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27/10/2002 - 02h49

A Lapa real e a da novela das 18h

ANA PAULA CONDE
Free-lance para a Folha de S.Paulo

Se alguém que nunca colocou os pés na Lapa carioca decidisse visitar o velho bairro motivado pela novela "Sabor da Paixão", poderia achar que errou o caminho. No dia-a-dia da família Coelho, um dos núcleos principais da trama das 18h da Rede Globo, o lugar é quase perfeito. Na vida real, entretanto, a coisa é bem diferente.

O antiquário Agostinho dos Santos, 50, sabe que o bairro é estilizado na TV, mas ficou tão entusiasmado com a iniciativa que promoveu, no último fim de semana, uma festa para homenagear a autora da novela, Ana Maria Moretzsohn. "O importante não é o conteúdo, mas a divulgação da área", diz.

"As pessoas que vivem aqui são pobres, temos problemas de segurança, de iluminação e de esgoto. A Globo mostra uma Lapa asséptica, parece até que o bairro fica dentro do Leblon (zona Sul)", diz a historiadora Cláudia Oliveira, 40, moradora do lugar há oito anos.

Moretzsohn, uma frequentadora dos bares e casas de shows da Lapa, não se incomoda com as críticas. "Novela é ficção, não é documentário. Não há a menor pretensão de ser fiel, apenas de ser verossímil. Pegamos a essência do bairro, em seu passado e na atualidade. Fizemos a Lapa que nós acreditamos que já existiu e que possa novamente existir. Eu quero que as pessoas se mobilizem", diz a autora.

E, realmente, há quem veja traços da Lapa do passado na novela. É o caso do aposentado Alberto Nunes Pereira, 60 anos e há 18 no bairro. "Os moradores antigos dizem que a novela tem muito da vida que eles levavam quando eram pequenos", conta.

Rafaela Pimenta, 25, moradora de um velho cortiço do bairro, acha que a novela parece ser ambientada em outro lugar. "Os personagens são muito diferentes das pessoas daqui. A vida real é muito mais dura."
 

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