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08/12/2000 - 16h21

Jim Carrey rouba a cena em 'O Grinch'

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da Folha de S.Paulo

O Grinch do filme homônimo que estréia hoje no Brasil é verde e tem o coração duas vezes menor do que o de uma pessoa normal. Como vários outros personagens, é um bicho inventado pelo autor, dr. Seuss.

Ele mora na periferia de Whoville, a cidadezinha em que vivem os quase-humanos Whos. Que são brancos, preconceituosos e consumistas. Com exceção da pequena Cindy Lou Who, que no Natal começa a se perguntar qual é o verdadeiro sentido das coisas.

'Who' é 'quem' em inglês. 'Grinch' é quase o som de um grito assustador. Isso fez com que as histórias de dr. Seuss demorassem tanto a chegar ao Brasil. Toda a graça de seus livros está na linguagem. São mínimos e feitos em rimas, cada passagem uma estrofe de um poema.

Imagine verter ao português um texto alicerçado em onomatopéias e neologismos como esse. Guardadas as proporções, o desafio deve ser semelhante (e os acadêmicos mais empedernidos vão dar duas piruetas no ar e sapatear 15 minutos ao ler isso) a traduzir o 'Ulisses', de Joyce.
Pois levar a história ao cinema também não deve ter sido fácil.

A sorte da viúva é que a tarefa caiu nas mãos de um bom cineasta, de trajetória inusual. Ron Howard não se encaixa em nenhum padrão de diretor de Hollywood. Para começar, em mais de 30 anos fez apenas 14 filmes.

Entre eles, os subestimados 'Splash', 'Cocoon' e 'O Jornal', o perturbador 'O Preço de um Resgate' e o excelente 'Ed TV', uma delicada ironia da onda de 'reality TV' que assola o mundo. Todos têm claramente a sua marca e luz própria.

Sob sua batuta, linhas de pouco mais de dez palavras no livro original viraram cenas de impacto e criatividade no Grinch-filme. Mesmo quem não tem intimidade com a obra de dr. Seuss vai entender o que ele queria mostrar de Whoville, um retrato falado da pequena cidade americana.

Mas o principal mérito é Jim Carrey. Sob roupa pesada, o ator não usa o rosto como fonte de graça. Por isso, escancara a teatralidade de sua interpretação, feita com todos os músculos do corpo, toda a potência da voz, toda a flexibilidade dos movimentos.

Carrey pela segunda vez é verde, pela segunda vez não é humano, pela enésima vez é o maluco da história e pela enésima vez está genial no papel. Sua atuação quase faz esquecer o ponto fraco do filme: as passagens musicais.
 

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