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08/07/2002
-
17h44
GUILHERME WERNECK
da Folha de S.Paulo
Quem não reclama muito da repetição da música brasileira, da preguiça das gravadoras multinacionais, das estações de rádio que tocam sempre a mesma coisa cem vezes por dia? Por outro lado, procurando um pouco, é fácil reparar que a maioria dos artistas legais está fazendo ótimos discos por gravadoras independentes.
E note que as independentes não são só aquelas bravas e românticas gravadoras microscópicas capazes de lançar o disco que você sempre sonhou e nunca achou que existisse. Hoje, no Brasil, as grandes gravadoras independentes -como a Trama e a Abril Music- já possuem estruturas quase tão completas e complexas quanto as das gigantes da indústria de discos, as famosas "majors".
Quem acompanha de perto o mercado de discos sabe que os selos independentes existem desde sempre e caminham em paralelo com as "majors". Mas também sabe que, com os avanços tecnológicos que facilitaram a gravação de um disco, houve um crescimento das pequenas gravadoras independentes, principalmente das que se dedicam a lançar discos de rock e de música eletrônica.
É justamente esse crescimento que dá a impressão de que o mercado independente vem crescendo bastante desde meados da década de 90.
Segundo Sílvio Pellacani Jr., 28, dono da Tratore, uma distribuidora criada para atender apenas ao mercado independente, "60% dos discos fabricados no Brasil hoje são independentes".
Nenhum dos outros entrevistados pelo Folhateen confirmou esse número. André Szajman, 30, presidente da Trama, estima que os independentes representem apenas 5% do mercado.
Um número bem menor do que o de mercados como o inglês e o norte-americano, cuja participação dos indies gira em torno de 25%.
Só saberemos quem está certo em relação aos números no futuro, pois nem as duas associações que reúnem gravadoras - a ABPD (Associação Brasileira dos Produtores de Discos) e a recém-criada ABMI (Associação Brasileira da Música Independente)- têm dados sobre esse mercado.
Mesmo que quantificar seja difícil, é fácil dizer que quem gosta de boa música ganha com o crescimento dos independentes. Há selos para quem é fã de MPB, de rock, de hip hop, de metal, de punk, de música experimental, de pop indie, de sertanejo, de música regional, enfim, pense num gênero ou num subgênero e logo terá inúmeros lançamentos entre os quais escolher.
Outro ponto positivo é que, em muitos casos, essas gravadoras ajudam a alimentar cenas locais, como acontece em Goiânia e em Vitória. Em Goiânia, a Monstro Discos agita a cena indie e punk. Em Vitória, a Lona Records distribui não só os seus discos como os de outros selos -o que também é feito por um sem-número de outras indies.
O que realmente precisa de um gás é a distribuição -o jeito como essa música chega até você. Mas existem perspectivas de melhora.
A criação da Tratore e o fato de a Trama querer distribuir discos de outras gravadoras independentes são bons sinais. "A distribuição é o problema de todos, mas os independentes são mais ágeis para procurar alternativas. Estão o tempo todo experimentando novos caminhos como a venda em bancas e pela internet", diz Pena Schmidt, 52, presidente da ABMI.
Gravadoras independentes aumentam e renovam a música brasileira
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da Folha de S.Paulo
Quem não reclama muito da repetição da música brasileira, da preguiça das gravadoras multinacionais, das estações de rádio que tocam sempre a mesma coisa cem vezes por dia? Por outro lado, procurando um pouco, é fácil reparar que a maioria dos artistas legais está fazendo ótimos discos por gravadoras independentes.
E note que as independentes não são só aquelas bravas e românticas gravadoras microscópicas capazes de lançar o disco que você sempre sonhou e nunca achou que existisse. Hoje, no Brasil, as grandes gravadoras independentes -como a Trama e a Abril Music- já possuem estruturas quase tão completas e complexas quanto as das gigantes da indústria de discos, as famosas "majors".
Quem acompanha de perto o mercado de discos sabe que os selos independentes existem desde sempre e caminham em paralelo com as "majors". Mas também sabe que, com os avanços tecnológicos que facilitaram a gravação de um disco, houve um crescimento das pequenas gravadoras independentes, principalmente das que se dedicam a lançar discos de rock e de música eletrônica.
É justamente esse crescimento que dá a impressão de que o mercado independente vem crescendo bastante desde meados da década de 90.
Segundo Sílvio Pellacani Jr., 28, dono da Tratore, uma distribuidora criada para atender apenas ao mercado independente, "60% dos discos fabricados no Brasil hoje são independentes".
Nenhum dos outros entrevistados pelo Folhateen confirmou esse número. André Szajman, 30, presidente da Trama, estima que os independentes representem apenas 5% do mercado.
Um número bem menor do que o de mercados como o inglês e o norte-americano, cuja participação dos indies gira em torno de 25%.
Só saberemos quem está certo em relação aos números no futuro, pois nem as duas associações que reúnem gravadoras - a ABPD (Associação Brasileira dos Produtores de Discos) e a recém-criada ABMI (Associação Brasileira da Música Independente)- têm dados sobre esse mercado.
Mesmo que quantificar seja difícil, é fácil dizer que quem gosta de boa música ganha com o crescimento dos independentes. Há selos para quem é fã de MPB, de rock, de hip hop, de metal, de punk, de música experimental, de pop indie, de sertanejo, de música regional, enfim, pense num gênero ou num subgênero e logo terá inúmeros lançamentos entre os quais escolher.
Outro ponto positivo é que, em muitos casos, essas gravadoras ajudam a alimentar cenas locais, como acontece em Goiânia e em Vitória. Em Goiânia, a Monstro Discos agita a cena indie e punk. Em Vitória, a Lona Records distribui não só os seus discos como os de outros selos -o que também é feito por um sem-número de outras indies.
O que realmente precisa de um gás é a distribuição -o jeito como essa música chega até você. Mas existem perspectivas de melhora.
A criação da Tratore e o fato de a Trama querer distribuir discos de outras gravadoras independentes são bons sinais. "A distribuição é o problema de todos, mas os independentes são mais ágeis para procurar alternativas. Estão o tempo todo experimentando novos caminhos como a venda em bancas e pela internet", diz Pena Schmidt, 52, presidente da ABMI.
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