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12/02/2002 - 09h47

Mestre Salu é homenageado no Festival Rec Beat e lança CD

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RODRIGO DIONISIO
Enviado especial da Folha a Recife

A época do Carnaval no Recife (PE) é marcada por uma impressionante confluência de ritmos e estilos musicais. Literalmente, ao dobrar cada esquina do centro antigo, passa-se do frevo ao maracatu, do coco ao forró, e até, acredite, do rock de Marilyn Manson ao rap dos Racionais MC's.

São blocos, caixas de som em portas de bares, velhas "jukebox" alimentadas por fichas. Mas essa salada aparentemente disforme, e formidável, tem seu mestre proclamado quando se fala do som de raiz pernambucano: Manuel Salustiano Soares, 56, o mestre Salu, morador da cidade vizinha de Olinda.

"Toda a atividade popular é comigo. Eu lido com maracatu, cavalo-marinho, ciranda, coco, forró pé-de-serra. Não sou um mestre limitado; 90% dos outros ficam só no maracatu e vivem de Carnaval em Carnaval", afirma o tocador de rabeca, que será homenageado hoje no Festival Rec Beat.

Em 2002, Salu comemora 50 anos de carreira e, além de receber uma série de homenagens, lança um trabalho para registrar a forte linhagem musical de sua família. O CD "Três Gerações Salustiano" reúne os tempos da árvore genealógica do mestre em torno dos sons da tradição.

Do passado, João Salustiano, 86; do presente, o próprio Salu; do futuro, Maciel Salu, 26, Saluzinho, 23, e Dinda Salu, 13. Pai, filho e netos tocando juntos os ritmos que inspiraram grupos como Nação Zumbi e Mundo Livre S/A.

O CD foi lançado ontem, durante um encontro de maracatus que reuniu 87 grupos, sob o comando do Salu. É o quarto registro fonográfico da obra do músico. O anterior, "Cavalo-Marinho da Família Salu", saiu no Natal de 2001.

O local escolhido para o lançamento de "Três Gerações" foi a Uilumiara Zumbi, fundação criada pelo escritor Ariano Suassuna e ponto de encontro de músicos tradicionais. O espaço fica próximo da casa de Salu, uma pequena propriedade na qual está sendo criada a Casa da Rabeca. "Será a primeira do Brasil", informa Salu.

Lá serão realizados aos domingos, das 9h às 18h, o Encontro da Sanfona e da Rabeca. "Só vai vir fera aqui, e eu como carro-chefe com a minha rabeca endiabrada."

Além de música, os visitantes poderão experimentar um cardápio composto por galinha-de-capoeira na brasa com macaxeira e bode na brasa. Serão cobrados R$ 5 por visitante. "Eu não vou pegar isso para comer, é para investir na cultura, pela qual nem se deveria pagar, já que é um direito adquirido. Mas tem apoio para tudo na vida, menos para a cultura popular", diz Salustiano.

Na lista de homenagens aos 50 anos de carreira do músico, uma série de shows vêm sendo realizados, incluindo alguns do próprio Salustiano. Ele afirma que foi escolhido inclusive como tema de toda a programação de Carnaval da cidade de Pau d'Alho, interior de Pernambuco. "Não é mais do que o merecido", afirma, enfático.

Uma das homenagens finais deste Carnaval acontece hoje, no Recife, no último dia da sétima edição do Festival Rec Beat, com o maracatu Piaba de Ouro reverenciando seu criador. A apresentação, com a presença de Salu, está marcada para as 19h30.

As outras atrações do festival hoje são o grupo Alpha Petulay, do Congo (20h15), a cantora paulista Fernanda Porto (21h), a banda Para Mateuz Poder Dançar, de Pernambuco (22h05), o grupo paulistano Trio Mocotó (23h05), e os pernambucanos do Cordel do Fogo Encantado (0h20). Este último programou a apresentação de cinco músicas que estarão em seu próximo CD.

O Rec Beat contou com uma programação de quatro dias, entre sábado e hoje, e a presença de 32 atrações, entre os shows do palco principal e da tenda Mangue Town, de música eletrônica.
 

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