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31/05/2002
-
04h03
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Folha de S.Paulo
Com vários meses de atraso em relação à estréia nos cinemas, chega às lojas agora a trilha sonora do filme "O Invasor", de Beto Brant. Quase todo calcado no hip hop, o disco tem como protagonista musical o rapper paulistano Sabotage, 29, que também atua brevemente no filme.
A trilha de "O Invasor" é, na verdade, uma coletânea de faixas já lançadas de Pavilhão 9, Tolerância Zero, Tejo, Black Alien e Speed e de artistas e grupos de fora do rap (como o titã Paulo Miklos, o "invasor" em pessoa, Professor Antena e Alec Haiat).
Sabotage aparece em cinco faixas, duas delas recolhidas de "Rap É Compromisso" (2001), seu CD de estréia. Lançado pela gravadora Cosa Nostra (dos Racionais MC's), com distribuição da Sony, seu CD andava com circulação capenga e só agora foi recolocado no mercado pela Sony, aproveitando a repercussão do filme.
Chegando a ela, Sabotage não manifesta muita confiança nas manhas da indústria musical. "No início, comecei a escrever música com uma pá de cara, e de repente comecei a ouvir as pessoas comentando que eu tinha feito música com Charlie Brown Jr., Planet Hemp, Thaíde... Eu era meio mané, nem sabia disso. Mas depois eles me pagaram, um deu R$ 1.000", conta.
E continua: "A fase de mané já passou. Hoje sou mané só de gravadora. Sem divulgar nem nada a Sony diz que vendeu 7.500 cópias, mas acho que deve ser mais".
Até chegar à tela de "O Invasor", Sabotage viveu história idêntica à da maioria de garotos pobres que hoje se dedicam ao rap. Nascido Mauro Mateus dos Santos, desde pequeno ganhou o apelido que hoje usa como artista.
"Tenho o apelido desde 81, mas agora tive que pegar uma grana com a gravadora para liberar o nome, porque já tinha gente usando. Quem deu o apelido foi meu irmão um ano mais velho, que hoje é finado. Andava muito na rua quando era criança, e meu irmão me chamava assim, dizia que "sabotagem" era um ato terrorista. Nem sabia o que era, fiquei assustado quando soube", traduz.
Dizendo compor rap há 16 anos, dá sua receita de hip hop: "Sou um ator da periferia. Vivo entre os dois lados, entre o bem e o mal. Tenho que falar disso, mas acho que tenho que ser brincalhão".
As letras não são brincadeira, no entanto, como exemplifica a faixa-título de seu CD -"O crime é igual ao rap, e o rap é minha alma", canta. Sabotage justifica a comparação, a seu modo:
"Nasci num mundo sujo, na favela do Canão, no Buraco Quente. Pequeno, vi pessoa morta na minha porta e minha mãe tentando esconder isso de mim. Não pode denunciar, senão eles vêm atrás da sua família.
O rap também tem isso. Hoje o Xis está fazendo sucesso e a galera fala mal, implica. Como diz MV Bill, um preto não quer ver outro preto bem".
Comenta, então, o caso (próximo) do pagodeiro Belo, que vem enfrentando acusações de ligação com o tráfico de drogas:
"Conheço Belo, é um cara lutador. Vem da periferia como eu, só que tem vergonha de falar o que viveu. A mãe dele mora ao lado da minha casa, e a namorada mora na Barra da Tijuca. Mas como vou julgar uma pessoa? Se ele estivesse envolvido com isso, eu ia achar que está sendo um palerma".
Por fim, comemora a experiência no cinema e diz que faria TV como Xis, se pudesse: "Para a TV eu iria sossegado, só não vou se for para ficar amarrado no tronco tomando chicotada".
Sabotage lidera trilha de "O Invasor"
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da Folha de S.Paulo
Com vários meses de atraso em relação à estréia nos cinemas, chega às lojas agora a trilha sonora do filme "O Invasor", de Beto Brant. Quase todo calcado no hip hop, o disco tem como protagonista musical o rapper paulistano Sabotage, 29, que também atua brevemente no filme.
A trilha de "O Invasor" é, na verdade, uma coletânea de faixas já lançadas de Pavilhão 9, Tolerância Zero, Tejo, Black Alien e Speed e de artistas e grupos de fora do rap (como o titã Paulo Miklos, o "invasor" em pessoa, Professor Antena e Alec Haiat).
Sabotage aparece em cinco faixas, duas delas recolhidas de "Rap É Compromisso" (2001), seu CD de estréia. Lançado pela gravadora Cosa Nostra (dos Racionais MC's), com distribuição da Sony, seu CD andava com circulação capenga e só agora foi recolocado no mercado pela Sony, aproveitando a repercussão do filme.
Chegando a ela, Sabotage não manifesta muita confiança nas manhas da indústria musical. "No início, comecei a escrever música com uma pá de cara, e de repente comecei a ouvir as pessoas comentando que eu tinha feito música com Charlie Brown Jr., Planet Hemp, Thaíde... Eu era meio mané, nem sabia disso. Mas depois eles me pagaram, um deu R$ 1.000", conta.
E continua: "A fase de mané já passou. Hoje sou mané só de gravadora. Sem divulgar nem nada a Sony diz que vendeu 7.500 cópias, mas acho que deve ser mais".
Até chegar à tela de "O Invasor", Sabotage viveu história idêntica à da maioria de garotos pobres que hoje se dedicam ao rap. Nascido Mauro Mateus dos Santos, desde pequeno ganhou o apelido que hoje usa como artista.
"Tenho o apelido desde 81, mas agora tive que pegar uma grana com a gravadora para liberar o nome, porque já tinha gente usando. Quem deu o apelido foi meu irmão um ano mais velho, que hoje é finado. Andava muito na rua quando era criança, e meu irmão me chamava assim, dizia que "sabotagem" era um ato terrorista. Nem sabia o que era, fiquei assustado quando soube", traduz.
Dizendo compor rap há 16 anos, dá sua receita de hip hop: "Sou um ator da periferia. Vivo entre os dois lados, entre o bem e o mal. Tenho que falar disso, mas acho que tenho que ser brincalhão".
As letras não são brincadeira, no entanto, como exemplifica a faixa-título de seu CD -"O crime é igual ao rap, e o rap é minha alma", canta. Sabotage justifica a comparação, a seu modo:
"Nasci num mundo sujo, na favela do Canão, no Buraco Quente. Pequeno, vi pessoa morta na minha porta e minha mãe tentando esconder isso de mim. Não pode denunciar, senão eles vêm atrás da sua família.
O rap também tem isso. Hoje o Xis está fazendo sucesso e a galera fala mal, implica. Como diz MV Bill, um preto não quer ver outro preto bem".
Comenta, então, o caso (próximo) do pagodeiro Belo, que vem enfrentando acusações de ligação com o tráfico de drogas:
"Conheço Belo, é um cara lutador. Vem da periferia como eu, só que tem vergonha de falar o que viveu. A mãe dele mora ao lado da minha casa, e a namorada mora na Barra da Tijuca. Mas como vou julgar uma pessoa? Se ele estivesse envolvido com isso, eu ia achar que está sendo um palerma".
Por fim, comemora a experiência no cinema e diz que faria TV como Xis, se pudesse: "Para a TV eu iria sossegado, só não vou se for para ficar amarrado no tronco tomando chicotada".
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