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16/03/2001
-
04h18
SÉRGIO DÁVILA, da Folha de S.Paulo
É injustiça lembrar-se de Giuseppe Tornatore só como o diretor de "Cinema Paradiso". Ele fez o drama apelativo de 1988, mas é também autor de "Uma Simples Formalidade", cinco anos após. O duelo verbal, emocional e de interpretação do francês Gérard Depardieu e do polonês Roman Polanski está em qualquer lista que se preze dos bons filmes da década de 90.
Mas Tornatore, vencedor de Cannes, do Oscar e de outros, virou o cineasta italiano modelo exportação, o macarrão Barilla das telas. É nesta categoria que se encaixa "Malena".
Aqui, o italiano volta a apostar no certo. Reedita um "Cinema Paradiso"
com mudanças cosméticas. O menino vira o adolescente Renato Amoroso, e sua paixão não é mais o cinema, mas a morena sestrosa Maddalena Scordia (a linda e péssima Monica Belucci), apelido Malena.
Encarnação do desejo em uma cidadezinha na Sicília durante a Segunda Guerra, ela é odiada pelas mulheres, cobiçada pelos homens e "homenageada" pelos meninos, enquanto seu marido luta no Exército de Mussolini.
Assim, Renato vai forçando sua entrada na adolescência (pede para o pai para usar calças compridas; este, anarquista, responde que "só quando Il Duce cair!") e fica obcecado por Malena. Segue-a durante o dia e a observa à noite.
Morto o marido da musa, Malena passa de ameaça a perigo real. Há filas de pretendentes em sua porta. Ela acaba marginalizada.
Vira prostituta. Cai o fascismo e, na mesma hora em que os habitantes dão boas-vindas aos aliados americanos, as mulheres decidem justiçar a
pecadora, que é quase apedrejada em público.
É o momento em que Renato poderia fazer o rito de passagem para a vida adulta, já que é o único a saber de toda a verdade -que Malena é mais uma vítima de um tempo confuso e de uma bunda perfeita. Mas nem ele nem o filme fazem nada. Por mais uma hora.
É clara a repetição da premissa de "Paradiso": Malena é o cinema de Renato. É observando a mulher de longe, na platéia, que ele vai descobrir o sexo, a traição, a maldade, a hipocrisia, como acontecia com o pequeno Salvatore. Com um agravante: por mais gostosa que seja Malena/ Monica Belucci, ela não chega aos pés de Alfredo/Philippe Noiret.
Malena
Produção: Itália/EUA, 2000
Direção: Giuseppe Tornatore
Com: Monica Belucci, Giuseppe Sulfaro
Quando: a partir de hoje nos cines Cinearte, Internacional Guarulhos, Jardim Sul e SP Market
Leia mais notícias sobre o Oscar 2001
Crítica: Tornatore, o cineasta Barilla
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É injustiça lembrar-se de Giuseppe Tornatore só como o diretor de "Cinema Paradiso". Ele fez o drama apelativo de 1988, mas é também autor de "Uma Simples Formalidade", cinco anos após. O duelo verbal, emocional e de interpretação do francês Gérard Depardieu e do polonês Roman Polanski está em qualquer lista que se preze dos bons filmes da década de 90.
Mas Tornatore, vencedor de Cannes, do Oscar e de outros, virou o cineasta italiano modelo exportação, o macarrão Barilla das telas. É nesta categoria que se encaixa "Malena".
Aqui, o italiano volta a apostar no certo. Reedita um "Cinema Paradiso"
com mudanças cosméticas. O menino vira o adolescente Renato Amoroso, e sua paixão não é mais o cinema, mas a morena sestrosa Maddalena Scordia (a linda e péssima Monica Belucci), apelido Malena.
Encarnação do desejo em uma cidadezinha na Sicília durante a Segunda Guerra, ela é odiada pelas mulheres, cobiçada pelos homens e "homenageada" pelos meninos, enquanto seu marido luta no Exército de Mussolini.
Assim, Renato vai forçando sua entrada na adolescência (pede para o pai para usar calças compridas; este, anarquista, responde que "só quando Il Duce cair!") e fica obcecado por Malena. Segue-a durante o dia e a observa à noite.
Morto o marido da musa, Malena passa de ameaça a perigo real. Há filas de pretendentes em sua porta. Ela acaba marginalizada.
Vira prostituta. Cai o fascismo e, na mesma hora em que os habitantes dão boas-vindas aos aliados americanos, as mulheres decidem justiçar a
pecadora, que é quase apedrejada em público.
É o momento em que Renato poderia fazer o rito de passagem para a vida adulta, já que é o único a saber de toda a verdade -que Malena é mais uma vítima de um tempo confuso e de uma bunda perfeita. Mas nem ele nem o filme fazem nada. Por mais uma hora.
É clara a repetição da premissa de "Paradiso": Malena é o cinema de Renato. É observando a mulher de longe, na platéia, que ele vai descobrir o sexo, a traição, a maldade, a hipocrisia, como acontecia com o pequeno Salvatore. Com um agravante: por mais gostosa que seja Malena/ Monica Belucci, ela não chega aos pés de Alfredo/Philippe Noiret.
Malena
Produção: Itália/EUA, 2000
Direção: Giuseppe Tornatore
Com: Monica Belucci, Giuseppe Sulfaro
Quando: a partir de hoje nos cines Cinearte, Internacional Guarulhos, Jardim Sul e SP Market
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