Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
05/12/2001 - 03h58

Maior acervo sobre Monteiro Lobato é doado à Unicamp

Publicidade

CASSIANO ELEK MACHADO
da Folha de S.Paulo

Sem necessidade de pó de pirlimpimpim nem reinação de Narizinho, o maior acervo existente sobre Monteiro Lobato mudou de endereço. Tudo o que resta do arquivo de uma das grandes personalidades da história da cultura brasileira ganha, a partir de hoje, um novo "sítio".

A Universidade Estadual de Campinas, a Unicamp, recebe oficialmente, às 16h de hoje, da neta do escritor Joyce Campos Kornbluh o acervo Monteiro Lobato.

As centenas de cartas, fotografias, recortes de jornal, desenhos e aquarelas, livros e objetos variados do criador do "Sítio do Picapau Amarelo", nascido em 1882 em Taubaté (SP) e morto em 1948, em São Paulo, foram cedidas em comodato para a universidade.

Em cinco anos, se não houver nenhuma desavença entre a família de Lobato e a Unicamp, o material fica em definitivo para a instituição, no interior paulista.

"É um acervo precioso, o maior arquivo de e sobre Monteiro Lobato. Contém desde objetos curiosos e sugestivos como leques e adornos da mulher de Lobato até uma papelada preciosíssima", afirma Marisa Lajolo, professora de literatura da Unicamp.

A opinião é compartilhada pelo produtor cultural Vladimir Sacchetta, um dos autores da grande biografia do escritor no mercado. "Essa doação deve ser festejada. O arquivo vai estar em mãos do grupo que, animado por Marisa Lajolo, se tornou o mais produtivo sobre a obra de Lobato", diz o autor de "Monteiro Lobato - Furacão na Botocúndia" (Senac), que pesquisou boa parte do material para fazer a biografia.

O Centro de Documentação Alexandre Eulálio (Cedae), órgão da universidade responsável pelo acervo, já tinha outro arquivo de grande porte de documentos lobatianos, comprado da família de um colecionador de Santos (SP).

O trabalho feito com esse arquivo e as atividades de pesquisa coordenadas por Lajolo, autora de "Monteiro Lobato - Um Brasileiro sob Medida" (ed. Moderna), "seduziram" a família do escritor a deixar lá o acervo. "A culpa é toda da Marisa", brinca Jorge Kornbluh, diretor da Monteiro Lobato Licenciamentos.

A organização de todo o arsenal de Monteiro Lobato arquivado na Unicamp só deve estar disponível ao público na metade de 2003. Uma amostra saborosa do acervo, porém, estará na universidade de hoje até sexta-feira.

"Resolvemos privilegiar a diversidade do trabalho de Lobato", explica Flávia Carneiro Leão, supervisora do Cedae. "Exibiremos desde cartas trocadas com Erico Verissimo e Belmonte até originais do conto "Cruz Vermelha", que acreditamos ser inédito."

Outro destaque da miniexposição é a correspondência de Lobato com os escritores Oswald e Mário de Andrade, que ajuda a revelar o ambiente de tensões e distensões que havia entre o intelectual e os modernistas, tema de diversas teses acadêmicas.

Não serão as únicas cartas à mostra. Também estará exposta parte da correspondência amorosa de Lobato. São cartas trocadas entre o escritor e Purezinha, que viria a ser sua mulher, escritas entre 1906 e 1908, ano do casamento.

Os "torpedos" estão ilustrados na mostra por uma fotografia que o escritor fez da mulher, por um desenho do rosto dela feito em bico-de-pena e pela exposição de um leque que Lobato fez, pintou e deu de presente a ela.

Galanteios à parte com Purezinha (responsável pela organização do acervo de Lobato), também estão exibidos alguns lados menos "famosos" do escritor. Há muito pouco do autor infantil e bastante de outras áreas de atuação, como a fotografia e a pintura.

A mostra traz uma aquarela que o escritor fez quando morou em Nova York ao lado de outra feita no interior de São Paulo. "É incrível como ele tem o mesmo modo de reproduzir esses cenários tão diferentes", opina Carneiro Leão. Surpresas como essa devem continuar nascendo. O material do arquivo é vasto. "Preenchia uma velha mala de couro do escritor e mais de uma dezena de caixas e engradados", diz a pesquisadora.

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página