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Crítica
03/04/2003 - 19h44

"Frida" se perde no foco e na língua, mas vale pela personagem

MARCELO BARTOLOMEI
Editor de entretenimento da Folha Online

A história da pintora mexicana Frida Kahlo, um prato cheio para uma perfeita adaptação para cinema, se perde no vai-e-vém de um projeto difícil de ser realizado e na luta da atriz Salma Hayek, também de origem mexicana, para fazê-lo. Salma, produtora do longa, teve dificuldades financeiras e de filmagem, mas viu seu projeto acontecer, mesmo que longe da realidade da artista, que morreu em 1954.

Não fosse o reconhecimento pela luta de Salma e pela própria personagem que Frida Kahlo é, o longa, que é falado em inglês, não passaria nem da primeira sessão.

É que o filme não retrata a realidade, nem a dor e o intenso sofrimento da pintora, vítima de um acidente de ônibus, em 1925, que, por pouco, não a matou -ela teve vários cortes no corpo, quebrou a bacia, a coluna e teve um dos pés esmagados, além do corte profundo causado por uma barra de ferro que atravessou seu corpo e saiu pela vagina.

O filme é um tiro de raspão na vida de Frida Kahlo. A partir dele, é possível imaginar quem foi a pintora e o que ela passou em vida, mesmo que tenha desejado a morte.

"Frida", dirigido por Julie Taymor, tenta respirar dor, arte e emoção, mas derrapa, antes de mais nada, na língua. É muito incômodo, no entanto, ver os personagens vociferando frases inteiras em inglês e palavra ou outra em espanhol.

Por questões comerciais, o filme não foi feito em espanhol, porque "não venderia".

A personagem, no entanto, está bem caracterizada: o figurino, formado por roupas exóticas e coloridas, os animais e a riqueza de telas por ela pintadas estão no filme.

No filme, Taymor encontra espaço para brincar um pouco com a linguagem: há uma sequência com cenas de Diego Rivera (Alfred Molina) como King Kong em Nova York e outra com caveirinhas marionetes logo após o acidente da pintora, durante seu coma, que dão um ar de modernidade ao filme.

As passagens das telas para as cenas, feitas digitalmente, também são pontos positivos do filme, que se atém a contar uma história rápida da pintora (apesar dos 118 minutos de duração), passando de leve por sua inclinação pelo homossexualismo e pela relação extraconjugal que manteve com o teórico revolucionário russo León Trotsky.

"Frida" concorreu a seis Oscar (Melhor Atriz, Melhor Direção de Arte, Figurino, Maquiagem, Trilha Sonora e Canção), mas só ganhou dois (por maquiagem e trilha). Não que o Oscar esteja tão gabaritado para fazer valer o filme, já que o ser humano Frida está longe das telas do cinema.

É um filme para se assistir, sim, mas não para ficar na história como uma biografia audiovisual de uma das maiores personalidades do século 20.

Serviço

"Frida"
Produção: EUA, 2001
Direção: Julie Taymor
Com: Salma Hayek, Alfred Molina, Ashley Judd, Geoffrey Rush, Antonio Banderas e Edward Norton
Quando: a partir de hoje, no circuito


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