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19/03/2001 - 04h34

Wood e Stock saltam das tiras às telas

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SILVANA ARANTES, da Folha de S.Paulo

Com 30 anos de diálogos trocados no sofá, os hippies Wood e Stock têm o mais imóvel perfil entre os 21 personagens criados pelo traço do cartunista Angeli.

Mas é precisamente a dupla que ganhará movimento no longa de animação "Wood & Stock - Sexo, Orégano e Rock'n'Roll", o segundo na carreira do gaúcho Otto Guerra ("Rocky & Hudson"), com início de produção previsto para abril, em Porto Alegre.

"O que existe nesses personagens -que não há nos outros- é uma fórmula que dá muito certo para contar uma história: uma família formada. Temos o Wood, a mulher dele, Lady Jane, o filho do casal, Overall, um montão de amigos do filho e Stock, o amigo da família", diz Angeli, 44.

Otto Guerra, 45, conta que havia pensado em fazer "um filme infantil comercial para ganhar dinheiro". Mas acabou seduzido pela perspectiva de realizar "um filme trash de novo, baseado nos personagens de Angeli".

O desafio de "adaptar o perverso universo angeliano para as telas, encaixar suas geniais tiradas numa história única" foi entregue ao roteirista Rodrigo John, 28.

Na semana passada, John e Angeli discutiram a versão final do trabalho. "É o 1.004º tratamento no roteiro. Isso já é um tratamento psiquiátrico", diz John.

A solução encontrada pelo roteirista para "tornar interessante um filme sobre dois personagens que não se mexem" foi tomar "certas liberdades" e colocá-los em "alguns apuros". Citam-se: o fim de um casamento (de Wood e Lady Jane), a necessidade (de ambos) de trabalhar, a administração do ciúme num "ménage à trois" (com Rê Bordosa) e uma incontornável falta de dinheiro.

Além disso, a história será salpicada de participações de outros célebres personagens de Angeli, como a já citada e nunca esquecida Rê Bordosa.

Tomar a idéia, de início, com reserva e render-se a ela no final é comportamento habitual do cartunista. "Morro de medo quando o trabalho sai das minhas mãos. É muito difícil chegar a entender que alguém faz o meu desenho e mexe no meu texto para adequá-lo a outra linguagem. A princípio, não gosto. Depois, acho que não está tão ruim e algumas coisas eu acabo adorando", diz.

A diferença em relação ao longa sobre Wood e Stock é que o trabalho foi parar em mãos amigas. "O Otto é um cara da minha geração, que fez as mesmas besteiras."

E Rodrigo John estudou tão a fundo a obra do cartunista que às vezes se recorda dela com mais exatidão que o autor. "O bom é que tenho argumentos", diz. Um deles serviu para convencer Angeli da pertinência de incluir Rê na trama. "Citei uma tira em que ela diz ao analista que perdeu a virgindade com um hippie."

A trilha sonora de um filme sobre "três etapas do comportamento rock'n'roll" deve privilegiar o psicodelismo, mas fugir do óbvio. As vozes dos personagens serão reconhecíveis. Rita Lee aceitou dublar Rê Bordosa. Lobão será convidado a assumir as falas de Bob Cuspe. A atriz Fernanda Torres e o político Fernando Gabeira também estão na mira da equipe.

Para caracterizar as gerações do hippie ao hip hop, o tratamento das imagens deverá ser cuidadoso na reconstituição de particularidades estéticas. "Espero que o visual faça com que as pessoas não se cansem do fato de ser um longa", diz Angeli.
 

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