29/06/2001 - 17h16

Walter Rodrigues coloca ciganas e mulheres rendeiras na passarela

CARLA NASCIMENTO
da Folha Online

"Eu estava muito receoso com relação a essa coleção, que é muito diferente da de inverno", disse o estilista Walter Rodrigues logo depois do desfile de sua coleção primavera-verão 2002 na São Paulo Fashion Week.

De fato, a concepção da coleção de verão do estilista é completamente oposta à que ele apresentou em janeiro.

Os desenhos que lembravam tatuagens tribais dos Maoris (povos da Oceania) e a cultura andina deram lugar às saias longas e rodadas, às rendas, às sedas e aos babados, fazendo uma salada cultural que reuniu ciganos e nordestinos.

"Eu sempre busquei elementos em diversas culturas. Desta vez foi na brasileira", disse.

Em volta de um círculo dourado colocado no centro da passarela -símbolo da harmonia na cultura cigana- os modelos de Walter Rodrigues desfilaram saias longas e muito rodadas, fazendo composições com camisetas ou terninhos secos, vestidos com rendas com recortes transversais, saias de seda com recortes e elásticos na diagonal e aventais em rendas sobrepostos às saias.

Além da "salada de culturas" -definição do próprio estilista- Walter também trouxe referências ao trabalho do artista plástico carioca Sergio Camargo (1930-1990), escultor concretista que desenvolveu trabalhos em alto-relevo.

Apesar de propor uma mulher muito sensual para o próximo verão, Walter não esqueceu a tão necessária praticidade que a moda dos dias atuais deve ter. Assim, uma série de ternos secos com aplicação de bordados silk puff, na forma de flores, também compuseram a coleção.

Na cartela de cores de Walter Rodrigues entram apenas o branco, o perolado, o rosa-orquídea, o amarelo e o preto.

Sobre a escolha dos tecidos a intenção é, segundo Walter, "tornar a moda mais acessível", por isso o uso excessivo do algodão e da renda.

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