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26/04/2002
-
04h50
LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
da Folha de S.Paulo
Você tem de fazer uma escolha na vida: ser um jogador ou um crupiê. Jack Manfred (Clive Owen) escolhe a última: "Eu jamais aposto", diz. Não do jeito tradicional, em cassinos. Apenas na vida pessoal. Decide largar tudo para se tornar escritor. Mas não encontra inspiração senão em sua experiência de crupiê. Então volta às mesas de jogo.
Heterogênea, a carreira do inglês Mike Hodges, 69, abarca longas como "Carter, o Vingador" (71) e "Flash Gordon" (80). "Cada filme tem sua identidade. Nisso se esconde meu padrão", justifica.
Folha - Como você definiria seu filme? É apenas sobre jogatina?
Mike Hodges - É um suspense diferente. É quieto, paradão, frio. O protagonista é seu confidente, mas você o conhece? O filme não é sobre jogatina e, ao mesmo tempo, é. Talvez seja sobre tudo. Ele destrói a ilusão de uma certeza pela qual todos suplicamos. Nada é certo. Você nunca sabe em que número a bola vai parar.
Folha - Como construiu a atmosfera do cassino?
Hodges - O cassino foi feito num estúdio na Alemanha. Usei muitos espelhos para criar uma sensação de incerteza. Tudo num cassino -como na vida- é trapaça.
Folha - O que você acha do modo como vivemos hoje?
Hodges - O mundo está cada vez mais parecido com um cassino. Após ver o filme, ouvirá o som da roleta girando em todo lugar.
Folha - Por que Jack se descreve na terceira pessoa? É um jeito de caracterizá-lo como observador?
Hodges - O personagem sobre o qual ele está escrevendo começa a dominá-lo, e realidade e ficção viram uma coisa só. Mesmo quem não deseja ser escritor quer ser outro alguém em algum ponto.
Folha - O que você acha das produções britânicas no cinema?
Hodges - Quase nenhum filme inglês me apetece. Mas isso se deve, provavelmente, à familiaridade que encontro neles. Estou mais interessado em outras culturas.
CRUPIÊ
Croupier
Direção: Mike Hodges
Produção: França/Alemanha/Irlanda/Inglaterra, 98
Com: Clive Owen
Quando: a partir de hoje no Belas Artes, Metrô Santa Cruz e Unibanco Arteplex
Mike Hodges usa espelhos para retratar a vida como uma trapaça
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da Folha de S.Paulo
Você tem de fazer uma escolha na vida: ser um jogador ou um crupiê. Jack Manfred (Clive Owen) escolhe a última: "Eu jamais aposto", diz. Não do jeito tradicional, em cassinos. Apenas na vida pessoal. Decide largar tudo para se tornar escritor. Mas não encontra inspiração senão em sua experiência de crupiê. Então volta às mesas de jogo.
Heterogênea, a carreira do inglês Mike Hodges, 69, abarca longas como "Carter, o Vingador" (71) e "Flash Gordon" (80). "Cada filme tem sua identidade. Nisso se esconde meu padrão", justifica.
Folha - Como você definiria seu filme? É apenas sobre jogatina?
Mike Hodges - É um suspense diferente. É quieto, paradão, frio. O protagonista é seu confidente, mas você o conhece? O filme não é sobre jogatina e, ao mesmo tempo, é. Talvez seja sobre tudo. Ele destrói a ilusão de uma certeza pela qual todos suplicamos. Nada é certo. Você nunca sabe em que número a bola vai parar.
Folha - Como construiu a atmosfera do cassino?
Hodges - O cassino foi feito num estúdio na Alemanha. Usei muitos espelhos para criar uma sensação de incerteza. Tudo num cassino -como na vida- é trapaça.
Folha - O que você acha do modo como vivemos hoje?
Hodges - O mundo está cada vez mais parecido com um cassino. Após ver o filme, ouvirá o som da roleta girando em todo lugar.
Folha - Por que Jack se descreve na terceira pessoa? É um jeito de caracterizá-lo como observador?
Hodges - O personagem sobre o qual ele está escrevendo começa a dominá-lo, e realidade e ficção viram uma coisa só. Mesmo quem não deseja ser escritor quer ser outro alguém em algum ponto.
Folha - O que você acha das produções britânicas no cinema?
Hodges - Quase nenhum filme inglês me apetece. Mas isso se deve, provavelmente, à familiaridade que encontro neles. Estou mais interessado em outras culturas.
CRUPIÊ
Croupier
Direção: Mike Hodges
Produção: França/Alemanha/Irlanda/Inglaterra, 98
Com: Clive Owen
Quando: a partir de hoje no Belas Artes, Metrô Santa Cruz e Unibanco Arteplex
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