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25/06/2000
-
13h56
da Folha Online, em São Paulo
O cantor Wilson Simonal morreu às 10h45 deste domingo, aos 62 anos, em decorrência de doença crônica no fígado. Simonal estava internado desde o dia 30 de maio no hospital Sírio Libanês.
Essa era a segunda internação do cantor. Antes ele tinha ficado no hospital entre os dias 4 de abril e 12 de maio.
O cantor de "Meu Limão, Meu Limoeiro", "Pára, Pedro" e "Escravos de Jó" é polêmico por suspeitas de que ele tenha participado do regime militar nos anos 60 e 70 como informante das ações da esquerda.
Em entrevista em maio de 99 à Folha de S.Paulo, ao ser questionado se era favorável ao regime militar, Simonal respondeu: "Todo mundo era contra, Aquilo durou muito tempo por incompetência. Não acredito que nenhum milico fosse favorável. Milico não foi treinado para isso. Não sou PT, mas se o Lula for presidente 'é excelência'. Direita e esquerda é coisa de militar. Hoje, apesar da ditadura civil que há por aí, até nos programas de pagode todo mundo faz ginástica calistênica, todo mundo marcha. Só falta colocar farda. Me picharam porque eu era nacionalista. Sou brasileiro, quero ver meu povo feliz".
Em uma outra entrevista à revista "Veja" em 72, Simonal negou as declarações do inspetor do Dops, Mário Borges, durante o regime militar, de que ele era informante deste e de outros órgãos policiais: "Não sou informante e Mário Borges, grande amigo da minha família, jamais diria isso. É tudo mentira dos jornais".
Com a queda na vendagem dos seus discos e também da ausência de suas músicas nas rádios por consequência dessas acusações, Simonal voltou a criticar a imprensa e as suspostas mentiras que estariam sendo publicadas.
"A imprensa nunca me deu colher de chá para me defender. Não sei se os ataques que sofri, de 1971 até agora, foram piores do que o silêncio da imprensa a meu respeito", disse em entrevista à "Folha de Tarde", em 1985.
O cantor também acreditava que havia preconceito contra ele. "A grande maioria jamais gostou, eu estava fora do padrão. Era um negro que falava dois idiomas, falava direito, apresentava programa de TV. Quem entendia de música me respeitava, Tom Jobim era meu fã", declarou em maio de 99 em entrevista à Folha sobre como os artistas e intelectuais viam o seu trabalho.
O velório vai acontecer no próprio hospital.
Cronologia:
23.fev.1938 - Nasce, no Rio, o cantor Wilson Simonal de Castro, filho de Lúcio Pereira de Castro e Maria Silva de Castro
1956-1958 - Simonal serve o Exército no 8º Grupo de Artilharia de Costa Motorizado, onde começa a cantar para diversão dos soldados
1961 - Estréia na TV cantando no programa "Os Brotos Comandam" de Carlos Imperial; grava seu primeiro compacto simples com a música "Teresinha", de Carlos Imperial
1963 - Lança, pela gravadora Odeon, seu primeiro disco, que faz sucesso com o samba "Balanço Zona Sul", de Tito Madi
1966 - Estréia o programa "Show em Si Monal" na TV Record, em São Paulo, que ficou no ar até 1967
1969 - Simonal se destaca em um show de Sérgio Mendes, no Maracanãzinho; 30 mil pessoas acompanham o cantor de "Sá Marina", "Meu Limão, Meu Limoeiro" e "País Tropical"
set.1969 - Assina um contrato de publicidade com a Shell, tido como o maior contrato que um artista brasileiro havia assinado até então
ago.1971 - Simonal é acusado de sequestro e tortura pelo contador de sua empresa, Simonal Comunicações Artísticas
ago.1971 - O agente do Dops (Departamento de Ordem Pública e Social) Mário Borges, amigo do cantor, acusa Simonal de ser informante do órgão; ele nega a acusação
nov.1971 - Simonal é vaiado em um show no Teatro Opinião; as vendas de seus discos caem drasticamente
nov.1974 - Julgado pelos fatos de 1971, Simonal é condenado a cinco anos e quatro meses de prisão por extorsão; réu primário, fica apenas 12 dias preso e cumpre o resto da pena em liberdade; passa a gravar na RCA
28.ago.1991 - Um habeas data, emitido pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, informa que "não foram encontradas, na documentação deixada pelo extinto Serviço Nacional de Informações, anotações que o apontem (Simonal) como servidor ou como prestador de serviços àquele órgão"
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Wilson Simonal morre aos 62 anos de doença crônica no fígado
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O cantor Wilson Simonal morreu às 10h45 deste domingo, aos 62 anos, em decorrência de doença crônica no fígado. Simonal estava internado desde o dia 30 de maio no hospital Sírio Libanês.
