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16/02/2001 - 04h33

Crítica: Você já viu esse filme (Chocolate) em algum lugar...

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SÉRGIO DÁVILA, da Folha de S.Paulo

Busca: "Forasteiro(a) chega a vilarejo e muda cotidiano das pessoas depois de sofrer forte resistência do líder da comunidade".

Resultado: pelo menos 49 filmes, cerca de dez novelas da Globo e incontáveis romances. Inclusive "Chocolate", livro e filme.

Chama-se "Chocolate", mas poderia ser rebatizado de "A Festa de Binoche". Ou "A Festa de Juliette". É o mesmo filme que você já viu em algum lugar, com roupa nova e mais dinheiro.

Assim, Vianne Rocher (Juliette Binoche) chega com a filha a uma cidadezinha francesa em 1960, onde abre uma chocolateria. Ganha a amizade da velha ranzinza (Judi Dench), da louca local (Lena Olin) e mais uns poucos.

Será combatida pelo prefeito carola (Alfred Molina), cuja mulher fugiu, pela viúva nervosa (Carrie-Anne Moss) e pelo bronco dono do bar (Peter Stormare).

Com o tempo, a doceira conquistará a todos pela boca. De quebra, terá um romance com um cigano que está de passagem (Johnny Depp). Faltou algo?
Deixe-me ver. Todos falam inglês com sotaque francês (mesmo os atores não-franceses). Ah, a trilha é linda ("Minor Swing", com Stephane Grapelli, "Caravan", com Django Reinhardt...).

E Judi Dench e Lena Olin estão ótimas, como sempre. E Carrie-Anne Moss, com sua beleza triste, mostra que é mais do que "aquela-heroína-de-"Matrix'".

Por que o filme está fazendo sucesso, então? Por partes.
O sueco Lasse Hallström é o cineasta da tolerância. Foi descoberto mundialmente com a excelente tragicomédia infantil "Minha Vida de Cachorro", de 1985, que lhe valeu a ida a Hollywood.

Depois, já nos EUA, dirigiu o ótimo "Gilbert Grape - Aprendiz de Sonhador", mas foi com "As Regras da Vida", de 1999, que caiu nas graças
da Miramax.

É aí que mora o problema. O estúdio dos filhos de dona Mira e seu Maximiniano (Mira + Max, Miramax, entendeu?) dá verniz "de arte" a todos os seus filmes.

Mas não há arte nesses "filmes de arte". Que arte havia em "Paciente Inglês"? "Gênio Indomável"? "Shakespeare Apaixonado"? "Regras da Vida"?
O problema é que os votantes do Oscar, na sua maioria caipiras que acham "bem" fazer filme sobre Shakespeare ou no interior da França ou sobre fábulas medievais ou com sotaque britânico, caem sempre no truque.

E dá-lhe indicações. E prêmios. Foi assim com "Paciente" (12 indicações, com nove ganhas) "Shakespeare" (13, com sete ganhas), "Regras" (sete, com duas) e este "Chocolate" (cinco, incluindo melhor filme).

Você (e espectadores de todo o mundo) conta as estatuetas, lê as resenhas condescendentes, se ilude e vai ao cinema. E vê que o filme não é um horror, longe disso: está muitos pontos acima de "60 Segundos", "Show Bar" e "O Efeito Ilha", por exemplo.
Então, você continua indo.

Chocolate
Direção:
Lasse Hallström
Produção: EUA/Reino Unido, 2000
Com: Juliette Binoche, Johnny Depp
Quando: a partir de hoje nos cines Espaço Unibanco, Iguatemi, Interlagos, Villa-Lobos e circuito

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