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não reflete democracia social, diz historiador


da Folha Online

Jayme de Carvalho Jr./Folha Imagem.
O historiador da UFRJ José Murilo de Carvalho em palestra no auditório da Folha
Os arranjos de poder que sucederam grandes turbulências políticas e que, depois dessas crises, deram estabilidade ao sistema de governo vigente no Brasil foram abordados na palestra do historiador José Murilo de Carvalho, professor titular do departamento de história da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), autor de "Pontos e Bordados" (Ed. da UFMG), entre outros.
A palestra, que integra o ciclo de conferências com a participação dos autores que escrevem na seção "Brasil 501 d.C.", do caderno Mais!, teve como tema "O ovo da serpente: pactos políticos e ordem conservadora". O evento foi realizado segunda-feira (29/5), às 19h30, no auditório da Folha (al. Barão de Limeira, 425, 9º andar).
Segundo o professor da UFRJ, o primeiro grande pacto político brasileiro se deu nos anos de 1844 e 1845. Ele explica que, em 1842, liberais de São Paulo, Minas e Rio de Janeiro se revoltaram contra os conservadores que haviam promovido o golpe da maioridade de d. Pedro 2º dois anos antes.
Em 1844, a elite brasileira percebeu que, por meio da alternância de tais facções no poder, podia se tornar um árbitro confiável dos conflitos de liberais e evitar revoltas violentas, como a Cabanagem, que aconteceu na antiga província do Grão-Pará em 1835 e 1836, durante o período regencial. Esse acordo político, na opinião de Carvalho, sofre um rompimento a partir do apoio dado pelo governo à abolição da escravatura, em 1888.
O segundo pacto durou cerca de 32 anos, de acordo com o historiador. Começou com o governo do presidente Campos Salles (1898-1902) e terminou em 1930. Ele justifica que a política de Campos Sales excluía a participação política de 95% da população, e os deputados eleitos eram os que tinham apoio dos governadores. Esse novo acordo formaria o sistema de república oligárquica, que só viria a sofrer turbulências entre 1930 e 1945, com o movimento operário e o fortalecimento dos militares.
Em 1945, foi introduzido o sistema de competição eleitoral. Carvalho ressalta a utilização da cláusula da "tutela", ou seja, a competição eleitoral funcionaria sob o controle do governo, enquanto não ameaçasse a ordem social. O índice de participação eleitoral de 13% em 1872 foi retomado em 1945 e daí em diante, aumentaria, mesmo durante o regime militar (1964-85).
Outros fatores que contribuíram para esse terceiro período de pacto político foram o fortalecimento do movimento sindical urbano, das associações camponesas e sindicatos rurais e o fortalecimento de partidos de tendência de centro-esquerda, como o PTB.
A quebra desse pacto aconteceu, conforme diz o historiador, porque o "sistema não conseguiu absorver a participação que as regras formais da competição permitia: imprensa livre, organização livre".
O último dos quatro pactos políticos foi organizado em 1988, segundo a exposição de José Murilo de Carvalho. A competição eleitoral "sem a cláusula da tutela", em que se tentou instituir a democracia como instrumento de resolução de conflitos, com ampliação da participação política e liberdade de imprensa, características de um regime democrático.
"O grande problema é que esse avanço no que se refere à democracia política não se refletiu até hoje, de maneira sensível, na democracia social". Para o historiador, a má distribuição de renda permanece estável ou aumenta, mas não diminui, havendo crescimento ou crise econômica no Brasil.
"O ovo com o qual temos que nos preocupar é o ovo que pode estar chocando no ninho da crise. Esse, a meu ver, é o ovo da serpente", finaliza.
(ADRIANA RESENDE)
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