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25/04/2005
-
09h38
LUÍS FERRARI
da Folha de S.Paulo
Na primeira entrevista exclusiva após a prisão de Leandro Desábato, Grafite diz que teve pena do argentino, mas que não o perdoou nem terá remorso se sua acusação levar o zagueiro do Quilmes a pegar três anos de cadeia. Ele falou à Folha, por telefone, na última sexta. Não deixou pergunta sem resposta e rechaçou o rótulo de "combatente do racismo"
Folha - Como foi a decisão de levar o caso à polícia?
Grafite - Fui ao vestiário, tomei banho. O pessoal desceu e falou: "negão, não fica triste não" Lamentei a expulsão e fiquei lembrando dele me chamando de "negro de merda" Na imagem da TV, não tem como constatar que ele falou isso, mas eu ouvi. Tomei a decisão quando estava acabando o jogo. Juvenal Juvêncio [diretor de futebol do São Paulo] falou que tinha visto as imagens. Perguntou se eu queria ir à delegacia dar queixa e deixou a decisão nas minhas mãos. Resolvi ir, porque havia me sentido humilhado.
Folha - Antes do jogo, você disse que troca de ofensas é normal no futebol. Por que mudou a posição?
Grafite - Pela maneira como ocorreu. No primeiro jogo, discuti com Arango e Sánchez. No Morumbi, discuti de novo com o Arango, mas eram ofensas de jogo, "filho-da-puta", "vai tomar no ...". Já o Desábato estava fora disso e veio da área deles me chamar de "negro de merda". Me senti ofendido. A situação de jogo é uma coisa. Faltar com respeito e humilhar os outros é outra.
Folha - Teve pena de Desábato?
Grafite - Lógico. Senti pena de vê-lo algemado pela TV. Sei que tem uma família, uma mulher grávida. Vivi um drama com minha mãe seqüestrada e senti pena por causa disso, mas a atitude que a polícia teve não é problema meu. Fiquei com pena porque é um companheiro de profissão.
Folha - Você o perdoou?
Grafite - Não posso falar que vou perdoá-lo. Qualquer dia podemos nos encontrar e isso pode acontecer. Mas o fato de eu perdoar não implica a retirada da queixa.
Folha - Ele pode ser condenado a três anos de reclusão...
Grafite - Paciência. Cada um tem que ter consciência dos seus atos e responder por eles. Se for condenado, a lei fará seu trabalho. Não cabe a mim julgar a lei.
Folha - O fato de ter levado como testemunhas um funcionário e um amigo enfraquece o caso?
Grafite - Creio que não. A Folha deu muita ênfase às testemunhas. Eles depuseram sobre o que acharam certo, o que viram na hora.
Folha - O lance foi diante do auxiliar do juiz e de outros atletas. Por que eles não foram testemunhas?
Grafite - Não sei se eles ouviram. O Diego Tardelli estava ao lado do bandeirinha e não ouviu. Se tirar o Desábato do Morumbi e levá-lo à delegacia foi difícil, imagine tentar levar o auxiliar do árbitro...
Folha - Disse algo sobre bananas?
Grafite - Desábato falou da banana inclusive no depoimento, o que é mentira. Antes do jogo, só disse: "Vá com Deus, boa sorte".
Folha - Você teme represálias da Conmebol contra o São Paulo?
Grafite - Não acredito. A Conmebol é muito bem dirigida. Se houver algum fator extracampo, o departamento jurídico do São Paulo se encarregará do caso.
Folha - Esse caso pode torná-lo alvo de novas manifestações?
Grafite - Era o meu direito. Sou rotulado como autor do pontapé inicial da luta contra o racismo no futebol. Não quero ser um marco nem nada. Isso pode me beneficiar ou prejudicar. Só o tempo dirá, mas estou triste com a faixa do Quilmes mostrada no domingo.
Folha - O que foi pior: os gritos de Desábato ou aquela faixa?
Grafite - A faixa é de torcedor. Fiquei chateado. Mas o Desábato causou um enorme constrangimento. Foi errado ter me xingado em razão da cor da minha pele. É diferente de ser ofendido por fãs.
Folha - As dúvidas sobre os testemunhos lhe prejudicam?
Grafite - Não. Após a entrevista coletiva, no dia seguinte ao caso, esta é a primeira vez que falo sobre isso. Tudo o que foi publicado foi passado por terceiros, então não enfraquece o caso.
