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21/09/2001 - 10h47

Grupo islandês Sigur Rós quer ser avaliado no Brasil

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CLAUDIA ASSEF
da Folha de S.Paulo

Um CD ao vivo do grupo islandês Sigur Rós havia acabado de chegar à redação do jornal na manhã do dia 11 de setembro. Dia 11 de setembro, o dia do massacre de Nova York. Enquanto assistia pela TV às cenas mais desconcertantes, o CD do Sigur Rós rodava no discman.

O som etéreo, angelical e lento embalou o desfalecimento do World Trade Center. A ternura do Sigur Rós acompanhou a queda das torres. A coincidência surrealista: havia acabado de ler um texto da revista inglesa "Melody Maker" dizendo que Sigur Rós soava "como se Deus estivesse chorando, lá do Céu". Não vai sair da cabeça, jamais.

O som desses quatro jovens islandeses, que têm em média 25 anos, sempre vai ser para mim a trilha sonora do fim do mundo. Ou, se você preferir, numa visão mais feliz, a do começo do mundo, do Big Bang em si. Exagero? Pode ser, mas a verdade é que não dá para ouvir Sigur Rós e não pensar em algo extremo.

Em disco, você vai poder avaliar em outubro, quando a gravadora Trama lança no país "Ágaetis Byrjun", o segundo CD do grupo.
Ao vivo, o que promete ser uma experiência, você vai poder vê-los em 26 de outubro, no Rio, e no dia seguinte, em São Paulo, dentro da noite pop rock do Free Jazz.

Os shows da banda costumam dividir opiniões. Uns amam, outros detestam. Afinal, não é todo dia que um grupo de pop rock, que se apresenta com instrumentos convencionais, extrai sons que mais parecem mantras, cantados numa língua inventada por eles mesmos, o "hopelandish".

Só que, com o Sigur Rós, o improvável aconteceu. Alternando letras em "hopelandish" e em islandês, tocando guitarra com arco e utilizando vocais como um instrumento a mais, a banda vendeu mais de 300 mil cópias de "Ágaetis Byrjun".

Nas entrevistas que têm dado a jornais e revistas de música importantes mundo afora, a maior parte dos quais os colocando como autênticos salvadores da lavoura pop, o grupo é reticente ao falar da própria música.

Em entrevista exclusiva à Folha, o baterista Orri, 25, usou da mesma reserva para falar sobre os shows no Brasil.

"Convido os brasileiros a assistir nossas apresentações e a tirar suas próprias conclusões sobre a música do Sigur Rós", disse Orri, num inglês quase infantil, por telefone, de Toronto, Canadá, onde tocaram na última quarta.

Leia, a seguir, trechos da entrevista com o músico.

Folha - O Sigur Rós tem sido apontado como a próxima aposta do pop mundial. Até dois anos atrás, vocês só tocavam em bares de Reykjavík [capital da Islândia]. O que vocês estão achando dessa nova realidade?
Orri -
Acho legal que as pessoas tenham descoberto nossa música. Quando resolvemos formar a banda, há uns quatro anos, a idéia era que nossos discos viajassem o mundo. Mas não esperávamos que a coisa toda fosse acontecer com essas dimensões.

Folha - Você está dando entrevista para um jornal do Brasil. Gente do mundo todo tem procurado vocês, não?
Orri -
Tem sido maluco, sim. Não sei o que acontece. Não acho que nosso som seja tão especial assim. Acho bom que as pessoas gostem da nossa música. Estamos em paz com isso. Mas ainda preferiria que ouvissem mais nossos discos e publicassem menos as nossas fotos.

Folha - Vocês não querem aparecer? São jovens e bonitos... e envergonhados?
Orri -
[Longa e nervosa risada]. Obrigado.

Folha - O que vocês esperam encontrar no Brasil?
Orri -
Adoro futebol, quero ver algum jogo. E gostaria de conhecer o Max Cavalera porque sempre fui muito fã do Sepultura.

Folha - Que tipo de som influenciou o Sigur Rós?
Orri -
Velhos discos de música hippie... talvez o Led Zeppelin.

Folha - Nossa, mas o som do Sigur Rós é tão calmo...
Orri -
É, acho que fazemos o som que ouvimos na nossa alma. Mas adoro Led Zeppelin.

Folha - Vocês estão gravando um disco novo, não?
Orri -
Sim, deve ficar pronto só no ano que vem. Mas dá para dizer que vai ser diferente de tudo o que já fizemos.
 

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