02/07/2001 - 16h36

Cinema: "Atlantis" tem aventura, mas pouca inventividade

MARCELO DALLA PRIA
da Folha Online

Os estúdios norte-americanos Walt Disney Pictures realizaram "Altantis - O Reino Perdido" baseados nas grandes aventuras de explorações, nos moldes da série "Indiana Jones". Na animação, claro, o objetivo é encontrar Atlântida, uma civilização milenar que teria desaparecido da noite para o dia, engolida por uma gigantesca onda.

O enredo se passa em 1914 e também segue os filmes do gênero de aventuras, sem grande inventividade. O herói da história é o intelectual Milo, cartólogo e linguista responsável por guiar a expedição ao seu destino. Descobrir o reino perdido e desvendar sua revolucionária fonte de energia é o sonho deste rapaz idealista, que recebe do avô um livro antigo com as coordenadas do continente submerso. Nas cópias em inglês, o personagem é dublado pelo ator Michael J. Fox.

Segue-se então a expedição, coordenada pelo comandante Rourke e sua trupe, um bando de personagens engraçados como a sarcástica oficial veterana de comunicações (a hilariante Sra. Packard); o pirado francês especialista em escavações (Moli); o desastrado italiano especialista em explosivos (Vinny); a sedutora comandante imediata (Helga) e -nas cópias em português- até um simpático cozinheiro de Minas Gerais (Cookie), cuja "gororoba" ninguém consegue engolir. As vozes da Sra. Packard e de Helga foram dubladas, respectivamente, pelas atrizes Ruth Gonçalves e Maitê Proença.

Depois de passar por uma série de aventuras, a expedição encontra finalmente Atlântida: uma civilização ainda habitada, mas em franca decadência. Numa caverna, no fundo do oceano, está a cidade praticamente em ruínas e com uma população de desanimados. Na visão Disney, o lendário reino perdido foi retratado como um paraíso tropical com elementos inspirados no sudeste asiático.

Em Atlântida, Milo e equipe acabam conhecendo a princesa Kida (dublada pela atriz Camila Pitanga), a heroína que deseja resgatar a história de seu povo e, assim, salvá-lo da extinção. Os aventureiros descobrem também o poder de um cristal mágico que é a fonte de energia de toda cidade, além de possuir propriedades curativas.

A partir daí, Rourke e Helga revelam-se os gananciosos vilões da história, sequestrando Kida e o poder do cristal e deixando seus companheiros para trás. Milo, então, juntamente com os outros membros da equipe, lança-se numa batalha para resgatar Kida e salvar a cidade do que seria o seu fim.

Tecnicamente, animação não decepciona

Se a história não empolga muito, tecnicamente, Atlantis não deixa a desejar. Toda filmada em CinemaScope, a produção adota o formato "wide screen", que usa tela 30% maior do que o padrão proporcionando mais realismo às cenas de ação. A animação é também repleta de efeitos especiais 2D e digitais 3D, dos quais os principais incluem explosões, um vulcão em erupção, milhares de pirilampos incendiários, cristais fluorescentes, raios laser e bolhas de ar, entre outros. A enjoada canção-tema "Junto Com Teu Sonho" ganhou a interpretação da cantora Deborah Blando, na versão em português.

Produzida por Don Hahn e dirigida por Gary Trousdale e Kirk Wise, responsáveis por animações como "A Bela e a Fera" e "O Corcunda de Notre Dame", Atlantis ocupava, até o fim de semana passado (23 e 24), a quarta posição no ranking de bilheteria dos Estados Unidos, segundo a empresa Exhibitor Relations. Com arrecadação de US$ 12,5 milhões, a animação da Disney bateu o concorrente "Shrek", da Dreamworks, que obteve US$ 10,4 milhões.

No entanto, quem espera encontrar em Atlantis um pouco do espírito inventivo e futurístico que inspirou Júlio Verne ao escrever obras de explorações como Da Terra à Lua (1865) e Vinte Mil Léguas Submarinas (1870) pode se frustrar. Atlantis tem bastante aventura, cenas divertidas e bem produzidas, mas a criatividade parece ter ficado na superfície.

Serviço

Atlantis - O Reino Perdido
Direção: Gary Trousdale e Kirk Wise