11/10/2002
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03h04
50 anos da Sun Records vêm em edição caprichada
DIEGO ASSIS da Folha de S.Paulo
E no princípio era a Sun. Há 50 anos, um jovem e desconhecido saxofonista de nome Johnny London gravaria "Drivin" Slow", inaugurando aquele que seria o principal selo de rhythm'n'blues da história da música pop americana, o Sun Records.
Dois anos e alguns singles de blues, bluegrass e boogie depois, um também então desconhecido Elvis Presley bateria às portas da pequena gravadora em Memphis, Tenessee. Ele queria gravar um country, "That's Alright", para dar de presente à sua mãe.
Essas e outras peças que formaram o embrião do rock'n'roll estão em "Sun Records: The 50th Anniversary Collection", caprichadíssima edição comemorativa -e dupla- dedicada ao selo de Sam Phillips e lançada agora pela BMG no Brasil.
Além das faixas já citadas, o primeiro disco da compilação reserva espaço a Junior Parker e seus Blue Flames (na verdade uma das principais fontes das músicas que Phillips repassaria a Elvis); à profética "I'm Gonna Murder my Baby", do guitarrista Pat Hare (que, de fato, assassinou a sua namorada e passou o resto da vida na cadeia); à soul music de Rufus Thomas, entre outros.
Mas está aqui também -no primeiro disco- a verdadeira "santíssima trindade" dos primeiros anos da Sun: Elvis Presley, Johnny Cash e Carl Perkins.
Acompanhado pelo guitarrista Scotty Moore e pelo baixista Bill Black, Elvis faz miséria, em agosto de 1955, ao redesenhar os contornos de "Misery Train", gravada dois anos antes por Junior Parker. Apesar disso, não fez o barulho esperado. Elvis não ficou parado esperando: "vendeu-se" para a RCA num contrato de US$ 35 mil.
Perkins preencheria a lacuna, surgindo quatro meses depois com a enérgica "Blue Suede Shoes", que, mais do que as de Elvis, conquistou pela primeira vez a atenção nacional.
"Folsom Prison Blues" e "I Walk the Line", de Johnny Cash & The Tenessee Two, faziam o contraponto country _dizia Phillips, uma de suas principais paixões ao lado da música gospel.
Como Elvis, Cash e o próprio Perkins não durariam muito na Sun, que, passada a limpo, pode ser vista mais como uma descobridora de talentos do que propriamente uma indústria de hits _o que acabou ficando a cargo de majors da época, como a RCA e a Columbia. No final dos 60, o selo fecharia as suas portas.
E essa nem é a metade da história. Roy Orbinson, Jerry Lee Lewis e Hayden Thompson, entre muitos outros, também tiveram seus trabalhos etiquetados com o galinho que caracterizava a gravadora de Sam Philips e estão na segunda parte (disco) da jornada pelo baú do r'n'b.
O aquecimento vocal "Ooby Dooby", de Roy Orbison & Teen Kings (1956), abre o repertório, dando a dica definitiva da nova aposta do selo: o rockabilly. A faixa faz par com "Shoobie Oobie", do blueseiro Rosco Gordon, e com a emblemática "Flying Saucers Rock'n'Roll", de Billy Riley & His Little Green Men.
Mas são de Lee Lewis, provavelmente, as maiores pérolas deste volume dois de "Sun Records: The 50th...". Estão aqui uma versão de 57 do piano "percussivo" de Lewis, em "Whole Lotta Shakin" Going On". "High School Confidential", gravação quase autobiográfica do pianista _que, na época, casava-se com uma garota de 13 anos- traz também a sua marca incendiária.
Cinquenta anos de boa música.
Sun Records: The 50th Anniversary Collection Artista: vários Lançamento: BMG Preço: R$ 45, em média
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