02/07/2001 - 19h39

André Lima estende tapete vermelho para ''pombagiras'' em desfile

CARLA NASCIMENTO
da Folha Online

Na entrada da passarela, um armário antigo. Dele André Lima tirou suas lembranças da infância em Belém do Pará, onde nasceu. De lá saíram ciganas, prostitutas, "carmens", pombagiras, mulheres africanas e milionárias. Todas detentoras de um poder de atracão irresistível.

Tão ricos quanto a variedade de temas de suas lembranças foram os elementos com os quais o estilista compôs sua coleção em sua estréia na São Paulo Fashion Week.

A trilha sonora, composta de tangos de Astor Piazolla e músicas do Queen e de Fafá de Belém, entre outras, já dava, no começo do desfile, uma idéia do que viria.

Sob a passarela em forma de tapete vermelho, André Lima mostrou uma mulher sensual, que usa muitas saias rodadas e longas, rendas, cintura marcada, decotes profundos, costas nuas e tecidos que insinuam a silhueta feminina. "A mulher dessa coleção tem certeza de que tem poder e gosta de atrair", diz o estilista.

Difícil falar em tendência de cores, assim como gosta de atrair, essa mulher também não hesita em misturar cores.

Os acessórios, usados em profusão, se destacaram. Braçadeiras com motivos africanos, brincos e broches com pedrarias, cintos de couro tipo corselet presos com fivelas, enormes colares e cintos largos de moedas tipo cigana ajudaram a compor a poderosa mulher de André Lima.

O estilista diz não ter resposta para o porquê de tantas misturas, mas dá uma idéia. "O Brasil é um país de muitas misturas. Todas essas mulheres que vocês viram na passarela fazem parte do meu universo real. Eu conheço pessoas assim, que vão à igreja e são macumbeiras", disse.

André convidou também covers do Kiss, de Maria Bethania e de Michael Jackson para assistirem ao desfile. Por quê? "Precisava ter celebridades na platéia né?", disse.

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