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09/03/2001
-
18h27
da Reuters, em São Paulo
Giuseppe Tornatore é daqueles diretores de um filme só. Depois do sucesso avassalador de "Cinema Paradiso", que ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro em 1990, o que se seguiu nunca chegou à altura deste hino de amor ao cinema. Em "Malena", filme com pré-estréia nesta sexta-feira, o diretor volta a escorregar ao tentar contar outra história nostálgica sob o prisma da adolescência.
O diretor de "O Homem das Estrelas" e "A Lenda do Pianista do Mar", dois filmes corretos mas sem muito brilhantismo, aposta as suas lentes mais uma vez no estilo felliniano de se fazer cinema - personagens excêntricos envoltos no caos - mas cai um pouco no descrédito e na farsa. Insiste na tese do poder da beleza e do seu alto custo à luz de uma coletividade cega e reacionária.
Malena (Mônica Bellucci) é uma bela jovem viúva que é a mais irresistível atração de uma pacata vila no litoral da Sicília durante a Segunda Guerra Mundial. A beleza arrebatadora de Malena vira a cabeça do menino Renato Amoroso (Giuseppe Sulfaro), de 13 anos, que, junto com outros amigos de sua vila, seguem a moça por todos os cantos da cidade.
Ao contrário dos ignorantes e insaciáveis sicilianos e de suas esposas invejosas e feias, Renato é o único que realmente ama Malena e vê alguma beleza além de suas coxas, reconhecendo a virtude da moça mesmo quando esta se entrega à prostituição.
Mas o filme não consegue encontrar uma harmonia consistente. Ele peca ao mesclar fantasias cinematográficas vivenciadas por Renato e a sua musa com masturbações pré-adolescentes em meio à histeria familiar e coletiva. Soma-se a tudo isso uma dose de personagens pouco interessantes - tipo o advogado Centrobi (Gilberto Idone), o pai de Renato (Luciano Federico) e companhia.
Em princípio, a câmera parece nos dizer que não está tomando nenhuma posição, seja para condenar ou aplaudir os sentimentos absurdos que vêm à tona na vila siciliana. Mas fica a impressão que Guiseppe Tornatore prefere o caminho moralista, ao mostrar Malena apenas feliz como prostituta de alemães e cabisbaixa e submissa quando volta depois para a vila que a humilhou, como se estivesse procurando "se redimir de seus pecados".
"Malena" chegou a ser indicado ao Oscar 2001 nas categorias de melhor música e cinematografia, mas não recebeu nenhuma nomeação para melhor filme ou ator. Não é por menos. A interpretação dos atores não impressiona, tampouco o roteiro frouxo e pouco envolvente.
No que parece ser até proposital, o filme se nega a aprofundar o olhar para além dos belos cabelos e corpo de Malena, mostrando-a apenas através da visão de um menino de 13 anos, de um advogado pervertido e de uma mulher de meia-idade invejosa. Mesmo reconhecendo o mérito desta escolha, o que resta é a apatia do público com o drama de Malena.
Seria uma glória se Guiseppe Tornatore voltasse a dar brilho à uma história tipo a de Totó crescendo em meio às películas de um cineminha de uma pacata vila italiana. Pena que Tornatore insiste na nostalgia que não diz a que veio.
"Malena'' não capta nostalgia de "Cinema Paradiso"
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Giuseppe Tornatore é daqueles diretores de um filme só. Depois do sucesso avassalador de "Cinema Paradiso", que ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro em 1990, o que se seguiu nunca chegou à altura deste hino de amor ao cinema. Em "Malena", filme com pré-estréia nesta sexta-feira, o diretor volta a escorregar ao tentar contar outra história nostálgica sob o prisma da adolescência.
O diretor de "O Homem das Estrelas" e "A Lenda do Pianista do Mar", dois filmes corretos mas sem muito brilhantismo, aposta as suas lentes mais uma vez no estilo felliniano de se fazer cinema - personagens excêntricos envoltos no caos - mas cai um pouco no descrédito e na farsa. Insiste na tese do poder da beleza e do seu alto custo à luz de uma coletividade cega e reacionária.
Malena (Mônica Bellucci) é uma bela jovem viúva que é a mais irresistível atração de uma pacata vila no litoral da Sicília durante a Segunda Guerra Mundial. A beleza arrebatadora de Malena vira a cabeça do menino Renato Amoroso (Giuseppe Sulfaro), de 13 anos, que, junto com outros amigos de sua vila, seguem a moça por todos os cantos da cidade.
Ao contrário dos ignorantes e insaciáveis sicilianos e de suas esposas invejosas e feias, Renato é o único que realmente ama Malena e vê alguma beleza além de suas coxas, reconhecendo a virtude da moça mesmo quando esta se entrega à prostituição.
Mas o filme não consegue encontrar uma harmonia consistente. Ele peca ao mesclar fantasias cinematográficas vivenciadas por Renato e a sua musa com masturbações pré-adolescentes em meio à histeria familiar e coletiva. Soma-se a tudo isso uma dose de personagens pouco interessantes - tipo o advogado Centrobi (Gilberto Idone), o pai de Renato (Luciano Federico) e companhia.
Em princípio, a câmera parece nos dizer que não está tomando nenhuma posição, seja para condenar ou aplaudir os sentimentos absurdos que vêm à tona na vila siciliana. Mas fica a impressão que Guiseppe Tornatore prefere o caminho moralista, ao mostrar Malena apenas feliz como prostituta de alemães e cabisbaixa e submissa quando volta depois para a vila que a humilhou, como se estivesse procurando "se redimir de seus pecados".
"Malena" chegou a ser indicado ao Oscar 2001 nas categorias de melhor música e cinematografia, mas não recebeu nenhuma nomeação para melhor filme ou ator. Não é por menos. A interpretação dos atores não impressiona, tampouco o roteiro frouxo e pouco envolvente.
No que parece ser até proposital, o filme se nega a aprofundar o olhar para além dos belos cabelos e corpo de Malena, mostrando-a apenas através da visão de um menino de 13 anos, de um advogado pervertido e de uma mulher de meia-idade invejosa. Mesmo reconhecendo o mérito desta escolha, o que resta é a apatia do público com o drama de Malena.
Seria uma glória se Guiseppe Tornatore voltasse a dar brilho à uma história tipo a de Totó crescendo em meio às películas de um cineminha de uma pacata vila italiana. Pena que Tornatore insiste na nostalgia que não diz a que veio.
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