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07/04/2001 - 04h21

Fotografia: Mostra flagra o (in)visível dos ianomâmis

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FABIO CYPRIANO, da Folha de S.Paulo

A fotógrafa Claudia Andujar chegou ao Brasil em 1955. Aos 24 anos, veio visitar a mãe, uma suíça que se estabeleceu aqui, fugindo da Segunda Guerra -seu marido foi morto no campo de concentração de Auschwitz.
Antes, Claudia, que nasceu na Hungria, passara 11 anos em Nova York.
Chegou aqui, se enamorou pelo país e estabeleceu residência.

Três anos depois, como free-lance para a revista "Realidade" (onde trabalhou com seu marido, George Love), a fotógrafa se enamora mais uma vez, desta vez pelos ianomâmis.

O resultado dessa relação pode ser visto a partir de hoje, no Memorial da América Latina, na mostra "Yanomami", com imagens dos anos 70, inéditas em São Paulo, vistas pela primeira vez em 98, em Curitiba, e que constam do livro "Yanomami".

"Não quis mostrar essas fotos antes pois sou militante da causa indígena e não queria politizar essas imagens", diz Claudia. A mostra é dividida em três temas: "A Casa", "A Floresta" e "O Invisível". As imagens não são um mero registro documental. Sem as visões esteticamente perfeitas de Sebastião Salgado, com seu olhar melífluo sobre os empobrecidos, Claudia registra o dia-a-dia dos ianomâmis, sem estabelecer uma relação de sujeito-objeto.

Na semana passada, Claudia falou com a Folha sobre sua história com os ianomâmis, em seu apartamento, repleto de imagens e objetos indígenas -a exceção é uma escultura de José Rezende.

Folha - Suas imagens sobre os ianomâmis não são documentais...
Claudia Andujar -
Eu não sou antropóloga, sou fotógrafa. Assumi a defesa dos direitos humanos dos ianomâmis, uma coisa que eu vou fazer até o fim da minha vida. O que me empurrou a fazer isso é o afeto que eu tenho por eles.

Folha - Você conseguiu grande cumplicidade nas fotos. Como foi o processo?
Claudia -
Eu não carregava a câmera o tempo todo. No começo eu quis conhecê-los e entender quem eram, como manter um bom relacionamento. Fotografar é sempre uma agressão. Fiz as fotos quando me senti à vontade e senti que eles também estavam à vontade, a ponto de minha presença física passar despercebida.

A parte da mostra chamada "O Invisível", e que trata do xamanismo, reflete o mundo dos espíritos, que é muito importante para os ianomâmis.
O que me interessava era recriar esse sentido deles de se dar com o mundo sobrenatural.

Folha - Essas imagens antecipam, em certo modo, a produção contemporânea...
Claudia -
Olha, eu nunca me baseei na moda. Já me perguntaram muitas vezes se eu fiquei influenciada por algum fotógrafo. Sim, mas não por tentar fotografar como eles. Fiquei muito impressionada pelo trabalho do Eugene Smith, dos EUA, pela ética e o envolvimento dele. Desse ponto de vista, sim, a trajetória de outros fotógrafos me marcou muito. Eu tentei criar uma linguagem que correspondesse ao que eu sentia de como eram os ianomâmis.

Exposição: Yanomami
Onde: Memorial da América Latina - Marta Traba (av. Auro Soares de Moura Andrade, 664, tel. 0/xx/11/3823-9611)
Quando: de ter. a dom., das 9h às 18h; até 29 de abril
Quanto: entrada franca
Livro: Yanomami
Autora: Claudia Andujar
Editora: DBA
Quanto: R$ 28 (103 págs.)
 

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