Essa era a segunda internação do cantor. Antes ele tinha ficado no hospital entre os dias 4 de abril e 12 de maio.
O cantor de "Meu Limão, Meu Limoeiro", "Pára, Pedro" e "Escravos de Jó" é polêmico por suspeitas de que ele tenha participado do regime militar nos anos 60 e 70 como informante das ações da esquerda.
Em entrevista em maio de 99 à Folha de S.Paulo, ao ser questionado se era favorável ao regime militar, Simonal respondeu: "Todo mundo era contra, Aquilo durou muito tempo por incompetência. Não acredito que nenhum milico fosse favorável. Milico não foi treinado para isso. Não sou PT, mas se o Lula for presidente 'é excelência'. Direita e esquerda é coisa de militar. Hoje, apesar da ditadura civil que há por aí, até nos programas de pagode todo mundo faz ginástica calistênica, todo mundo marcha. Só falta colocar farda. Me picharam porque eu era nacionalista. Sou brasileiro, quero ver meu povo feliz".
Em uma outra entrevista à revista "Veja" em 72, Simonal negou as declarações do inspetor do Dops, Mário Borges, durante o regime militar, de que ele era informante deste e de outros órgãos policiais: "Não sou informante e Mário Borges, grande amigo da minha família, jamais diria isso. É tudo mentira dos jornais".
Com a queda na vendagem dos seus discos e também da ausência de suas músicas nas rádios por consequência dessas acusações, Simonal voltou a criticar a imprensa e as suspostas mentiras que estariam sendo publicadas.
"A imprensa nunca me deu colher de chá para me defender. Não sei se os ataques que sofri, de 1971 até agora, foram piores do que o silêncio da imprensa a meu respeito", disse em entrevista à "Folha de Tarde", em 1985.
O cantor também acreditava que havia preconceito contra ele. "A grande maioria jamais gostou, eu estava fora do padrão. Era um negro que falava dois idiomas, falava direito, apresentava programa de TV. Quem entendia de música me respeitava, Tom Jobim era meu fã", declarou em maio de 99 em entrevista à Folha sobre como os artistas e intelectuais viam o seu trabalho.
O velório vai acontecer no próprio hospital.
Cronologia:
23.fev.1938 - Nasce, no Rio, o cantor Wilson Simonal de Castro, filho de Lúcio Pereira de Castro e Maria Silva de Castro
1956-1958 - Simonal serve o Exército no 8º Grupo de Artilharia de Costa Motorizado, onde começa a cantar para diversão dos soldados
1961 - Estréia na TV cantando no programa "Os Brotos Comandam" de Carlos Imperial; grava seu primeiro compacto simples com a música "Teresinha", de Carlos Imperial
1963 - Lança, pela gravadora Odeon, seu primeiro disco, que faz sucesso com o samba "Balanço Zona Sul", de Tito Madi
1966 - Estréia o programa "Show em Si Monal" na TV Record, em São Paulo, que ficou no ar até 1967
1969 - Simonal se destaca em um show de Sérgio Mendes, no Maracanãzinho; 30 mil pessoas acompanham o cantor de "Sá Marina", "Meu Limão, Meu Limoeiro" e "País Tropical"
set.1969 - Assina um contrato de publicidade com a Shell, tido como o maior contrato que um artista brasileiro havia assinado até então
ago.1971 - Simonal é acusado de sequestro e tortura pelo contador de sua empresa, Simonal Comunicações Artísticas
ago.1971 - O agente do Dops (Departamento de Ordem Pública e Social) Mário Borges, amigo do cantor, acusa Simonal de ser informante do órgão; ele nega a acusação
nov.1971 - Simonal é vaiado em um show no Teatro Opinião; as vendas de seus discos caem drasticamente
nov.1974 - Julgado pelos fatos de 1971, Simonal é condenado a cinco anos e quatro meses de prisão por extorsão; réu primário, fica apenas 12 dias preso e cumpre o resto da pena em liberdade; passa a gravar na RCA
28.ago.1991 - Um habeas data, emitido pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, informa que "não foram encontradas, na documentação deixada pelo extinto Serviço Nacional de Informações, anotações que o apontem (Simonal) como servidor ou como prestador de serviços àquele órgão"
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