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22/08/2001
-
04h39
IRINEU FRANCO PERPETUO
da Folha de S. Paulo
Sem dizer o motivo, a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) desligou sete músicos de seus quadros na segunda-feira. Destes, quatro pertenciam à Aposesp (Associação dos Profissionais da Osesp), entidade que representa os instrumentistas.
São eles: Fabio Cury (fagote), presidente; Andréa Campos Misiuk (violino), vice-presidente; Sérgio de Oliveira (contrabaixo), do conselho fiscal; e Rogério Wolf (flauta), tesoureiro.
Três deles eram chefes de seus naipes na Osesp: Cury, Oliveira e Wolf. Além deles, foram demitidos Luiz Garcia (trompa), da comissão artística da orquestra, Tânia Kier (viola) e Jefferson Collacico (contrabaixo). Os instrumentistas foram demitidos por carta assinada pelo diretor artístico e regente titular da Osesp, John Neschling. Da carta, não constava o motivo dos desligamentos.
A atual diretoria da Aposesp tomou posse em 1º de janeiro, substituindo a gestão anterior, encabeçada pelo oboísta Arcádio Minczuk, irmão de Roberto Minczuk, diretor artístico adjunto e regente associado da orquestra.
A relação da Aposesp com Neschling e Minczuk vinha atravessando períodos turbulentos. Em 10 de julho, a comissão diretora da entidade encaminhou uma carta a ambos, se queixando do "clima existente nas relações entre os músicos e os regentes, titular e adjunto, o qual frequentemente tem se caracterizado por uma acentuada percepção de baixa tolerância e aspereza no trato" que vinha sendo dispensado aos músicos por ambos. A carta foi endossada com assinaturas de 70 dos 80 integrantes da Osesp.
Na última quarta, mais um atrito: após um desentendimento com o maestro Minczuk, o oboísta Joel Gisiger foi suspenso. Para a Aposesp, o regimento da orquestra foi desrespeitado nos artigos 27 e 28 de seu capítulo quarto, pois o músico só poderia ter sido suspenso após reincidir em "falta grave", ou seja, depois de receber duas advertências por escrito. Além disso, teria direito a um prazo de cinco dias para defesa.
O ensaio da tarde de quarta-feira foi cancelado. No dia seguinte, contudo, a Osesp aceitou ensaiar. Gisiger redigiu uma carta assumindo a responsabilidade pelo incidente e eximindo Minczuk de culpa. O caso parecia encerrado.
Porém, no ensaio desta segunda, registrado, segundo os instrumentistas, com câmeras de vídeo, o maestro Neschling disse que tomaria "medidas drásticas" contra a insubordinação da Aposesp, que, para ele, colocava "em risco" a sobrevivência da orquestra.
No mesmo dia, os sete músicos foram demitidos. A orquestra continua ensaiando para o concerto desta quinta e sábado, com a presença de câmeras de vídeo, segundo musicistas que pediram para não serem identificados. Eles descrevem o clima como "de intimidação". De acordo com eles, a segurança em torno da Sala São Paulo foi reforçada.
Após seu desligamento, os músicos demitidos enviaram carta à Secretaria de Estado da Cultura, relatando sua versão dos fatos. "É doloroso admitir que as relações entre músicos e direção da Osesp encontram-se bastante deterioradas", diz o documento. Até o fechamento desta edição, a carta não havia sido respondida.
Outro lado
A assessoria de comunicação da Osesp diz que John Neschling, procurado pela Folha desde as 18h15 de segunda-feira até o fechamento desta edição, não foi localizado. A assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Cultura afirma que as demissões são assunto interno da orquestra e que o secretário Marcos Mendonça não vai interferir.
Osesp despede sete músicos sem dizer o motivo
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da Folha de S. Paulo
Sem dizer o motivo, a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) desligou sete músicos de seus quadros na segunda-feira. Destes, quatro pertenciam à Aposesp (Associação dos Profissionais da Osesp), entidade que representa os instrumentistas.
São eles: Fabio Cury (fagote), presidente; Andréa Campos Misiuk (violino), vice-presidente; Sérgio de Oliveira (contrabaixo), do conselho fiscal; e Rogério Wolf (flauta), tesoureiro.
Três deles eram chefes de seus naipes na Osesp: Cury, Oliveira e Wolf. Além deles, foram demitidos Luiz Garcia (trompa), da comissão artística da orquestra, Tânia Kier (viola) e Jefferson Collacico (contrabaixo). Os instrumentistas foram demitidos por carta assinada pelo diretor artístico e regente titular da Osesp, John Neschling. Da carta, não constava o motivo dos desligamentos.
A atual diretoria da Aposesp tomou posse em 1º de janeiro, substituindo a gestão anterior, encabeçada pelo oboísta Arcádio Minczuk, irmão de Roberto Minczuk, diretor artístico adjunto e regente associado da orquestra.
A relação da Aposesp com Neschling e Minczuk vinha atravessando períodos turbulentos. Em 10 de julho, a comissão diretora da entidade encaminhou uma carta a ambos, se queixando do "clima existente nas relações entre os músicos e os regentes, titular e adjunto, o qual frequentemente tem se caracterizado por uma acentuada percepção de baixa tolerância e aspereza no trato" que vinha sendo dispensado aos músicos por ambos. A carta foi endossada com assinaturas de 70 dos 80 integrantes da Osesp.
Na última quarta, mais um atrito: após um desentendimento com o maestro Minczuk, o oboísta Joel Gisiger foi suspenso. Para a Aposesp, o regimento da orquestra foi desrespeitado nos artigos 27 e 28 de seu capítulo quarto, pois o músico só poderia ter sido suspenso após reincidir em "falta grave", ou seja, depois de receber duas advertências por escrito. Além disso, teria direito a um prazo de cinco dias para defesa.
O ensaio da tarde de quarta-feira foi cancelado. No dia seguinte, contudo, a Osesp aceitou ensaiar. Gisiger redigiu uma carta assumindo a responsabilidade pelo incidente e eximindo Minczuk de culpa. O caso parecia encerrado.
Porém, no ensaio desta segunda, registrado, segundo os instrumentistas, com câmeras de vídeo, o maestro Neschling disse que tomaria "medidas drásticas" contra a insubordinação da Aposesp, que, para ele, colocava "em risco" a sobrevivência da orquestra.
No mesmo dia, os sete músicos foram demitidos. A orquestra continua ensaiando para o concerto desta quinta e sábado, com a presença de câmeras de vídeo, segundo musicistas que pediram para não serem identificados. Eles descrevem o clima como "de intimidação". De acordo com eles, a segurança em torno da Sala São Paulo foi reforçada.
Após seu desligamento, os músicos demitidos enviaram carta à Secretaria de Estado da Cultura, relatando sua versão dos fatos. "É doloroso admitir que as relações entre músicos e direção da Osesp encontram-se bastante deterioradas", diz o documento. Até o fechamento desta edição, a carta não havia sido respondida.
Outro lado
A assessoria de comunicação da Osesp diz que John Neschling, procurado pela Folha desde as 18h15 de segunda-feira até o fechamento desta edição, não foi localizado. A assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Cultura afirma que as demissões são assunto interno da orquestra e que o secretário Marcos Mendonça não vai interferir.
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