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09/07/2001
-
13h53
da DEutsche Welle
A atitude do maestro Daniel Barenboim de executar uma peça de Richard Wagner em Israel foi tachada pelo diretor da Ópera Alemã de Berlim (Deutsche Oper Berlin), Udo Zimmermann, como "um passo corajoso".
Barenboim quebrou na noite de sábado o tabu cultivado há anos no país, regendo para o público "Tristão e Isolda", de Wagner, durante o Festival de Música e Arte Dramática, em Jerusalém.
"Eu acredito que ele tenha um bom conhecimento sobre a sensibilidade que envolve esse assunto", afirmou Zimmermann. Barenboim, à frente da orquestra alemã Stattskapelle, quebrou o acordo assinado com a direção do festival, que não havia permitido a execução de Wagner durante o evento.
O compositor alemão é tido como anti-semita, tendo sido cultivado pelos nazistas. Vítimas do holocausto afirmam que a música de Wagner era tocada nos campos de concentração, sendo por isso hoje algo insuportável de se ouvir.
Segundo Zimmermann, apesar do tema "Wagner em Israel" ser causa de muita polêmica, Barenboim não foi movido por nenhuma tentativa de insultar o público presente. "Não foi nem provocação nem falta com a palavra, mas a tentativa de trazer normalidade a determinadas coisas, que têm um peso violento", comentou Zimmermann.
Segundo o diretor da Ópera de Berlim, o importante nesses casos é manter o diálogo permanente, com o objetivo de não reprimir feridas do passado, mas aprender a lidar com elas de maneira sensível. Para Zimmermann, Barenboim é "o melhor advogado" possível nessa questão.
O maestro, nascido na Argentina, de origem russo-judia, cresceu a partir dos dez anos de idade em Israel. Desde 1992, Barenboim é coordenador artístico e diretor geral de música da Ópera Estatal Alemã de Berlim (Deutsche Staatsoper Berlin), tendo sido chamado há pouco para reger a Staatskapelle de Berlim por tempo indeterminado.
A secretária de cultura de Berlim, Adrienne Goehler, mostrou-se surpresa com o fato de Barenboim ter se envolvido no conflito com a direção do festival em Israel. "Ele arcou com as conseqüências sozinho, contando apenas com o apoio da sua orquestra", observou Goehler.
Em entrevista ao diário israelense "Haaretz", Barenboim afirmou nesta segunda-feira que deixou a decisão nas mãos do público. "Apenas quatro pessoas foram contra. Esse é um princípio democrático: a maioria decide", resumiu o maestro. No mais, segundo Barenboim, é "artisticamente importante" que Wagner seja executado no país.
Apesar da obra do compositor alemão trazer péssimas lembranças a alguns israelenses, estes, segundo Barenboim, "não têm o direito de impedir que outros ouçam Wagner". Tal atitude significaria paradoxalmente "fazer com que os nazistas saiam vitoriosos, não permitindo que Wagner seja executado em Israel", completou o maestro.
Barenboim executa ópera do compositor alemão Wagner em Israel
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A atitude do maestro Daniel Barenboim de executar uma peça de Richard Wagner em Israel foi tachada pelo diretor da Ópera Alemã de Berlim (Deutsche Oper Berlin), Udo Zimmermann, como "um passo corajoso".
Barenboim quebrou na noite de sábado o tabu cultivado há anos no país, regendo para o público "Tristão e Isolda", de Wagner, durante o Festival de Música e Arte Dramática, em Jerusalém.
"Eu acredito que ele tenha um bom conhecimento sobre a sensibilidade que envolve esse assunto", afirmou Zimmermann. Barenboim, à frente da orquestra alemã Stattskapelle, quebrou o acordo assinado com a direção do festival, que não havia permitido a execução de Wagner durante o evento.
O compositor alemão é tido como anti-semita, tendo sido cultivado pelos nazistas. Vítimas do holocausto afirmam que a música de Wagner era tocada nos campos de concentração, sendo por isso hoje algo insuportável de se ouvir.
Segundo Zimmermann, apesar do tema "Wagner em Israel" ser causa de muita polêmica, Barenboim não foi movido por nenhuma tentativa de insultar o público presente. "Não foi nem provocação nem falta com a palavra, mas a tentativa de trazer normalidade a determinadas coisas, que têm um peso violento", comentou Zimmermann.
Segundo o diretor da Ópera de Berlim, o importante nesses casos é manter o diálogo permanente, com o objetivo de não reprimir feridas do passado, mas aprender a lidar com elas de maneira sensível. Para Zimmermann, Barenboim é "o melhor advogado" possível nessa questão.
O maestro, nascido na Argentina, de origem russo-judia, cresceu a partir dos dez anos de idade em Israel. Desde 1992, Barenboim é coordenador artístico e diretor geral de música da Ópera Estatal Alemã de Berlim (Deutsche Staatsoper Berlin), tendo sido chamado há pouco para reger a Staatskapelle de Berlim por tempo indeterminado.
A secretária de cultura de Berlim, Adrienne Goehler, mostrou-se surpresa com o fato de Barenboim ter se envolvido no conflito com a direção do festival em Israel. "Ele arcou com as conseqüências sozinho, contando apenas com o apoio da sua orquestra", observou Goehler.
Em entrevista ao diário israelense "Haaretz", Barenboim afirmou nesta segunda-feira que deixou a decisão nas mãos do público. "Apenas quatro pessoas foram contra. Esse é um princípio democrático: a maioria decide", resumiu o maestro. No mais, segundo Barenboim, é "artisticamente importante" que Wagner seja executado no país.
Apesar da obra do compositor alemão trazer péssimas lembranças a alguns israelenses, estes, segundo Barenboim, "não têm o direito de impedir que outros ouçam Wagner". Tal atitude significaria paradoxalmente "fazer com que os nazistas saiam vitoriosos, não permitindo que Wagner seja executado em Israel", completou o maestro.
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