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05/12/2002 - 08h10

Filme do ônibus 174 vai para Sundance com 15 minutos a menos

MARCELO BARTOLOMEI
Editor de entretenimento da Folha Online

O documentário "Ônibus 174", pretende fazer carreira no exterior. Exibido no Rio de Janeiro há oito semanas, ele estréia nesta sexta-feira, dia 6, em São Paulo, e já foi inscrito em alguns festivais internacionais.

Em Sundance, o festival independente dos Estados Unidos, foi aceito e será exibido. O diretor José Padilha pretende fazer uma versão menor para exibir no exterior, com 15 minutos a menos, mas sem cortar as cenas mais tensas do sequestro do ônibus.

Acompanhe, a seguir, trechos da entrevista com Padilha:

Folha Online - Como vai ser a carreira do filme a partir de sua estréia?

Padilha -
A gente optou por mandá-lo para três festivais, no Rio, em São Paulo e agora ele vai para Recife. Inscrevi ele em vários festivais lá fora: Sundance, Berlim, Cannes, Rotterdam e Miami. A gente entrou no Sundance, em Miami e em Rotterdam. A gente vai para o Sundance, mas a gente ainda não decidiu se vai para os outros. Em São Paulo serão quatro salas. Nossa idéia é mostrar nos festivais e, logo em seguida, estrear na cidade. Ele já estreou no Rio há oito semanas e cerca de 20 mil pessoas já o viram em apenas duas salas. É um número ótimo porque nem todo mundo se dispõe a ver um filme de 2h15min sobre violência.

Folha Online - Sobre essa sua opção de fazer um filme longo...

Padilha -
A decisão é minha e eu faço do tamanho que a história precisa ser contada. Eu não decidi fazer um filme longo, mas ele ficou longo. Eu vou diminuir o filme um pouco para distribuí-lo lá fora, para ficar com umas 2 horas. Tem algumas coisas no filme que são cortáveis sem influenciar a história. A sequência do extintor de incêndio... Não vou cortar um blocão. Eu já tenho isso pronto. No exterior, as pessoas quando vêem o filme têm um enfoque diferente porque elas não sabem o que vai acontecer no final.

Divulgação
Veja mais fotos
O ex-menino de rua Sandro do Nascimento, que sequestrou o ônibus 174 e é tema de filme; clique na foto para ver uma galeria

Folha Online - Mesmo para os brasileiros... Sabendo do final, as cenas instigam o espectador...

Padilha -
Uma das coisas que eu cortei do filme para o exterior são as pistas do que irá acontecer, de quem vai morrer ou não, para o filme ficar mais tenso. Isso valoriza o final em câmera lenta. Faz com que o cara fique travado na cadeira à espera do desfecho. Eu já passei o filme nos Estados Unidos, o Bruno Barreto organizou para mim, e os caras ficaram na ponta da cadeira esperando acontecer algo. As pessoas sabem que aquilo não é um ator representando a cena, é verdade. Quando morre uma pessoa em "Cidade de Deus", não morre ninguém. Essa é a principal diferença entre documentário e ficção.

Folha Online - Algumas cenas, especialmente as dos momentos finais do sequestro, mostram o desespero das reféns -mesmo que elas tenham fingido e colaborado com o sequestrador em alguns momentos- e chegam a chocar, como já aconteceu em várias exibições. Como você lida com a emoção do público? Você pensou, em algum momento, em poupar alguma cena?

Padilha -
Eu fiz um documentário. Existe uma questão epistemológica, que eu represento um fato real que existe por além do filme. Eu tinha que colocar todas as cenas.

Folha Online - Você acompanhou as cenas ao vivo na TV no dia do sequestro. Como isso mexeu com você na hora?

Padilha -
As cenas são fortes. Eu fiquei estarrecido, nervoso e sentado na ponta da cadeira, querendo que aquilo se resolvesse da melhor maneira possível, como todo mundo. Aquele acontecimento foi muito nervoso.

Folha Online - E o sequestro do ônibus 174 também mostrou uma mídia exploradora e aberta. Nunca havia sido transmitido um acontecimento em cenas contínuas como naquele dia. Isso ajudou o filme?

Padilha -
A mídia influenciou muito o comportamento do Sandro e da polícia. Ele avisa isso.

Folha Online - Mas as TVs não mostraram algumas falas que estão no filme...

Padilha -
É difícil para elas mostrarem isso porque elas estariam criticando a elas mesmas. Pegamos imagens da Globo, da Bandeirantes e da Record. As pessoas que estavam em volta do ônibus interferiam naquilo. Toda reportagem de televisão é sempre uma imagem com um repórter falando algo em cima da imagem. Você perde o som. As pessoas não ouviram o que o Sandro tinha a dizer nas reportagens da TV. Na minha opinião, se você coloca isso na TV, você instiga o espectador uma série de outras questões que demoram um tempo para descobrir e que não estão de acordo com a televisão.

  Veja fotos do sequestro do "Ônibus 174"

Assista ao trailer:
  • 56k | alta velocidade*

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