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da Folha Online
"Selvagem", "domesticado" e "fluido": essas são as três idades do Brasil,
segundo a classificação do geógrafo Milton Santos, professor emérito da
USP. Milton Santos debateu o tema em palestra realizada segunda-feira (15/5),
às 19h30, no auditório da Folha. O evento fez parte do ciclo de palestras
com autores que escrevem periodicamente na seção Brasil 501 d.C., do caderno
Mais! do jornal.
O geógrafo lançou, na 16ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, dois
livros discutindo a questão da globalização: "Globalização e Sociedade"
(ed. Fundação Perseu Abramo) e "Por uma Outra Globalização" (ed. Record).
Santos exerceu boa parte da carreira acadêmica no exterior (França, Canadá,
EUA, Peru, Venezuela etc.). Em 1994 recebeu o Prêmio Internacional de Geografia
Vautrin Lud, na França - uma espécie de Nobel da Geografia.
Para ele, nos primeiros 350 anos do Brasil, a natureza tinha o comando das
ações dos homens, e o uso do território brasileiro era determinado pelo
comércio. Os cem anos seguintes representam, na concepção de Santos, a tentativa
do homem de "amansar a natureza" por meio da utilização de equipamentos
técnicos e mecânicos.
A fluidez do Brasil nos últimos 50 anos se deve ao que o geógrafo classifica
como fenômeno da informação. A evolução técnica e tecnológica imprime maior
velocidade de informação, o que muda também a política, segundo Santos.
"A velocidade é um dado da política, não um dado da técnica", diz. Para
ele, não vivemos numa democracia, "porque as condições do fenômeno técnico
aumentam a desigualdade" .
Milton Santos sugere o aparecimento de uma quarta idade do Brasil. Essa
quarta idade deveria surgir, segundo ele, não por meio das pessoas que "apenas
dizem fazer política, mas por meio daqueles que a fazem discutindo e interpretando
a realidade do país".
Ao final da palestra, o geógrafo e professor emérito da USP respondeu às
perguntas feitas pelo público, em grande parte representado por professores
e alunos do ensino médio. Exclusão social, democracia, educação e MST foram
alguns dos assuntos debatidos.
Questionado se haveria uma forma de modificar a política no país, Santos
afirmou: "A técnica só pode ser entendida a partir da política. Não se muda
nada fazendo o que os dominadores nos pedem que façamos. Não existe técnica
separada da política nem política separada da técnica".
(Adriana Resende)
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