definição dos bandeirinhas. Ana Paula de Oliveira, uma das preferidas de Marques, teve seu nome indicado em dois trios para o sorteio do mesmo jogo.

Marques reconhece que mudou a fórmula do sorteio e diz ter feito isso para melhorar o nível da arbitragem do campeonato.

A nova dinâmica do sorteio mudou o mapa do apito no Brasileiro. Menos gente trabalha agora e a elite fica de fora numa freqüência muito menor do que em 2003.

No ano passado, segundo levantamento do Datafolha, o máximo que um juiz apitou foram 26 jogos, ou 57% das rodadas.

Agora, Héber Roberto Lopes é o líder com 15 partidas, o que corresponde a 79% das jornadas disputas até o momento.

Praticamente todos os juízes de padrão Fifa ganharam em participação. O caso de Lopes é o mais radical --contra os 79% de agora, teve trabalho em apenas 41% das jornadas da temporada passada. No caso de Simon, o índice passou de 48% para 68%.

As revelações do apito estão esquecidas. Depois de trabalhar em oito partidas na Série A em 2003, a paulista Sílvia Regina, que já foi criticada por Marques, trabalhou em apenas um jogo em 2004.

Apesar de ter tido seu nome incluído duas vezes num sorteio, Márcio Rezende de Freitas, presidente da Associação Nacional de Árbitros de Futebol até o início do ano, se queixa dos critérios da CBF. "Sou totalmente contrário a este modelo. Atualmente, alguns trabalham sete jogos por mês. Já outros ficam sem entrar em campo no mesmo período."
Para o árbitro, que trabalhou na Copa do Mundo de 1998, a Comissão de Arbitragem da CBF precisa ter mais "feeling".

"O trabalho tem que ser mais ponderado. Eles têm que dar mais chance aos novatos. Apesar de fazer parte do quadro da Fifa, os maiores beneficiados [pelo sorteio], sou contra estarmos em toda rodada", disse Freitas.

Ele é favorável que os árbitros da Fifa atuem apenas em quatro rodadas por mês. "Desse jeito, a arbitragem brasileira fica na mão de cinco ou seis árbitros. Do jeito que está, vai ficar difícil aparecer uma nova revelação", disse.

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