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13/06/2001
-
10h35
RODRIGO DIONISIO
da Folha de S.Paulo
Está lá, no dicionário: "1. Associação de malfeitores do antigo reino de Nápoles; 3. Bras. S. Rixa, briga, contenda". E nasceu daí, da definição de camorra no "Aurélio", o nome do grupo paulistano de rap, que lança seu primeiro CD, "Vírus", hoje na casa de shows Blen Blen, em São Paulo.
"Um grupo de negros logo é tratado como uma quadrilha do mal, e a gente quer mesmo é discutir, provocar", explica Anderson, um dos três MCs do Camorra.
E a provocação, para o grupo, nasce além da escolha do nome por motivos etimológicos, fato nada usual no cenário hip hop brasileiro. Anderson diz ver no Camorra uma maneira de quebrar limites "geográficos e estéticos" impostos à periferia.
"Nós vamos dar palestras em universidades, já falamos na PUC, na Unesp e na USP. Não adianta chegar só até a maioria pobre, como o rap tem feito até agora, é preciso também atingir os formadores de opinião, quem tem o poder para mudar", afirma.
Outra "provocação" é o uso de bases mais ligadas ao R&B e ao jazz nas composições do trio, longe do formato bumbo e caixa padrão no rap "clássico" ("arcaico", nas palavras de Anderson). Nas letras, de temas recorrentes no rap (miséria, polícia, discriminação), o foco do trio são as causas do caos social, não os resultados, ainda segundo o MC.
"Todo mundo canta que o cara foi e tomou um monte de tiro, a gente quer mostrar como ele chegou nessa situação", diz.
E o "resultado" da provocação apareceu: o Camorra já foi chamado de "grupo de boy" e tem, segundo Anderson, sofrido ameaças. "Ligaram para o nosso empresário e disseram que se fôssemos tocar em determinado lugar iríamos tomar tiro. A gente foi assim mesmo, quem quer matar não liga antes para avisar."
Realmente o grupo, formado no final de 1992, segue uma trajetória diferenciada no cenário hip hop nacional. Antes de chegar ao CD próprio, o Camorra deu o ar de sua graça em trabalhos de músicos da MPB (mais exatamente Max de Castro -co-produtor de "Vírus"-, Wilson Simoninha, Jair Rodrigues, Jairzinho Oliveira e Pedro Mariano).
A próxima participação do trio será no CD de Guga Stroeter, a ser lançado pela Trama. Os rappers interferem com um rap (claro) na faixa "Roda", de Gilberto Gil.
Simoninha
A outra atração de hoje no Blen Blen é Wilson Simoninha, com o show do CD "Volume 2". A apresentação é basicamente a mesma que o músico tem feito desde o lançamento do disco, ano passado. A novidade fica por conta da canção inédita "Barbarella 2001".
A música é uma referência à "Barbarella", gravada por Jorge Ben (Jor) em 1969.
O quê: Trama ao Vivo - Shows com Camorra (lançamento do CD "Vírus", com participação de alunos do grupo teatral Macunaíma) e Wilson Simoninha
Onde: Blen Blen Brasil (r. Inácio Pereira da Rocha, 520, Pinheiros, tel. 3815-4999)
Quando: hoje, a partir das 23h
Quanto: R$ 15
Camorra lança "Vírus" em São Paulo hoje
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da Folha de S.Paulo
Está lá, no dicionário: "1. Associação de malfeitores do antigo reino de Nápoles; 3. Bras. S. Rixa, briga, contenda". E nasceu daí, da definição de camorra no "Aurélio", o nome do grupo paulistano de rap, que lança seu primeiro CD, "Vírus", hoje na casa de shows Blen Blen, em São Paulo.
"Um grupo de negros logo é tratado como uma quadrilha do mal, e a gente quer mesmo é discutir, provocar", explica Anderson, um dos três MCs do Camorra.
E a provocação, para o grupo, nasce além da escolha do nome por motivos etimológicos, fato nada usual no cenário hip hop brasileiro. Anderson diz ver no Camorra uma maneira de quebrar limites "geográficos e estéticos" impostos à periferia.
"Nós vamos dar palestras em universidades, já falamos na PUC, na Unesp e na USP. Não adianta chegar só até a maioria pobre, como o rap tem feito até agora, é preciso também atingir os formadores de opinião, quem tem o poder para mudar", afirma.
Outra "provocação" é o uso de bases mais ligadas ao R&B e ao jazz nas composições do trio, longe do formato bumbo e caixa padrão no rap "clássico" ("arcaico", nas palavras de Anderson). Nas letras, de temas recorrentes no rap (miséria, polícia, discriminação), o foco do trio são as causas do caos social, não os resultados, ainda segundo o MC.
"Todo mundo canta que o cara foi e tomou um monte de tiro, a gente quer mostrar como ele chegou nessa situação", diz.
E o "resultado" da provocação apareceu: o Camorra já foi chamado de "grupo de boy" e tem, segundo Anderson, sofrido ameaças. "Ligaram para o nosso empresário e disseram que se fôssemos tocar em determinado lugar iríamos tomar tiro. A gente foi assim mesmo, quem quer matar não liga antes para avisar."
Realmente o grupo, formado no final de 1992, segue uma trajetória diferenciada no cenário hip hop nacional. Antes de chegar ao CD próprio, o Camorra deu o ar de sua graça em trabalhos de músicos da MPB (mais exatamente Max de Castro -co-produtor de "Vírus"-, Wilson Simoninha, Jair Rodrigues, Jairzinho Oliveira e Pedro Mariano).
A próxima participação do trio será no CD de Guga Stroeter, a ser lançado pela Trama. Os rappers interferem com um rap (claro) na faixa "Roda", de Gilberto Gil.
Simoninha
A outra atração de hoje no Blen Blen é Wilson Simoninha, com o show do CD "Volume 2". A apresentação é basicamente a mesma que o músico tem feito desde o lançamento do disco, ano passado. A novidade fica por conta da canção inédita "Barbarella 2001".
A música é uma referência à "Barbarella", gravada por Jorge Ben (Jor) em 1969.
O quê: Trama ao Vivo - Shows com Camorra (lançamento do CD "Vírus", com participação de alunos do grupo teatral Macunaíma) e Wilson Simoninha
Onde: Blen Blen Brasil (r. Inácio Pereira da Rocha, 520, Pinheiros, tel. 3815-4999)
Quando: hoje, a partir das 23h
Quanto: R$ 15
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