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05/11/2000
-
16h22
da Folha de S.Paulo
Maximus Decimus Meridius (Russell Crowe) por ele mesmo: comandante dos Exércitos do norte, general das legiões Felix, servo leal do verdadeiro imperador romano, Marcus Aurelius, pai de um filho assassinado, marido de uma mulher assassinada. "Terei minha vingança, nesta vida ou na próxima", anuncia o herói de "Gladiador" ao homem que fez de sua vida um inferno, o príncipe Commodus (Joaquin Phoenix).
A sequência que os põe outra vez frente à frente, num esplendoroso Coliseu, é um bom exemplo do descompasso entre as pretensões do filme e o que o diretor Ridley Scott ("Blade Runner") oferece de fato à plebe. Encena-se ali um momento grandioso, na essência e na aparência.
Mas não cola. Os diálogos saem da boca dos personagens como se eles estivessem em uma paródia da revista "Mad". Os clichês dramáticos empilham-se, culminando no risível discurso final da princesa Lucilla (Connie Nielsen). E nem seria preciso submeter o roteiro a um exame de DNA político para enxergar seus desvios direitistas.
Esse tipo de reparo ideológico parece até luxuoso demais para um filme um tanto rasteiro que, embora tenha sido feito para entreter o público e faturar, chegou aos cinemas montado em uma estratégia de promoção que o comparava a "Ben-Hur" (59), de William Wyler, e a "Spartacus" (60), de Stanley Kubrick.
Se é a esse grupo que ele sonha pertencer, talvez então seja necessário tratá-lo com mais rigor. Aí, alguns de seus supostos trunfos ameaçam desabar. Não é, evidentemente, um filme de ação ruim, mas ninguém chega a obra-prima do gênero fazendo, na abertura, uma seqüência de batalha tão fria e mal editada.
Há também o capricho e a fartura de uma superprodução a amaciar os olhos. Nesse contexto industrial, Ridley Scott talvez tenha virado um mero gerente de recursos. Quando estreou, em "Os Duelistas" (77), precisou recriar a era das guerras napoleônicas tirando água de pedra. Fez um filme admirável, perto do qual esse parece um primo rico que fugiu da escola e não sai do shopping.
'Gladiador' é desvio direitista
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Maximus Decimus Meridius (Russell Crowe) por ele mesmo: comandante dos Exércitos do norte, general das legiões Felix, servo leal do verdadeiro imperador romano, Marcus Aurelius, pai de um filho assassinado, marido de uma mulher assassinada. "Terei minha vingança, nesta vida ou na próxima", anuncia o herói de "Gladiador" ao homem que fez de sua vida um inferno, o príncipe Commodus (Joaquin Phoenix).
A sequência que os põe outra vez frente à frente, num esplendoroso Coliseu, é um bom exemplo do descompasso entre as pretensões do filme e o que o diretor Ridley Scott ("Blade Runner") oferece de fato à plebe. Encena-se ali um momento grandioso, na essência e na aparência.
Mas não cola. Os diálogos saem da boca dos personagens como se eles estivessem em uma paródia da revista "Mad". Os clichês dramáticos empilham-se, culminando no risível discurso final da princesa Lucilla (Connie Nielsen). E nem seria preciso submeter o roteiro a um exame de DNA político para enxergar seus desvios direitistas.
Esse tipo de reparo ideológico parece até luxuoso demais para um filme um tanto rasteiro que, embora tenha sido feito para entreter o público e faturar, chegou aos cinemas montado em uma estratégia de promoção que o comparava a "Ben-Hur" (59), de William Wyler, e a "Spartacus" (60), de Stanley Kubrick.
Se é a esse grupo que ele sonha pertencer, talvez então seja necessário tratá-lo com mais rigor. Aí, alguns de seus supostos trunfos ameaçam desabar. Não é, evidentemente, um filme de ação ruim, mas ninguém chega a obra-prima do gênero fazendo, na abertura, uma seqüência de batalha tão fria e mal editada.
Há também o capricho e a fartura de uma superprodução a amaciar os olhos. Nesse contexto industrial, Ridley Scott talvez tenha virado um mero gerente de recursos. Quando estreou, em "Os Duelistas" (77), precisou recriar a era das guerras napoleônicas tirando água de pedra. Fez um filme admirável, perto do qual esse parece um primo rico que fugiu da escola e não sai do shopping.
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