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16/12/2002
-
14h31
da Folha de S. Paulo
Se você costuma achar que a palavra "clássico" é daquelas que esconde um monte de poeira, vai levar um bom susto na próxima quarta-feira.
No dia, 25, chegam às telas de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília uma cópia restaurada de um clássico que retorna novinho em folha e sem cheiro de mofo.
Trata-se de "O Grande Ditador" filme dirigido e protagonizado por Charles Chaplin (1889-1977) em 1940. O lançamento coincide com os 25 anos de sua morte, em 1977.
Criador do personagem Carlitos (aquele que usa um chapéu engraçado, um bigodinho e vive se metendo em encrencas), Chaplin foi também um gênio do cinema mudo.
Enquanto não existia o som (só inventado em 1927), os atores usavam aquele gestual mais exagerado (tanto nos dramas como nas comédias). Assim, alguns deles criaram um gestual próprio e representavam com bastante ênfase no próprio corpo (as chamadas gags, ações físicas capazes de provocar o riso no espectador). Carlitos é um personagem típico dessa fase do cinema, fácil de identificar com seu jeito desengonçado, suas roupas desajustadas, a bengala girando e o rosto ingênuo.
Depois, com a chegada do som, Chaplin encarnou outros personagens, mas conservou aquela espécie de desajeito em relação ao mundo. É o que acontece em "O Grande Ditador".
Feito no auge da Segunda Guerra Mundial, antes da entrada dos Estados Unidos no conflito, o filme é uma deliciosa comédia que faz uma gozação sem fim com o ditador alemão Adolf Hitler (na época, vivo, no poder e feroz em sua política de exterminação dos judeus).
Cansado de ouvir comparações de sua imagem no cinema com a de Hitler (o famoso bigodinho, que diziam que o nazista havia copiado dele), Chaplin resolveu levar a coincidência até o fim.
Aqui, ele interpreta ao mesmo tempo o ditador Adenoid Hinkel e um barbeiro judeu, que desperta de uma amnésia e descobre que agora é mais uma das vítimas da perseguição promovida por Hinkel.
A história bem conhecida do nazismo se transforma numa grande piada, o que pode parecer estranho para quem sabe como foi terrível essa época para a Alemanha e para o mundo. Só que Chaplin não é nenhum bobo. Ele usou o cinema como arma para ridicularizar um líder político que, àquela altura, ainda recebia certa simpatia em alguns setores (nos EUA, inclusive).
Então, o Hitler/Chaplin é um bufão, alguém que se imagina tão dono do mundo quanto um idiota que brinca com um balão em forma de globo terrestre (numa das cenas mais antológicas do cinema).
Para a gente gargalhar da cara desse (e tantos outros) tirano é que foi relançado esse clássico (sem nenhuma poeira).
Cópia restaurada de "O Grande Ditador", de Chaplin, estréia dia 25
CÁSSIO STARLING CARLOSda Folha de S. Paulo
Se você costuma achar que a palavra "clássico" é daquelas que esconde um monte de poeira, vai levar um bom susto na próxima quarta-feira.
No dia, 25, chegam às telas de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília uma cópia restaurada de um clássico que retorna novinho em folha e sem cheiro de mofo.
Trata-se de "O Grande Ditador" filme dirigido e protagonizado por Charles Chaplin (1889-1977) em 1940. O lançamento coincide com os 25 anos de sua morte, em 1977.
Criador do personagem Carlitos (aquele que usa um chapéu engraçado, um bigodinho e vive se metendo em encrencas), Chaplin foi também um gênio do cinema mudo.
Enquanto não existia o som (só inventado em 1927), os atores usavam aquele gestual mais exagerado (tanto nos dramas como nas comédias). Assim, alguns deles criaram um gestual próprio e representavam com bastante ênfase no próprio corpo (as chamadas gags, ações físicas capazes de provocar o riso no espectador). Carlitos é um personagem típico dessa fase do cinema, fácil de identificar com seu jeito desengonçado, suas roupas desajustadas, a bengala girando e o rosto ingênuo.
Depois, com a chegada do som, Chaplin encarnou outros personagens, mas conservou aquela espécie de desajeito em relação ao mundo. É o que acontece em "O Grande Ditador".
Feito no auge da Segunda Guerra Mundial, antes da entrada dos Estados Unidos no conflito, o filme é uma deliciosa comédia que faz uma gozação sem fim com o ditador alemão Adolf Hitler (na época, vivo, no poder e feroz em sua política de exterminação dos judeus).
Cansado de ouvir comparações de sua imagem no cinema com a de Hitler (o famoso bigodinho, que diziam que o nazista havia copiado dele), Chaplin resolveu levar a coincidência até o fim.
Aqui, ele interpreta ao mesmo tempo o ditador Adenoid Hinkel e um barbeiro judeu, que desperta de uma amnésia e descobre que agora é mais uma das vítimas da perseguição promovida por Hinkel.
A história bem conhecida do nazismo se transforma numa grande piada, o que pode parecer estranho para quem sabe como foi terrível essa época para a Alemanha e para o mundo. Só que Chaplin não é nenhum bobo. Ele usou o cinema como arma para ridicularizar um líder político que, àquela altura, ainda recebia certa simpatia em alguns setores (nos EUA, inclusive).
Então, o Hitler/Chaplin é um bufão, alguém que se imagina tão dono do mundo quanto um idiota que brinca com um balão em forma de globo terrestre (numa das cenas mais antológicas do cinema).
Para a gente gargalhar da cara desse (e tantos outros) tirano é que foi relançado esse clássico (sem nenhuma poeira).
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