19/10/2001
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11h29
"Apocalypse Now" chega maior e melhor à mostra de SP
ALCINO LEITE NETO da Folha de S. Paulo, em Paris
Quando "Apocalypse Now" reestreiou na versão ampliada, a recepção do filme foi sobretudo cinéfila. Agora, uma vez que os Estados Unidos se engajou em nova guerra e o mundo se depara com um caos político e social, a visão da obra-prima de Francis Ford Coppola deve ser predominante histórica e moral.
No filme, em plena Guerra do Vietnã, um capitão (Martin Sheen) sai em busca do esconderijo de um coronel americano (Marlon Brando), que desertou misteriosamente, abandonando família e país. Numa região remota do Vietnã, construiu um exército particular, com o qual age em proveito próprio e contra os Estados Unidos.
O filme original, de 1979, é um marco da representação e da interpretação da Guerra do Vietnã pelo cinema. A nova versão, chamada "Apocalypse Now Redux", com 53 minutos a mais e remasterização de sons e imagens, foi exibida no Festival de Cannes deste ano.
As qualidades cinematográficas do filme não envelheceram e permanecem lá, maiores ainda. Há cenas notáveis que pela primeira vez serão vistas pelo espectador brasileiro. Ainda entusiasma o modo como Coppola pôde reunir o hiperrealismo e o imaginário pop ao seu barroquismo exacerbado, tudo em forma bastante rigorosa.
Mas o que mais impressiona, hoje, é a similitude entre a trajetória do coronel Kurtz e a de Bin Laden -parceiro dos EUA na Guerra do Afeganistão e, agora, o seu inimigo número 1. Em ambas as histórias, não é a guerra do bem contra o mal que conta, mas a luta entre duas formas de irracionalidade, uma fruto da outra, as duas se engendrando mutuamente, numa bruxaria infernal.
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Apocalypse Now Redux Direção: Francis Ford Coppola Produção: EUA, 2000 Com: Martin Sheen, Marlon Brando, Robert Duvall e Dennis Hopper Quando: dia 20, às 20h40 (Cinearte 1)
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