Especial
Leia o que já publicado sobre GrafiteLeia mais notícias no especial doCampeonato Brasileiro-2005
Grafite não perdoa nem se importa caso Desábato seja preso
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da Folha de S.Paulo
Na primeira entrevista exclusiva após a prisão de Leandro Desábato, Grafite diz que teve pena do argentino, mas que não o perdoou nem terá remorso se sua acusação levar o zagueiro do Quilmes a pegar três anos de cadeia. Ele falou à Folha, por telefone, na última sexta. Não deixou pergunta sem resposta e rechaçou o rótulo de "combatente do racismo"
Folha - Como foi a decisão de levar o caso à polícia?
Grafite - Fui ao vestiário, tomei banho. O pessoal desceu e falou: "negão, não fica triste não" Lamentei a expulsão e fiquei lembrando dele me chamando de "negro de merda" Na imagem da TV, não tem como constatar que ele falou isso, mas eu ouvi. Tomei a decisão quando estava acabando o jogo. Juvenal Juvêncio [diretor de futebol do São Paulo] falou que tinha visto as imagens. Perguntou se eu queria ir à delegacia dar queixa e deixou a decisão nas minhas mãos. Resolvi ir, porque havia me sentido humilhado.
Folha - Antes do jogo, você disse que troca de ofensas é normal no futebol. Por que mudou a posição?
Grafite - Pela maneira como ocorreu. No primeiro jogo, discuti com Arango e Sánchez. No Morumbi, discuti de novo com o Arango, mas eram ofensas de jogo, "filho-da-puta", "vai tomar no ...". Já o Desábato estava fora disso e veio da área deles me chamar de "negro de merda". Me senti ofendido. A situação de jogo é uma coisa. Faltar com respeito e humilhar os outros é outra.
Folha - Teve pena de Desábato?
Grafite - Lógico. Senti pena de vê-lo algemado pela TV. Sei que tem uma família, uma mulher grávida. Vivi um drama com minha mãe seqüestrada e senti pena por causa disso, mas a atitude que a polícia teve não é problema meu. Fiquei com pena porque é um companheiro de profissão.
Folha - Você o perdoou?
Grafite - Não posso falar que vou perdoá-lo. Qualquer dia podemos nos encontrar e isso pode acontecer. Mas o fato de eu perdoar não implica a retirada da queixa.
Folha - Ele pode ser condenado a três anos de reclusão...
Grafite - Paciência. Cada um tem que ter consciência dos seus atos e responder por eles. Se for condenado, a lei fará seu trabalho. Não cabe a mim julgar a lei.
Folha - O fato de ter levado como testemunhas um funcionário e um amigo enfraquece o caso?
Grafite - Creio que não. A Folha deu muita ênfase às testemunhas. Eles depuseram sobre o que acharam certo, o que viram na hora.
Folha - O lance foi diante do auxiliar do juiz e de outros atletas. Por que eles não foram testemunhas?
Grafite - Não sei se eles ouviram. O Diego Tardelli estava ao lado do bandeirinha e não ouviu. Se tirar o Desábato do Morumbi e levá-lo à delegacia foi difícil, imagine tentar levar o auxiliar do árbitro...
Folha - Disse algo sobre bananas?
Grafite - Desábato falou da banana inclusive no depoimento, o que é mentira. Antes do jogo, só disse: "Vá com Deus, boa sorte".
Folha - Você teme represálias da Conmebol contra o São Paulo?
Grafite - Não acredito. A Conmebol é muito bem dirigida. Se houver algum fator extracampo, o departamento jurídico do São Paulo se encarregará do caso.
Folha - Esse caso pode torná-lo alvo de novas manifestações?
Grafite - Era o meu direito. Sou rotulado como autor do pontapé inicial da luta contra o racismo no futebol. Não quero ser um marco nem nada. Isso pode me beneficiar ou prejudicar. Só o tempo dirá, mas estou triste com a faixa do Quilmes mostrada no domingo.
Folha - O que foi pior: os gritos de Desábato ou aquela faixa?
Grafite - A faixa é de torcedor. Fiquei chateado. Mas o Desábato causou um enorme constrangimento. Foi errado ter me xingado em razão da cor da minha pele. É diferente de ser ofendido por fãs.
Folha - As dúvidas sobre os testemunhos lhe prejudicam?
Grafite - Não. Após a entrevista coletiva, no dia seguinte ao caso, esta é a primeira vez que falo sobre isso. Tudo o que foi publicado foi passado por terceiros, então não enfraquece o caso.
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