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11/02/2002 - 17h26

89 FM denuncia irregularidades da Kiss e tira concorrente do ar

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LAURA MATTOS
da Folha de S.Paulo

Ouvintes da Kiss FM (102,1 MHz) se irritaram na semana passada tentando sintonizar a emissora, que estava fora do ar desde terça-feira. Teriam ficado ainda mais irritados se soubessem o motivo: a "classic rock" é uma concessão do interior de São Paulo e não tem permissão do governo para se instalar na capital.

A FM foi lacrada na última terça-feira pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). Segundo a assessoria de imprensa da agência, a Kiss é uma concessão de Arujá (a 38 km da capital) e não pode se instalar em São Paulo. Além da localização, a rádio estaria operando em condições técnicas ilegais, interferindo na frequência usada pela Aeronáutica.

A Kiss está instalada em um prédio da avenida Paulista. Em janeiro, houve inauguração de uma nova sede, que contou com a presença do governador Geraldo Alckmin (PSDB). Na noite de sexta-feira, a FM conseguiu voltar ao ar por meio de uma liminar.

O fechamento da emissora tem um bastidor que envolve desentendimento entre sócios e disputa por audiência. A denúncia à Anatel foi feita por empresa proprietária da 89 FM, segundo o auto de infração, obtido pela Folha. A chamada "rádio rock" tem perdido ouvintes para a "classic rock", que concentra a maior parte da audiência nas classes A e B.

José Ernesto Camargo, proprietário da 89 FM, é sócio de Paulo de Abreu, dono da Kiss, em uma torre da avenida Paulista -onde estão instaladas antenas de transmissão- e na Alpha FM (101,7 MHz). Depois de um desentendimento, Camargo decidiu denunciar Abreu à Anatel.

A disputa entre as FMs do rock está prestes a envolver seus ouvintes. Na noite de sexta-feira, a direção da Kiss havia redigido um comunicado falando sobre a lacração da Anatel que enviaria a 30 mil fãs da emissora cadastrados pela internet. Esperava apenas decisão judicial para voltar ao ar.

No texto acusa a 89 FM de não restringir a disputa por audiência à programação. Alguns ouvintes da "classic rock" que ligaram para a emissora e souberam da denúncia da 89 FM enviaram e-mails ameaçando fazer protesto na porta da "rádio rock", também na Paulista.

Camargo nega que a disputa seja por audiência. Diz que os públicos das FMs são diferentes e que a intenção da denúncia foi organizar o dial de São Paulo, "prejudicado por rádios irregulares".

A 89 FM também não é da capital. É uma concessão de Osasco (a 18 km de São Paulo), mas, segundo Camargo, tem autorização do Ministério das Comunicações para operar na capital. A Anatel, procurada pela Folha durante três dias, não deu informações sobre a situação de outras FMs.

A Kiss FM faz parte do grupo CBS (Comunicações Brasil Sat), que inclui várias emissoras de rádio, propriedade de Paulo de Abreu. A "classic rock" saiu do ar pela primeira vez em novembro de 1999 para dar espaço à Mundial, emissora esotérica do mesmo empresário. Voltou em julho do ano passado, reformulada e em outra frequência, a 102,1, antes usada pela Scalla, outra FM do grupo, que agora está fora do ar.

Disputa pop

As disputas entre Camargo e Abreu não ficaram apenas no "mundo rock". O dono da 89 é proprietário também da popular Nativa FM (95,3 MHz). Por meio dessa emissora, denunciou a Tupi FM (104,1 MHz), sua concorrente e outra propriedade de Abreu.

A sertaneja Tupi, de Guarulhos (a 15 km de São Paulo), foi lacrada também na terça-feira passada e ficou fora do ar. No último relatório do Ibope, a Nativa estava em quinto lugar de audiência e a Tupi, em sexto.

Paulo de Abreu foi procurado pela Folha durante três dias. A reportagem também entrou em contato com o escritório do grupo CBS e solicitou entrevista com advogados da empresa. Nos dois casos, não houve resposta.
 

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