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01/06/2001 - 04h32

"Pearl Harbor" estréia e mostra a história segundo Hollywood

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MILLY LACOMBE
da Folha de S.Paulo

Poucos se aproveitam tão bem de guerras como o cinema norte-americano. Por isso, todos sabiam: o ataque surpresa a Pearl Harbor em dezembro de 1941 não demoraria a ser explorado no exagero e barulho que lhe cabe.

O que talvez não se soubesse é que a missão seria entregue às lentes mais extravagantes e explosivas da indústria, a da dupla de piromaníacos Michael Bay/Jerry Bruckheimer, diretor e produtor responsáveis por filmes como "Armageddon" e "A Rocha" e que juntos já arrecadaram mais de US$ 1 bilhão em bilheteria. Some-se a esse número "Pearl Harbor", que em apenas três dias faturou US$ 75 milhões nos Estados Unidos, menos apenas que a abertura de "Jurassic Park - O Mundo Perdido", em 97.

Famosos por inundar a tela com testosterona, explosões e cenas espetacularmente barulhentas, eles aumentaram a dose aqui, mas não sem antes tentar conquistar o público feminino, intercalando o show pirotécnico com um improvável triângulo amoroso entre o menino dos olhos da dupla, Ben Affleck, e os desconhecidos Kate Beckinsale e Josh Hartnett.

Mais ou menos como em "Titanic", com a diferença de que aqui mais de um navio foi magnificamente afundado. "Quem espera por uma aula de história, vai se dar mal", advertiu Bruckheimer, em entrevista à Folha entre goles de café em um hotel no Havaí. "Se você quer saber o que de fato aconteceu em Pearl Harbor, deve comprar um livro", disse.

A verdade é que só falta uma coisa na carreira desse homem de 55 anos que explode coisas com majestade, mas parece não conseguir fugir de clichês e personagens estereotipados: respaldo crítico. "Enquanto isso, satisfaço-me entrando nas salas de cinema e observando a reação do público a meus filmes. Afinal, parece não ser possível ser rei da bilheteria e da crítica ao mesmo tempo".

Desta vez, a ousadia da dupla levou a megaprodução de US$ 140 milhões ao Havaí, onde o ataque foi, com autorização da Marinha, quase literalmente repetido. "Michael, propositalmente, não nos nos explicava exatamente o que aconteceria nas cenas de ação e, como a grande maioria das explosões vistas na tela são reais, nosso pânico também é", contou Ben Affleck à Folha.

"Em uma das cenas, ele me pediu para correr do ponto A ao B e disse que veículos e prédios ao meu redor seriam bombardeados. "Digitalmente, certo?", perguntei. Antes de responder, ele gritou "ação" e tudo foi pelos ares. Nunca fiquei tão assustado na vida", disse ele, que a princípio havia recusado o papel por estar comprometido com uma produção que acabou sendo cancelada.

"Quando li o roteiro, fiquei tentado a aceitar, mas, depois de "Armageddon", não sabia se deveria fazer um outro filme de ação desse porte. Foi quando pedi para que Gwyneth (Paltrow, na época sua namorada) lesse o script e me ajudasse a decidir".

Paltrow chorou ao passar pelas cenas finais e disse que ele seria maluco se recusasse. Mesmo assim, Affleck resolveu dar mais um telefonema. "Harrison Ford também falou categoricamente que eu deveria aceitar." Até Affleck se juntar ao elenco, o protagonista da história era Hartnett, que foi então transferido do vértice para a base do triângulo amoroso.

Só que o galã preferido de Bruckheimer não sabia que teria de enfrentar a real fúria militar antes de iniciar as filmagens. Ele e Hartnett tiveram que passar uma semana em treinamento intensivo, limpando latrinas e acordando com jatos d'água às 3h para fazer
exercícios. "Pensei seriamente em fugir", disse Hartnett. "Não conseguia entender como os sofrimentos físico e moral poderiam ajudar a construir o personagem".

No final, entre mortos e feridos, salvou-se a reputação pirotécnica de Bruckheimer e Bay; eles podem não ter conquistado a crítica, mas certamente estamparão alguns milhões de dólares a mais em seus currículos.
 

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