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03/12/2001
-
04h19
CASSIANO ELEK MACHADO
da Folha de S.Paulo
Tem produto fresquinho no mercado das letras. Tem 204 páginas, custa R$ 29 e é de autoria de Marisa Lajolo e Regina Zilberman. E por que esses detalhes antes da apresentação do conteúdo do livro em questão? Porque são exatamente esses os elementos que ele traz para as prateleiras.
"O Preço da Leitura", que a dupla de pesquisadoras lança hoje em São Paulo, vai por um caminho muito pouco trilhado nos estudos literários, a idéia de que o autor de um livro é também o produtor de uma mercadoria.
"Literatura é mercadoria e, como mercadoria, tem um preço e está sujeita a leis de mercado, como vários outros produtos", explica Marisa Lajolo, professora da Unicamp e "produtora" de uma dezena de livros.
Para esmiuçar a dimensão econômica da criação literária, as autoras percorrem toda a trajetória da escrita, desde os tempos do pergaminho até a internet.
Nessa viagem, as principais escalas são feitas em questões como os diferentes modos como o autor foi remunerado pelo que criou, com destaque para a revolução representada pela criação de mecanismos legais para demarcar a propriedade literária.
O chamado direito autoral só nasce em 1710, quando o parlamento inglês promulga o documento conhecido como "Estatuto de Ana", que define que: "...O autor de qualquer livro ou livros já impressos (...) terá o direito exclusivo e liberdade de imprimi-los pelo prazo de 21 anos".
"A Inglaterra foi a pioneira na questão dos direitos autorais. Portugal, e por consequência também o Brasil, foi dos mais atrasados", diz Lajolo.
Se "O Preço da Leitura" parte das questões envolvendo autor, propriedade e valor em âmbito mundial, o Brasil é sempre o foco final da pesquisa.
As autoras trabalham detalhadamente, por exemplo, a relação entre brasileiros e portugueses nas demarcações do território literário e editorial, enfatizando o momento (tardio, diga-se) em que Portugal autoriza a impressão na colônia, com a vinda da família real ao Brasil, em 1808.
"Uma das nossas grandes descobertas foi a do caráter conflitivo das relações culturais entre Brasil e Portugal no século 19. Encontramos uma série de evidências de que o Brasil era o grande mercado do autor português", conta Lajolo. "Isso permite que se possa reequacionar as discussões de influências entre a literatura produzida no Brasil e em Portugal."
Entre os achados do livro também está a pesquisa sobre a formação de associações de escritores no Brasil para conseguir implementar leis que os favorecessem. "Poucos sabem, mas a criação da Academia Brasileira de Letras, hoje tida como conservadora e honorífica, é ligada a esse ideal."
"O PREÇO DA LEITURA"
Autoras: Marisa Lajolo e Regina Zilberman
Editora: Ática
Lançamento: hoje, 18h30
Onde: livraria Cultura (av. Paulista, 2.073, tel. 0/xx/11/3285-4033, São Paulo)
Livro detalha as dimensões econômicas da criação literária
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da Folha de S.Paulo
Tem produto fresquinho no mercado das letras. Tem 204 páginas, custa R$ 29 e é de autoria de Marisa Lajolo e Regina Zilberman. E por que esses detalhes antes da apresentação do conteúdo do livro em questão? Porque são exatamente esses os elementos que ele traz para as prateleiras.
"O Preço da Leitura", que a dupla de pesquisadoras lança hoje em São Paulo, vai por um caminho muito pouco trilhado nos estudos literários, a idéia de que o autor de um livro é também o produtor de uma mercadoria.
"Literatura é mercadoria e, como mercadoria, tem um preço e está sujeita a leis de mercado, como vários outros produtos", explica Marisa Lajolo, professora da Unicamp e "produtora" de uma dezena de livros.
Para esmiuçar a dimensão econômica da criação literária, as autoras percorrem toda a trajetória da escrita, desde os tempos do pergaminho até a internet.
Nessa viagem, as principais escalas são feitas em questões como os diferentes modos como o autor foi remunerado pelo que criou, com destaque para a revolução representada pela criação de mecanismos legais para demarcar a propriedade literária.
O chamado direito autoral só nasce em 1710, quando o parlamento inglês promulga o documento conhecido como "Estatuto de Ana", que define que: "...O autor de qualquer livro ou livros já impressos (...) terá o direito exclusivo e liberdade de imprimi-los pelo prazo de 21 anos".
"A Inglaterra foi a pioneira na questão dos direitos autorais. Portugal, e por consequência também o Brasil, foi dos mais atrasados", diz Lajolo.
Se "O Preço da Leitura" parte das questões envolvendo autor, propriedade e valor em âmbito mundial, o Brasil é sempre o foco final da pesquisa.
As autoras trabalham detalhadamente, por exemplo, a relação entre brasileiros e portugueses nas demarcações do território literário e editorial, enfatizando o momento (tardio, diga-se) em que Portugal autoriza a impressão na colônia, com a vinda da família real ao Brasil, em 1808.
"Uma das nossas grandes descobertas foi a do caráter conflitivo das relações culturais entre Brasil e Portugal no século 19. Encontramos uma série de evidências de que o Brasil era o grande mercado do autor português", conta Lajolo. "Isso permite que se possa reequacionar as discussões de influências entre a literatura produzida no Brasil e em Portugal."
Entre os achados do livro também está a pesquisa sobre a formação de associações de escritores no Brasil para conseguir implementar leis que os favorecessem. "Poucos sabem, mas a criação da Academia Brasileira de Letras, hoje tida como conservadora e honorífica, é ligada a esse ideal."
"O PREÇO DA LEITURA"
Autoras: Marisa Lajolo e Regina Zilberman
Editora: Ática
Lançamento: hoje, 18h30
Onde: livraria Cultura (av. Paulista, 2.073, tel. 0/xx/11/3285-4033, São Paulo)
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