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24/08/2001 - 15h35

Baz Luhrmann encerra trilogia da cortina vermelha com "Moulin Rouge"

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FRANCESCA ANGIOLILLO
da Folha de S. Paulo

O cineasta australiano Baz Luhrmann, 38, avisa: é agora que cai o pano.
Com "Moulin Rouge", que estréia hoje no Brasil, o diretor de "Vem Dançar Comigo" (1992) e "Romeu+Julieta" (1996) fecha sua trilogia "red curtain" (literalmente, cortina vermelha), como chama seus três primeiros longas.

"Não quer dizer que não faça outro musical, mas não será o próximo", disse o diretor, em entrevista, no Rio, onde esteve para explicar à imprensa local a feérica colagem de referências do longa.

Como para Luhrmann uma trama fácil serve melhor ao gênero, "Moulin Rouge" volta à história de amor impossível entre o jovem romântico -aqui, o poeta Christian (Ewan McGregor)- que cai por uma mulher que vende o corpo e morre de tuberculose -Nicole Kidman, na pele de Satine.

Quando notam, estão à beira do abismo (já ouvimos isso antes).

"Na semântica da cortina vermelha, é crucial saber antes o final. O que interessa é como se conta a história." Com isso, explica o uso do flashback.

Na voz de seu poeta desolado, Luhrmann reconta a história tão revisitada -inclusive em "A Dama das Camélias", de Dumas, um dos romances que Luhrmann pesquisou e assume como fonte.

Outra inspiração é o mito de Orfeu, em que o personagem vai buscar sua amada morta, Eurídice, e para isso desce ao inferno.

Inferno que Luhrmann traduziu como a casa parisiense que lançou o cancã para o mundo e se eternizou em pinturas de Toulouse-Lautrec -que, por sinal, feito personagem encarnado por John Leguizamo, é o introdutor de Christian ao Moulin Rouge.

Na primeira vez em que eles vão à boate, a impressão é realmente infernal. Ué, onde está o tal do cancã? É o primeiro susto: pernas para o ar, cores fortes e a música... "Smells like Teen Spirit". Sim, Nirvana em Paris, 1889.

"Tentamos transportar a verdadeira verdade, que é a das sensações. O cancã era uma dança violenta, sexy, perigosa. Tarã-tã-ran-ran... não é violento. Nem sexy. Nem perigoso. É bobo, somente. Estar no Moulin Rouge era como estar em uma boate muito louca."

A participação da música é a parte mais importante do "como contar a história" aqui defendido.

Nos filmes anteriores, escritos (como este) por Luhrmann em parceria com Craig Pearce, ela era um ponto forte. Mas em nenhum deles tinha tal preponderância.

Entenda-se a colagem, mencionada parágrafos acima, literalmente: a dupla chegou ao ponto de construir diálogos inteiros só com cacos de canções pop.

O estratagema atinge o ponto alto na cena em que Ewan McGregor e Nicole Kidman debatem as possibilidades de seu romance (sim, eles cantam, e até bem).

O resultado encontra eco imediato na platéia, que morre de rir ao reconhecer "All You Need Is Love", dos Beatles, ao lado de "One More Night", de Phil Collins; "Heroes", de David Bowie, justaposta a "I Will Always Love You", escrita por Dolly Parton e entoada por Whitney Houston em "O Guarda-Costas".

Para uns, sacrilégio. Não é como Luhrmann vê a coisa. "São canções que sobreviveram igualmente no tempo e no espaço."

"É uma tendência dos musicais que o público tenha uma relação preexistente com a música."

Além disso, explica, usar suas próprias palavras não ajudaria o público a compreender, sem esforço, que Christian é um poeta muito talentoso. Pearce e Luhrmann poderiam fazer melhor, justifica, que Lennon e McCartney, de talento indiscutível?

O que ele queria era sacudir a platéia, para o bem ou para o mal: "Ela não pode ficar passiva".

A jornalsta Francesca Angiolillo viajou a convite da Fox Films
 

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