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26/09/2001 - 15h31

Ópera "Carmen" põe a mítica mulher fatal no centro da ação

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JOÃO BONTURI
especial para a Folha Online

Liberdade, paixão, amor, ciúmes e morte são os ingredientes de "Carmen", ópera em quatro atos de Georges Bizet, que entra em cartaz hoje, no Teatro Alfa Real, em São Paulo.

No libreto, Meilhac e Halévy transformam Carmen em centro da ação. O arqueólogo e o marido de Carmen desaparecem do enredo, enquanto o picador Lucas, figura que no conto sequer fala, é substituído pelo toureiro Escamillo, que completa o triângulo amoroso com Carmen e Don José.

O primeiro crime de Don José, cometido em Navarra, é sutilmente sugerido num dos diálogos que pontilham a ópera, e o assassinato do oficial dos Dragões é transformado numa detenção na taverna de Lillas Pastia.

Mesmo com a suavização das atitudes dos personagens, a trama foi considerada imoral pela censura. Carmen não podia ficar soberana no palco como uma feiticeira que desviava os homens do bom caminho. Para que a ópera passasse pela censura, os libretistas criaram Micaela, símbolo da mulher pura e dos laços familiares cujas virtudes são opostas aos hábitos marginais da cigana.

Bizet escreveu para Micaela e Don José o dueto "Parle moi de ma mére" (Fale-me sobre minha mãe), em que predomina uma linha melódica suave, oposta à música irriquieta e sensual de Carmen.

No conto, por ciúmes de Carmen, Don José assassina o oficial dos Dragões. Para não ser preso, deserta da tropa e foge para as montanhas, onde se torna contrabandista, atividade com a qual Carmen já estava envolvida.

Na ópera, Carmen seduz Don José e induz a sua deserção, exaltando a vida errante como a verdadeira liberdade, levando-o à deserção. Nas montanhas, Carmen declara que não o ama mais.

Fora da lei e sem o prometido amor, Don José é dominado pela paixão e pelos ciúmes. Micaela surge em cena nas montanhas e o arrasta para ver a mãe. Na despedida, promete a Carmen que retornará.

No conto, Don José fica sabendo que Carmen tem um marido na prisão. Quando ele é solto, após juntar-se ao bando, Don José o liquida depois de uma discussão. Carmen vai para a cidade, onde conhece Lucas, o picador (auxiliar do toureiro na arena). Don José encontra Carmen e a liquida num local afastado, entregando-se depois à polícia.

Na ópera, Don José encontra Carmen envolvida com o toureiro Escamillo. Enquanto ocorre a tourada na arena, os dois discutem fora da praça. Don José mata Carmen no mesmo momento em que Escamillo mata o touro e o público explode em aplausos. Ele clama pela própria prisão, mas não se sabe o seu destino final.

A ópera ressalta o caráter sedutor, independente e libertário de Carmen, deixando a degradação de Don José em plano inferior.

Aspecto popular

A consequência musical de Carmen é arrebatadora. A abertura, os entreatos e várias árias, também executados em forma de suíte (extrato de vários trechos de uma obra, executados num arranjo orquestral), frequentam qualquer boa coleção de discos. Entre as árias destacam-se:

  • Habanera -"L'Amour Est Un Oiseau Rebelle" (O amor é um pássaro rebelde)


  • Carmen, rodeada por admiradores, afirma a sua liberdade para escolher seus amores. Na cena ela olha maliciosamente para Don José.

  • Seguidilla - "Prés des Remparts de Seville" (Nos arredores de Sevilha)


  • Carmen, presa sob a guarda de Don José por ter brigado com Manuelita na fábrica de tabaco, propõe um encontro com ele numa taberna fora de Sevilha, caso ele afrouxasse a corda que a amarrava e permitisse sua fuga.

  • Canção do Toureiro - "Votre Toast Je Peux Vous le Rendre", com o refrão "Toréador en Garde"


  • Depois de "Largo al Factotum", de "O Barbeiro de Sevilha", é a mais conhecida das árias de barítono. No Brasil, nos anos 60, o refrão foi transformado em trilha de um comercial que ia ao ar na TVdurante o programa "Repórter Esso".

  • Canção da Flor - "La Fleur Que Tu M'Avais Jetée" (A flor que você jogou em mim)


  • É a rendição de Don José perante Carmen. Ele é soldado, ela, marginal, mas ele não resiste aos seus encantos, perde os escrúpulo e se entrega ao destino.

    O quê: Ópera Carmen, de Bizet
    Direção musical e regência: Jamil Maluf
    Direção cênica: Carla Camuratti e Hamilton Vaz Bezerra
    Com: Orquestra Experimental de Repertório, Coral Paulistano e Coral Infantil Eco
    Cenários: J.C. Serroni
    Figurinos: Fábio Namatame
    Onde: Teatro Alfa Real (rua Bento Branco de Andrade Filho, 722, São Paulo)
    Quando: dias 26 e 27 de setembro e 2, 3, 5 e 6 de outubro, às 20h30. Domingo, 30 de setembro, às 17h
    Quanto: Ingressos a partir de R$ 40.
    Informações: 0/xx/11/5693-4000

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