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05/05/2001
-
04h26
CARLOS ALBERTO DE SOUZA
da Agência Folha, em Porto Alegre
Um livro inédito de Josué Guimarães sobre uma viagem que fez à ex-União Soviética e China, cuja edição foi proibida à época por Getúlio Vargas, será lançado quase 50 anos depois de escrito.
O lançamento faz parte da programação que comemora os 80 anos de nascimento do escritor gaúcho, morto em 1986.
"As Muralhas de Jericó", que será lançado em junho pela L&PM, com apoio do Acervo Josué Guimarães e do IEL (Instituto Estadual do Livro), narra as impressões da viagem que o autor empreendeu, em 1952, a Moscou e Pequim, como jornalista. Guimarães foi colunista da Folha por cerca de dez anos, a partir de meados da década de 70.
Razões políticas
A viúva do escritor, Nídia, recorda que Guimarães voltou "muito entusiasmado com o que viu" nos dois países comunistas.
Segundo ela, o então presidente Getúlio Vargas, por razões políticas, "proibiu" o escritor, seu correligionário no PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), de publicar o livro.
O fato não levou o autor a romper com o trabalhismo. No governo João
Goulart (1961/1964), ele dirigiu a Agência Nacional, responsável pelo noticiário oficial. Com a queda de Jango e a ascensão dos militares ao poder, Guimarães viveu clandestinamente em Santos (SP).
Sua produção literária começou em 1970, tendo como títulos destacados "A Ferro e Fogo", "Os Tambores Silenciosos", "Dona Anja" e "Camilo Mortágua".
Guarda
Os originais de "As Muralhas de Jericó" (o título faz alusão à muralha da China) permaneceram, depois da morte do escritor, durante anos sob a guarda do editor Ivan Pinheiro Machado, da L&PM. O editor considera o texto "bárbaro".
Posteriormente, o material passou a integrar o Acervo Josué Guimarães, do Centro de Memória da PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica).
O acervo, coordenado pela professora Maria Luiza Ritzel Remédios, abriga cerca de 8.000 itens referentes ao autor (livros, críticas, fotos, vídeo etc.).
Memórias
O texto de "As Muralhas de Jericó" foi atualizado pela professora, ganhando notas explicativas. "Quando trata da questão agrária, por exemplo, Guimarães refere-se ao colcós, granja coletiva que abastecia os centros urbanos na antiga União Soviética", disse Remédios, que já orientou teses de pós-graduação sobre Josué Guimarães.
A reabilitação do texto inédito, que deve render um livro de memórias com 200 páginas, aproximadamente, também teve a participação da coordenadora do IEL (órgão ligado ao governo do Estado), Cintia Moscovich.
Logo que assumiu o cargo, há cerca de dois meses, ela, que conhecia a história dos originais, fez contato com a viúva do escritor gaúcho e com o acervo da PUC, objetivando a edição inédita do livro.
AS MURALHAS DE JERICÓ
De: Josué Guimarães
Editora: L&PM Editores (r. Comendador Coruja, 314, loja 9, CEP 90220-180, Porto Alegre, RS, tel. 0/xx/ 51/ 225-5777, www.lpm.com.br). 200 págs. Preço indefinido.
Livro: Relato de viagem chega ao país após 50 anos
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da Agência Folha, em Porto Alegre
Um livro inédito de Josué Guimarães sobre uma viagem que fez à ex-União Soviética e China, cuja edição foi proibida à época por Getúlio Vargas, será lançado quase 50 anos depois de escrito.
O lançamento faz parte da programação que comemora os 80 anos de nascimento do escritor gaúcho, morto em 1986.
"As Muralhas de Jericó", que será lançado em junho pela L&PM, com apoio do Acervo Josué Guimarães e do IEL (Instituto Estadual do Livro), narra as impressões da viagem que o autor empreendeu, em 1952, a Moscou e Pequim, como jornalista. Guimarães foi colunista da Folha por cerca de dez anos, a partir de meados da década de 70.
Razões políticas
A viúva do escritor, Nídia, recorda que Guimarães voltou "muito entusiasmado com o que viu" nos dois países comunistas.
Segundo ela, o então presidente Getúlio Vargas, por razões políticas, "proibiu" o escritor, seu correligionário no PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), de publicar o livro.
O fato não levou o autor a romper com o trabalhismo. No governo João
Goulart (1961/1964), ele dirigiu a Agência Nacional, responsável pelo noticiário oficial. Com a queda de Jango e a ascensão dos militares ao poder, Guimarães viveu clandestinamente em Santos (SP).
Sua produção literária começou em 1970, tendo como títulos destacados "A Ferro e Fogo", "Os Tambores Silenciosos", "Dona Anja" e "Camilo Mortágua".
Guarda
Os originais de "As Muralhas de Jericó" (o título faz alusão à muralha da China) permaneceram, depois da morte do escritor, durante anos sob a guarda do editor Ivan Pinheiro Machado, da L&PM. O editor considera o texto "bárbaro".
Posteriormente, o material passou a integrar o Acervo Josué Guimarães, do Centro de Memória da PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica).
O acervo, coordenado pela professora Maria Luiza Ritzel Remédios, abriga cerca de 8.000 itens referentes ao autor (livros, críticas, fotos, vídeo etc.).
Memórias
O texto de "As Muralhas de Jericó" foi atualizado pela professora, ganhando notas explicativas. "Quando trata da questão agrária, por exemplo, Guimarães refere-se ao colcós, granja coletiva que abastecia os centros urbanos na antiga União Soviética", disse Remédios, que já orientou teses de pós-graduação sobre Josué Guimarães.
A reabilitação do texto inédito, que deve render um livro de memórias com 200 páginas, aproximadamente, também teve a participação da coordenadora do IEL (órgão ligado ao governo do Estado), Cintia Moscovich.
Logo que assumiu o cargo, há cerca de dois meses, ela, que conhecia a história dos originais, fez contato com a viúva do escritor gaúcho e com o acervo da PUC, objetivando a edição inédita do livro.
AS MURALHAS DE JERICÓ
De: Josué Guimarães
Editora: L&PM Editores (r. Comendador Coruja, 314, loja 9, CEP 90220-180, Porto Alegre, RS, tel. 0/xx/ 51/ 225-5777, www.lpm.com.br). 200 págs. Preço indefinido.
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