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15/06/2001 - 03h49

"Nove Rainhas": filme argentino conta suas verdades e mentiras

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da Folha de S.Paulo

As "Nove Rainhas" do título argentino que chega hoje às salas paulistanas -depois de rápida e concorrida passagem pela 3ª Semana do Cinema: Brasil & Independentes- são uma rara e valiosíssima série de selos da República de Weimar.

A venda da preciosidade por dois golpistas portenhos a um não menos recomendável homem de negócios espanhol é a chance de um inesperado lucro de milhares de dólares, em um único dia de "trabalho" de uma dupla que se encontrou por acaso e esbarrou na sorte. A menos que a sorte não seja tão aleatória quanto parece.

O jogo de falso e verdadeiro que o cineasta Fabián Bielinsky, 42, cria em seu longa de estréia levou mais de um milhão de espectadores argentinos ao cinema e arrebatou sete dos 11 prêmios oferecidos pela crítica cinematográfica em seu país. O resultado é superior à mais otimista das expectativas do conjunto de empresas promotoras do concurso de roteiros no qual Bielinsky foi apontado vencedor e premiado com US$ 1,3 milhão para a produção do filme.

Na apresentação de um mundo do crime muito mais epidérmico que subterrâneo, Bielinsky fez sua homenagem à sétima arte: "Achava interessante abordar a mentira porque, ao fim e ao cabo, essa é a própria definição do cinema".

Num típico filme de ação em que desenvolveu sozinho roteiro e diálogos, o cineasta acabou fazendo também um bem-humorado desenho de um "modus vivendi" argentino. Diante de sua costura de traços sociais, econômicos e políticos típicos dos portenhos, estender ao vizinho a qualificação de país do "jeitinho" parece não apenas pertinente, mas inevitável.

Cada um a sua maneira, os personagens interpretados pelos (ótimos) atores Ricardo Darín e Gastón Puls são espertos, cínicos, sedutores e amorais. Os tipos que encontram pela frente oscilam entre ingênuos e complacentes com os trambiques, numa série de participações a que o cineasta deu atenção especial.

"Para mim, os atores secundários são os verdadeiros protagonistas de suas cenas específicas".

"Não quero com esse filme afirmar que sejamos o tempo todo um povo com esse espírito. Mas seguramente ele representa algo de nós. Não somos só isso e nem todos somos assim. Os portenhos talvez correspondam mais a esse retrato. Certamente as pessoas viram que o filme representa um estado de ânimo, uma sensação que às vezes temos de que todos nos mentem, de que o que prevalece é o "salve-se quem puder" e o cinismo absoluto".

"Nove Rainhas" seria um exemplo de que a honestidade já não compensa? "Não penso assim e não queria que meu filme defendesse essa idéia ou o seu contrário. Minha intenção não era abordar moralismos, mas contar um conto", afirma.

Contou-o. E deu a "Nove Rainhas" um final em que o maior dos golpes é reservado a uma instituição, e não aos ladrões de meia tigela.
(SILVANA ARANTES)

Leia a nossa opinião sobre o espetáculo na Crítica Online
 

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